Enquanto estamos criando filhos, nossos pais aparecem para ajudar (ainda bem) e atrapalhar (de vez em quando). Pois é. Avós também precisam de limites
Quando estamos criando filhos, também estamos criando regras. Nós definimos limites e indicamos os valores que queremos passar aos pequenos. A nós, pais, cabe estabelecer detalhes sobre o que eles comem, vestem, estudam, assistem e consomem. Mas no meio de tantas escolhas e ajustes existem os avós.
Avós e avôs são as melhores coisas do mundo. Sorte da criança que pode crescer pertinho dos seus. Sorte dos pais que podem ter seus próprios pais por perto para orientar, ajudar e dar um ocasional colo de descanso. Mas os avós, assim como as próprias crianças, precisam de limites.
Como minha mãe diz, neto é a sobremesa da vida. Isso significa que os avós “vêm ao mundo” para se esbaldar com o neto. Eles já passaram pela parte “chata” da criação de filhos e, agora, querem curtir. Estão certíssimos, mas há de se ter muito cuidado com os limites.
Tenho certeza que digo mais “não” aos avós do que ao bebê
Na minha experiência, a maior dificuldade dos avós é aceitar as coisas que mudaram. Eu já perdi a conta de quantas vezes eu expliquei para os meus pais e meus sogros que o que eu estava fazendo era uma orientação pediátrica e não uma invenção da minha cabeça. Tenho certeza que eu digo mais “não” aos avós do que ao bebê.
Não, não pode dar suco. Não, bebês não devem tomar chás. Não, ele não usa sapatos. Não, não pode jogar o bebê pra cima. Não, não pode assistir desenho por horas. Não pode dar açúcar. Não pode ficar acordado até tarde. Não pode, não deve, não é assim que criamos ele.
A lista de nãos é imensa. Eu já me acostumei com o papel de chata. O que eu não acostumei foi com a função de “educadora” dos meus pais e meus sogros. De ter que explicar os porquês, de ter que me justificar a respeito das decisões tomadas. E isso é daquelas coisas que ninguém te conta que pode acontecer.
Avós até podem mimar, mas nunca desafiar a autoridade dos pais
Minha mãe me questiona o tempo todo. E acho que ela está no papel dela. Então, eu mostro evidências, estudos, digo que as coisas mudaram. Nem sempre ela aceita, mas respeita – e esse é o ideal. Ela também evita me questionar na frente do bebê, mesmo que ele ainda não entenda muito bem.
A verdade é que o respeito deve ser mútuo. Cabe a nós pais saber ouvir opiniões e orientações de quem tem mais experiência e filtrar de acordo com nosso conhecido e até com nosso próprio “achismo”. Mas em geral, é importante ser firme quanto aos limites estabelecidos para seu próprio filho – até para que ele entende quando esse limite for ultrapassado.
Eu só imagino como deve ser confuso para os avós olhar para os seus filhos e vê-los pais. Mais do que isso: vê-los como autoridades paternas e maternas que devem ser respeitadas. Por mais “malucos” que pareçam. Não tem jeito: no fim, são os pais que escolhem e definem os caminhos da criação dos filhos e bebês, mesmo que os avós tenham um papel fundamental como cuidadores.