Diário de viagem: Férias sem filho

A preparação
Todo casal deve dar umas saídas (mais longas) uma vez ou outra, super saudável e blá, blá, blá, mas a verdade, ao menos aqui em casa, é que escolhemos não nos ausentar muito. Já são tantas ausências por outros motivos, que sempre decidimos ficar ou viajar juntos. Dessa vez foi diferente, três longos anos se passaram e o motivo de tomarmos essa decisão de uma viagem sem nosso pequeno você pode ler aqui.

A hora da saída

Eu prefiro achar que ele não entende tanto e nem tem muita noção de tempo, a mentira foi inocente e por uma boa causa (foi mal filho): Mamãe e papai iriam viajar para trabalhar. Expliquei que sentiríamos muita falta dele e iríamos buscar os minions, um brinquedo que ele queria, e ficou tudo bem (para ele).

Preparamos o terreno saindo com apenas com uma mala pequena (já havíamos levado as outras para o carro sem ele ver) e posso dizer que faz grande diferença. Ele chorou, mas eu chorei mais, bem mais. Choro agora ao me lembrar da cena. Não deixa de ser uma separação.

Dia 1:

Saímos no voo de segunda à noite. Na manhã do dia seguinte, ao ligar para casa, ouvi da babá que ele estava bem e nem quis ir para o nosso quarto (como faz todas as manhãs). Chorei. É lógico que eu fico feliz que meu filho esteja bem, mas eu queria que ele sentisse minha falta como eu sinto a dele.

Dia 2:

Estamos na Califórnia e passar por aqui sem ir na Disneyland é como ir à Roma e não ver o Papa. Dessa vez parecia que estávamos cometendo uma “traição”. Vir sem o pequeno foi meio dolorido e a cada brinquedo vinham exclamações do tipo “ele iria adorar”. Sem contar que estar em um local cercado por famílias e muitos pequenos não amenizou em nada a saudade. Saldo do dia, saudade ganhando por nocaute e um bocado de presentes para o pequeno.

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Dia 4:

Hoje foi o dia de relembrar um pouco do que vivemos a dois quando viajamos por essas estradas (De Los Angeles até Napa Valley) por quase cinco anos consecutivos antes da chegada do Adam. A longa viagem de carro foi divertida, conversamos muito sobre tudo e não só sobre o Adam, cultivamos o silêncio e no meio do caminho (monitorando os horários do pequeno) uma tentativa de falar ao telefone foi desastrosa. Ele não quis falar e chorou. Eu chorei e me questionei se não deveríamos fazer como muitos casais fazem e “sumir” só por uma noite ou um final de semana, ao invés de nos ausentar por tanto tempo. No final do dia recebi um vídeo que a babá fez e me acabei em lágrimas, bateu uma vontade imensa de correr para casa. #teletransportejá

Dia 5:

Acordei mais animada e curti bastante os nossos dias aqui. Foi uma delícia passear por lugares que viemos várias vezes (na última vez, Adam estava na minha barriga), jantar mais tarde e em lugares badalados e o poder acordar mais tarde! Se alguém quiser dicas de onde ir em Napa Valley é só me pedir 🙂

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Dia 7:

Bye, bye, Napa, Hello Vegas. Dia de estrada e mais estrada (9 horas no total). Tivemos tempo para conversar e aproveitei também um pouco para trabalhar enquanto meu marido dirigia. Dessa vez ao ligar para casa demos boas gargalhadas, cantamos algumas músicas e fizemos brincadeiras barulhentas que só as famílias entendem. Chegamos em Vegas já bem de noite. Quer saber como eu mato um pouquinho a saudade do pequeno? Acordando na madruga para vê-lo se arrumando para a escola (a diferença de fuso horário é de 4 horas) e no meio do dia. Para falar a verdade, sempre dava uma olhadinha (foi mal marido) ao longo do dia para acompanhar a rotina já tão conhecida.

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Dia 8: 

Hello Vegas! Marido foi trabalhar e eu fiquei fazendo NADA. Quer dizer, depois de escrever um post, olhar meus e-mails e tomar um bom café, fui bater perna, pesquisar novidades e fazer algumas compras. Ao final do dia estávamos a beira da piscina, a primeira vez que fiquei novamente de olhos fechados e só sentido o sol bater no meu rosto (depois que se tem filho a gente não faz mais isso, né?). E assim foram os dias que passamos lá, lindos, lentos e íntimos, como há muito não lembrávamos existir. A gente acha que a vida é boa e não imagina que ela pode ser melhor, às vezes a gente se acomoda e fica meio que parado, contente com o que se tem. Amor é um sentimento que não tem tamanho, quanto mais se cultiva, melhor e maior fica.

