Filho temporão também pode ser planejado

Quando falo que tenho um filho temporão escuto muita gente perguntar como tive coragem de começar tudo de novo. Alguns perguntam se foi por acaso ou planejado. Acho graça.

Foi planejado. Eu queria ter um temporão. Fiquei de repouso na gravidez das minhas duas filhas e achei que um terceiro repouso seguido poderia ser complicado.

Com elas já maiores e uma agenda escolar e de atividades extras encaminhada, facilitaria. Pelo menos era o que eu achava. Sem falar que quando as meninas nasceram, eu ainda morava no Rio de Janeiro e contava com a ajuda inestimável da minha mãe, pai, sogra e toda a família.

Aqui em São Paulo não tenho essa mordomia. Preciso dar conta “com o núcleo” e com quem me ajuda no dia a dia. Se alguém faltar, tenho que me virar nos 30… E vamos combinar que se virar nos 30 de repouso absoluto e com duas crianças pequeninas não é a missão mais fácil do mundo. Achei melhor esperar elas crescerem um pouco.

Como previsto, fiquei de repouso pela terceira vez. Deus deve achar que eu preciso dessa pausa para me preparar para receber meus filhos. Uma maneira de me desligar por um período e me ajudar a focar na chegada do bebê.

Não senti preguiça de voltar às mamadas e fraldas. Adoro o aconchego e o cheirinho de bebê. O que realmente me dá preguiça são as noites mal dormidas e os sustos com a saúde. Mas isso pode acontecer em qualquer época. Não saber o motivo do choro de dor é angustiante. Febre sem motivo aparente me deixa de cabelo em pé. Noites em claro me deixam exaurida. Não importa se o bebê é o 1º, o 2º ou 3º. Cada filho é único.

Gostaria de conseguir delegar mais, me preocupar menos, confiar que Deus está no controle. Confio. Mas preciso ter mais fé.

Cada dia é um dia e a gente está sempre aprendendo.

Com certeza, hoje, não sou a mesma mãe que fui com as meninas. Dez anos depois, tenho mais maturidade para lidar com algumas questões e bem menos pique para correr pelo parquinho. Cada filho é único e nós também somos únicas para cada filho.

Se você está pensando em encarar outra gravidez depois dos filhos terem crescido, meu conselho é: mergulha de cabeça. Nem pensa.

Amadurecemos à força, tomamos altas doses de humildade, resiliência e resignação. Nos reinventamos. Nos redescobrimos. Revemos conceitos. Caímos e levantamos. Rimos e choramos. Damos e pedimos colo. Aprendemos o significado do maior amor que pode haver nesse mundo.

É fato que o trabalho com os filhos não termina no parto. Ao contrário. Começa ali. É a missão mais desafiadora e apaixonante. Sublime. Nos ajuda a transcender.

Ninguém disse que ter filhos seria fácil, mas são esses pequenos que nos fazem grandes.

temporão

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