Você acaba de se tornar mãe e tem um bebê indefeso no colo. Apaixonada e apavorada, você quer ser a melhor mãe possível para ele. Aprende o significado de cada choro, evita o frio, alivia a cólica, antecipa a fome, aconchega e dá amor. É capaz de proporcionar tudo o que aquele pequeno ser necessita. Eficiência máxima. Qualquer outra função no mundo é menos importante do que amar e cuidar de um filho. É nele que você vê sua imagem refletida e sua realização.
Um dia, repentinamente, você se dá conta que seu filho cresceu. Ele já tem autonomia e opiniões próprias. É capaz de dizer que tem fome, que está com frio e explicar o que sente. Ele não precisa mais de todos os minutos do seu tempo. E, para seu espanto, você não sabe mais o que fazer com tantos minutos livres para si. Ao olhar para seu filho em busca de uma resposta, descobre que sua imagem não está mais ali refletida. É ele quem começa a tentar se enxergar em você, e você não tem mais tanta certeza de quem é.
Esses dois momentos podem estar separados por alguns meses, por 5, 10 ou 15 anos, mas acaba chegando a hora em que você vai desviar os olhos do seu filho e voltá-los para dentro de si, tentando entender quem você virou. Ninguém passa pela experiência da maternidade sem sofrer uma transformação. Nos grupos de mães do Facebook são infindáveis os relatos de mulheres que mudaram de carreira depois que os filhos nasceram. E mesmo que o emprego continue o mesmo, você é outra.
Dá uma vontade imensa de se redescobrir e reinventar. A maioria muda o cabelo. Mas há aquelas que mergulham em águas mais profundas e descobrem uma força e uma capacidade sem limites que nem imaginavam possuir. Essas mulheres esvaziam gavetas, jogam fora caixas e viram suas vidas de ponta cabeça, buscando um sentido maior, um amor que seja tão grande, um trabalho tão cheio de significado e realização. A maternidade traz coragem.
Não são apenas as crianças que crescem, as mães também.
*Crédito da imagem: Sukanto Debnath