 

Dia 10:

O meu dia começou com essa foto ali embaixo. O meu filho tem a professora mais fofa do Universo e ela me mandou essa foto do primeiro passeio dele via Facebook. Como não amar? Nosso dia foi novamente na estrada, agora rumo a San Diego, para visitar minha linha afilhada. Chegamos no meio da tarde e ainda consegui buscá-la na escola.

Minha tentativa de falar com ele foi extremamente dolorosa hoje. Decidi que a partir de então, não mais pediria para falar com ele, se ele viesse, ok, caso contrário, me bastaria saber o que tinha acontecido e pronto. Chegamos ao ponto que ele sentia muito por não estarmos perto e que a menção das palavras “mamãe” e “papai” causava mais sofrimento que alegria.

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Final da viagem:

Uma delícia se sentir em casa na casa dos meus compadres. Eles e minha afilhada tornaram nossos dias ainda mais felizes. Estávamos no meio de uma rotina familiar – engraçado como a gente se acostuma com uma rotina e sente falta. Foram dias espetaculares e ensolarados com direito a passeio no Zoo. Nós dois já estávamos carentes de filho e de casa, contando os dias para voltar…

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A volta:

Mandei e-mail para a professora no dia anterior a nossa volta avisando que buscaríamos o Adam mais cedo. Chegamos em casa e foi só o tempo de desfazer as malas, tomar um banho e partir para a escola. Sabe o abraço mais apertado do mundo e sorriso de orelha a orelha? Foi assim que nos demos as boas-vindas. Abraço tamanho família no melhor estilo “jogadores de futebol” comemorando a vitória.

 

Saldo da viagem:

  • Mãe culpada, filho carente e pai saudoso.
  • Conta bancária um pouco mais magra.
  • Coração transbordando de amor.

Decidimos, eu e marido, que as viagens sem filho terão duração mais curta (máximo de uma semana), e que nossas escapadas a dois terão que ser mais frequentes para não criarmos uma “reserva carente” tão grande.

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4 Comentários

  1. 29 de Abril de 2014 at 0:08 — Responder

    Patricia!! Tudo bem?!?

    Eu fiz minha primeira viagem sem minha filha qdo ela estava com quase 3 anos, fiquei 14dias fora, falamos com ela varias vezes nas semanas anteriores e como saímos cedinho ela ainda estava dormindo, fui embora chorando e ela ficou suuuuuper bem, não liguei todos os dias pq achei q seria mais sofrido, ela não perguntou de mim nenhum dia porém qdo voltei ela ficou grudadinha umas 2 semanas pra depois voltar ao normal, hj ela tem 4 e esse ano fui novamente, fizemos o mesmo processo de ir falando pra preparar e no dia anterior ela já acordou perguntando se eu não ia viajar, “tipo, ainda está aqui??” rsrs, mais qdo chego ela fica dengosa por uns dias mesmo, e não fui pra Disney sem ela, passo do lado mais não entro, aí já eh sofrimento demais… Mês que vem ela vai comigo, aí Disney está no roteiro com certeza!! O negócio e não ficar com muita neura, eles ficam suuuuuper bem!!

    Beijos

    • Patricia
      29 de Abril de 2014 at 22:42 — Responder

      Eles sempre ficam bem, é a maior verdade. Corajosa você de sair na surdina, meu coração apertou só de pensar (risos). Aos poucos vou melhorando 😉
      Boa viagem e divirtam-se muito!

      Beijos

  2. Ursula
    29 de Abril de 2014 at 17:45 — Responder

    Ai Patricia lendo seu relato cheguei a conclusão que somos todos iguais em amor pelos filhos
    saldo de todas as viagens: muitas lágrimas (minha claro)
    Mas eu tenho meu coração acalentado pelos meus filhos ficarem com as melhores avós do mundoooo
    tenho em mente que eu PRECISO viajar uma vez ao ano só com meu marido, preciso curtir ele e ele me curtir, coisas tipo quando nos arrumamos ele me abraça e diz: nooosa que perfume bom ( é o mesmo que uso a um ano) mas quando depois de me arrumar ele tem tempo de me abraçar???? eu sempre estou correndo para arrumar um, fazer a bolsa da pequena, mandar meu filho tirar a blusa (ele sempre tem um gosto duvidoso: bermuda listrada com blusa estampada :P)
    todos os ano ficamos fora no máximo 8 dias
    esse ano acho que ficaremos 18 pois vamos a primeira vez para Europa, e não quero atropelar os lugares pois faremos 4 cidades
    sempre fomos a Buenos Aires, Califórnia e Flórida
    Amooo Las Vegas rs
    te entendo de coração que sofremos muito
    mas não desista de namorar seu marido, vá, eles estarão somente saudosos na volta e acredite o sofrimento maior é nosso
    seja feliz e faça feliz
    beijo grande

    • Patricia
      29 de Abril de 2014 at 22:39 — Responder

      Obrigada por suas palavras, ajudou a acalmar meu coração.

      Boa viagem para vocês. Beijos.

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