Toda mãe é um pouco super-herói de salto e maquiagem. Mentira, só na minha cabeça que eu uso salto. Na realidade, eu uso tênis e estou sempre com o cabelo preso em um coque. E maquiagem? Não me faça rir.
Também não é para menos. Os dias começam cedo, quando todo mundo ainda está dormindo, e acaba tarde, quando todo mundo já dormiu de novo. E, nesse meio tempo, a gente ouve a palavra MÃE, em todas as entonações possíveis. Umas 1000 vezes em um dia! Corre para cima e para baixo atendendo toda e qualquer solicitação das crianças, do chefe, do companheiro, dos amigos e dos funcionários. Faz reunião na fila do hortifruti se desculpando pelo barulho. Faz lista de supermercado no trânsito. Cata piolho discretamente na fila do banco.
Aqui em casa, naturalmente, a confusão é igual e generalizada. Eu sou mãe e solteira e no nosso dia a dia somos só nós duas segurando as pontas uma da outra. E ela frequenta a escola e eu trabalho o dia todo em uma empresa que me demanda muito.
Começamos com um chamego pra sair da cama. O que é um chamego vira um pequeno estresse por que ela quer mais uma coçadinha nas costas quando o relógio começa a apitar o atraso. Pra tomar café da manhã é um drama porque tá sem fome, mas bastou começar a comer pra depois pedir mais. Na hora do banho não quer ligar o chuveiro, mas bastou a água quentinha cair no corpo pra não querer largar as panelinhas e as bonecas no box. E dá-lhe monitorar horário, tomar conta pro banheiro não virar lagoa e mais tantos afazeres em uma única manhã que nem vou dar mais exemplos.
E não queira saber como são minhas noites, quando ela chega da escola e eu chego do trabalho. É um ritual diário que faz parte de qualquer família feliz, mas de vez em quando, só de vez em quando, tudo desanda e você tem vontade de sentar e chorar ou gritar muito alto com a cara enfiada no travesseiro.
E é nesses momentos que eu corro para o banheiro e me tranco. E eu fico ali por uma meia hora, pelo menos. De porta trancada, o som ligado, meu kindle em uma mão e um pedaço de chocolate na outra. (Ou uma taça de vinho. Depende do dia). Acendo uma vela por que aromas são essenciais para me ajudarem a relaxar e pronto. Meu tempo é só meu de novo.
Me mudei recentemente para esse apartamento. E uma das cinco razões pela qual eu me apaixonei pelo imóvel é justamente por que os banheiros eram fantásticos. Um deles, o meu predileto, tem uma banheira que é disputada por todos os moradores e hóspedes. (Todo esse conforto e maravilhosidade é em parte porque nossos metais e louças nos banheiros é toda da Deca, o que torna meu refúgio em um spa só meu).
Sabe, a vida de quase toda mulher é muito fragmentada. Somos mães, filhas, funcionárias, chefes, profissionais, amigas e mulheres guerreiras que se desdobram em mil para dar conta do lar, da família, da vida a dois, da carreira e da própria individualidade. Em algum momento a gente precisa se recolher e se auto preservar para voltar a ser inteira. E Deca, nesse Dia das Mães, me lembrou que esses momentos de relaxamento no banheiro da minha casa é o que me faz recarregar as baterias. E pra você? O que te faz inteira? Já tentou se trancar no banheiro um pouquinho?
1 Comment
Texto tava tão bacana masssss… Se perdeu totalmente no “mershan”…A Sociedade do Espetáculo… Ferramenta e esvazia totalmente o valor que o texto tinha… 😔