O relato de parto de uma mãe virou uma carta cheia de amor para o seu filho Raul, recém-nascido.
foto: Jonas Tucci.
Acompanhei a gravidez da Paula Liberati com um sorriso nos lábios. Cada foto linda dessa atriz tão carismática, cada post tão curtido por seus amigos, eu ali, emocionada com cada um dos seus relatos, quase um diário. 41 semanas depois nasce Raul, de um parto hospitalar humanizado. E Paula, com aquele jeito quase poético de caminhar por esse mundo, nos presenteou com esse relato de parto. Na verdade não só um relato, mas uma carta visceral para seu recém-nascido. Obrigada, querida, pela gentileza e amor. <3
Relato de parto
“A nossa foto de parto é diferente do que vemos nas nossas timelines normalmente: a nossa foto é ativa.
Seu Pai atrás me dando sua força. Você no meu colo procurando o peito antes mesmo do cordão ser cortado. É, demoramos mais que o comum pra cortar o cordão. Esperamos pra ajudar você a fazer uma transição mais tranquila. E assim foi.
Você nasceu sem chorar. E não chorou até ir pra balança. E só foi porque eu permiti. Tiveram o respeito de me perguntar. Toda minha equipe me respeitou. Foi o parto dos meus sonhos. Com doula, acupuntura, um obstetra que não interveio e esperou comigo 41 semanas e três dias. O seu tempo, meu filho.
Que botou a cara no mundo com 3.225 kgs. Nasceu de um parto humano, natural, ancestral. Me permitiu encontrar a força. Juntos, fizemos um mergulho e nascemos. Do nosso jeito animal, no chão, com vômito, fezes, água, sangue, suor e dor. Muita dor. Dor de contrações, essas mesmas que te estimulam, massageando você.
Dor de saber sozinha o momento de fazer força, porque meu corpo pedia. Dor de sentir você descendo e encaixando. Dor de sentir sua cabeça coroando. Dor de sentir o fogo desse momento. Arde. Dor de te expulsar de mim. Eu gritava: “saí”. E eu gritava: “alguém me ajuda”. Mas ali, era só você e eu. Ninguém podia me ajudar. Então decidi, e tirei força do céu e da terra e você saiu.
Senti. Primeiro a cabeça, o mais difícil. Lembro de pensar: agora tenho que acabar, já está saindo. Na sala, me disseram, tinha umas 15 pessoas assistindo nosso parto, mas eu não via nada. Estava em transe. Nem a droga mais louca que já provei, me deu esse barato. Eu era o cosmo, o universo. Mais uma enorme, enorme força, e você botava a cara no mundo. Respiro. Mais uma vontade de força e saí seu ombro.
Conseguimos, mergulhamos! Furamos essa onda. Você escorrega e vem pros meus braços. Vem pro meu peito. Escorregadio, melecado e com o melhor cheiro do mundo. Mais alguns minutos, e outra contração, e sai a placenta. Eu falo “ai, que gostoso”. Porque foi o melhor orgasmo da minha vida. Foi lindo, foi animal, virei bicho, quis desistir, mas consegui. Venci meus limites, meus medos. Confiei, me entreguei e te dei a luz. E você me deu o poder do amor. Sou a mulher mais poderosa do mundo.
Obrigada, meu filho. Depois da nossa passagem, sei que consigo qualquer coisa. Nós temos a força!”
Indico muito o parto humanizado à todas as mulheres. Somos capazes. Não permitam mais que nos tirem essa força. Empoderem-se. – Paula Liberati
Paula Liberati é atriz, dançarina de flamenco, performer. Mãe do Raul. Você acha ela no Instagram no @paulaliberati ou @lamadre_ onde ela continua falando sobre sua jornada na maternidade e sobre a força feminina.
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