Meu bebê não come açúcar, parem de me encher o saco

Ainda grávida eu decidi: meu bebê não come açúcar (ou adoçante) até completar dois anos de idade, pelo menos. Para mim, isso era mais do que lógico. Para outras pessoas, é um absurdo imenso.

“Adulto que não come doce está cuidando da saúde. Criança que não come doce é coitada”. Como bem disse a Bela Gil no Instagram, alguém pode me explicar o porquê disso? Desde que eu decidi que meu bebê não come açúcar, ouço de críticas a zombarias. E recebo pouco, muito pouco apoio.

Quase não dá para acreditar. As evidências dos malefícios do açúcar estão todas aí, ao alcance de dois clicks. Tem muita, muita informação mesmo sobre como doces e alimentos com açúcar adicionado são prejudiciais à saúde de adultos e crianças.

O consumo de açúcar por bebês está associado a não menos que: cáries nos dentes, maus hábitos alimentares, baixa na imunidade, hiperatividade, diabetes e doenças cardiovasculares precoces. Mesmo assim, ainda vivemos numa sociedade que acredita piamente que a felicidade (!) infantil está diretamente ligada à comida adoçada.

Não acho que crianças devam passar a vida toda sem comer açúcar, veja bem. O grande problema está sempre no excesso. E eu sei muito bem que o açúcar é um fator importante na nossa cultura. O aniversário gira em torno do bolo, as refeições são culminadas em sobremesas e tem muito afeto demonstrado em forma de doce.

Mas é uma opção minha, em prol da saúde do meu filho, não só evitar o consumo como “segurar” a introdução ao açúcar pelo máximo de tempo possível.

bebê não come açúcar

“Mas o meu bebê comeu açúcar desde muito cedo e está vivo até hoje”

Que bom que seu bebê está vivo e que você acha que fez as melhores escolhas para ele. O meu bebê não come açúcar. Não é porque o seu filho “sobreviveu” que eu devo ceder à sua pressão. Inclusive porque meu medo não é que meu filho morra por comer açúcar. Não é uma questão de vida ou morte e sim de saúde e bons hábitos.

Aliás, vale sempre colocar a mão na consciência para analisar se realmente foi tudo bem dar açúcar para o seu bebê. Ele sobreviveu, ótimo, mas como são os hábitos alimentares dele? Qual a relação dele com biscoitos, sucos e doces industrializados? Como ele lida com alimentos saudáveis? Como estão os exames?

“Mas olha ele ‘aguando’ no seu chocolate, que maldade!”

Não, ele não está aguando. Ele mal entende o conceito de “comer”, ele ainda confunde comida com brinquedo. Meu bebê não faz ideia do gosto do chocolate, ou do bolo, ou do doce. Ele não sente falta do sabor que ele não conhece. Se ele tenta colocar na boca, é porque ele coloca tudo na boca, inclusive sapatos se estivermos distraídos. Acho que ele não estava “aguando” no sapato que esquecemos no tapete, certo?

Então, não, não é maldade evitar que ele coma doces. Pelo contrário. Enquanto ele não souber qual o sabor (maravilhoso) que tem um chocolate e enquanto o sabor doce não for adicionado à dieta da criança, ele não sabe o que está “perdendo”. Além disso, a gente evita que a criança se vicie em açúcar cedo demais – porque açúcar vicia, meu bem – e acabe com todo o esforço de uma introdução alimentar variada.

bebê não come açúcar

”Quando ele começar a ir em festinha de criança você não vai conseguir evitar”

Talvez sim, talvez não. Enquanto estiver a meu alcance e for escolha minha, o bebê não come açúcar. Se em alguns momentos eu não puder evitar, tudo bem. Isso significa que dentro de casa, na casa dos avós e mais onde eu tiver jurisprudência, o pulso vai ter que ser ainda mais firme. É uma questão de compensação.

Além de tudo, quando eu achar que ele é capaz de entender, eu vou explicar o porquê de evitar ou comer pouco açúcar. Afinal, as evidências, como eu disse, estão aí. Não é maldade, não é porque eu quero um filho magro (até parece, né, gente?). Não está tudo bem dar “só um docinho”. É boa educação alimentar e ponto final.

E se eu pegar alguém dando doce escondido pro meu bebê pode preparar a terceira guerra mundial.

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1 Comment

  1. 29 de Março de 2018 at 12:43 — Responder

    Penso exatamente assim e não aceito que me digam que não dar açúcar é maltratar uma criança (conheço pessoas que pensam assim). No máximo concordo em discordar e pronto.
    Chego a discutir bastante com familiares que insistem em oferecer doces à minha filha mais velha mesmo quando ela, já com 4 anos, recusa. Acho impensável.

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