Mundo Ovo

Criança independente: quanto de atenção devemos dar aos nossos filhos?


Quanto de você o seu filho precisa? A resposta é simples. MUITO.

Quando nossos filhos nascem eles precisam da gente para sobreviver. Bebês devem ser amamentados, acalentados, cuidados. Mais do que banhos diários e umas 10 fraldas ao dia, eles mamam em livre demanda, acordam e dormem a hora que querem, precisam de ajuda para virar, se desenvolver e para serem entretidos. Eles ainda precisam de amor, carinho, beijos, abraços e contato físico. Um bebê precisa de toda a nossa atenção e um bocado de trabalho braçal.

Com nosso amor, supervisão e olhar atento, nossos pequeninos vão crescendo (mais rápido do que gostaríamos) e se tornando independentes. O trabalho braçal aumenta para depois diminuir: eles brigam para calçar os sapatos, mas não conseguem; brigam para se arrumar, mas dependem da gente para acertar as mangas da camiseta; brigam para comer sozinhos, mas só parte da comida do prato vai parar na boca. Mas com MUITA paciência eles vão, de verdade, aprendendo a se virar sem a gente. E vai ficando mais fácil.

Aí, entre os 3 e 4 anos, eles vão ficando ainda mais independentes e a gente fica meio sem saber quando podemos deixá-los fazer as coisas sozinhos, quando devemos supervisionar ou simplesmente estar ali babando pelos nossos lindinhos.

Aqui em casa, eu tento incentivar a independência da Victoria. Ela pode ligar a TV e escolher os próprios programas sem minha supervisão. Tomar banho, escovar os dentes, se vestir etc. requer uma supervisão de leve e, de vez em quando, uma negociação do tipo: ela não quer tomar banho quando chega da creche, mas está suada. Negocia daqui e dali e ela vai tomar banho, mas não lava o cabelo. Enfim… Eu fico feliz que o trabalho braçal vai diminuindo, pois ele é bastante cansativo. Mas ainda estou tentando achar um equilíbrio para outros aspectos de nossas vidas.

O maior deles é brincar. Ela brinca bem sozinha. Aliás, bem demais. Ela raramente me convida para brincar com ela. Ela tem as próprias brincadeiras, as bonecas, os jogos, os materiais de arte. Normalmente deixo ela sozinha com sua farra. Normalmente temos amiguinhos dela em casa também. Mas um dia me ofereci para entrar na brincadeira e ouvi um: “Oba! Que bom mãe, por que você nunca brinca comigo”. Fuén. Lembrei até que escrevi esse post Mãe que brinca x mãe que cuida, em 2012, e senti que estou ainda falhando nessa área.

Outro deles é atenção, pura e simplesmente. Muitas vezes, sinto que não estou prestando atenção do jeito que deveria. E, em outros momentos, acho que “sufoco” um pouco ela. Ela nunca escolhe o que vestir, só agora – com quase 5 anos –, estou fazendo um esforço para que ela durma no próprio quarto e muitas vezes acho que sou mais desencanada do que deveria. Nunca irresponsável, claro. Mas será que poderia estar fazendo mais e melhor?

Não sei bem se esse é o dilema de todas as mães do mundo ou somente daquelas que trabalham fora e tem menos tempo “cara a cara” com o pequeno. Ainda mais uma mãe que, além de trabalhar fora, ainda é solteira, como é o meu caso. Muitas vezes sinto que a maternidade ocupa quase tudo de mim, de uma forma que é ao mesmo tempo exaustivo e fascinante.

É importante para mim que a Victoria seja independente. Eu sou assim, faz parte da minha personalidade e acho que é um qualidade minha que gostaria que ela visse como exemplo. Não tenho nenhum desejo de ser uma mãe helicóptero ou que não quer estimular o filho a crescer. Não quero tratá-la como um bebê para sempre. Mas também não tenho nenhuma vontade de fazê-la amadurecer antes do seu tempo.

Então o quanto de nós – da nossa presença, atenção e cuidado – é o suficiente? O quanto é demais ou de menos? Vocês também carregam essas dúvidas, ou só eu estou sendo neurótica? Cartas para a redação, please. (Aliás já escrevi sobre como não ser uma mãe neurótica).

 

 

Imagem destacada: Shutterstock Teresa Yeh Photography