Por que não podemos ser amigas de nossos filhos

Por que é difícil (ou impossível) achar equilíbrio no binômio mãe e amiga dos seus filhos

 

Minha semana começou com um “mãe, você não é minha amiga!”. O tom, claro, acusatório. O motivo, claro, era que eu não estava validando seu desejo de comer colheres de leite condensado.

Eu, que estava cansada, depois de um dia exaustivo, retruquei com um “eu sou sua mãe, não sou sua amiga!”. Ficamos emburradas, escovamos os dentes e fomos dormir sem leite condensado, por que né, mores? Não rola mesmo.

Como sempre acontece, eu preciso de uns dias de reflexão quando entro em algum conflito com a Victoria. Dessa vez não foi diferente.

Oras, em primeiro lugar, a gente parte do princípio que amiga/o é aquela entidade que concorda com tudo o que você faz e ainda estimula suas rebeldias. Amiga te consola quando você está triste, te aguenta depois de uns drinques a mais, tira o celular da sua mão pra você não mandar mensagem para o crush de madrugada, vai naquele evento que ela sabe que vai ser uma roubada, mas te acompanha mesmo assim.

Amiga de verdade é pau pra toda obra. Ela vai gritar, vai te dar bronca, mas está lá segurando a barra da sua saia na chuva, rente que nem pão quente.

 

Por que não podemos ser amigas de nossos filhos

 

E como mãe pode ser amiga?

Simples. Não pode. A mãe pode ser companheira, pode dar força, pode até validar algumas de suas rebeldias. Mas a mãe precisa ter aquele olhar atento. Sabe? Aquele olhar atento que remove os perigos da frente do bebê quando ela começa a engatinhar e andar. Aquela preocupação de dizer não e impor limites para a saúde mental da criança. Que ensina o filho a dividir. Que frustra um pouco os filhos sim, por que mãe é aquela que de vez em quando tolhe voos mais altos e, sobretudo, aqueles voos em que todo mundo sabe que ela vai dar de cara na parede.

Mãe protege. Mãe ama incondicionalmente. Mãe é aquela criatura chata que precisa impor limites e estrutura, senão a casa cai. Nenhum desses papeis é condizente com o da amiga. Na verdade, algumas vezes, o oposto. De qualquer forma é a gente que precisa fazer tudo isso para que, no futuro, nossos filhos se transformem em cidadãos, em pessoas amorosas, ajustadas e boas.

 

Mas como vou me divertir com meus filhos?

A mãe não precisa ser sempre o carrasco. Naturalmente, que pais e filhos podem e devem ter coisas em comum, fazer coisas divertidas. Eu e Victoria adoramos praia, chocolate e jogar Uno. Ambas adoramos viajar e conhecer lugares novos. A gente ama ver filmes antigos na televisão. Mas é a gente também que sabe a hora de parar. Que sabe que não pode comer leite condensado na hora de dormir, que desliga a TV pra dar tempo da cabecinha desligar e promover um sono tranquilo, que ensina, inclusive que roubar no Uno não é legal.

Amigo é amigo. Mãe é mãe. Cada um no seu papel e tudo bem.

 

Imagem: Annie Spratt para Unsplash
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