Seis meses depois que meu filho nasceu e eu ainda me faço essa pergunta: por que outras mães estão conseguindo viver e tocar a sua vida e eu não?
Eu chego no final do dia exausta. Às vezes, tudo que eu quero fazer é comer uma comida reconfortante, assistir algo que não requeira minha atenção e não pensar em na-da. Quando vejo outras mães sendo maravilhosas com toda uma vida social que vai de barzinho à cinema, sem deixar de ter uma noite romântica com o marido, eu não consigo deixar de pensar: “o que eu estou fazendo de errado?”
Eu sei, eu sei. Eu sei que cada pessoa funciona de uma forma e que cada família tem uma forma de se organizar. Também sei que nunca, jamais, em toda sorte de universo, eu deveria me pautar pelo que as pessoas compartilham nas redes sociais – pois todos compartilham o melhor do seu próprio mundo e muito pouco da “realidade”.
Mas a verdade é que me abala, sim, ver mães de bebê em pleno puerpério saindo pra jantar, maquiadas e de escova, com o marido numa simples quinta-feira à noite. Abala porque na última quinta, depois que o bebê dormiu, eu só queria ver a semifinal do campeonato carioca e tomar uma cerveja. E, antes mesmo do fim do primeiro tempo, eu dormi. De pijama. Sem jantar.
Que “outras mães” são essas? Como vivem? Do que se alimentam
Eu fico frustrada de perceber que tem seis meses que eu não consigo me organizar para sair para jantar. É uma das coisas que eu mais amo fazer. Eu achei que eu seria dessas que mantém uma vida social ativa e atuante depois de ser mãe. Por que outras mães conseguem e eu não?
Não sei. Mesmo. Se você veio nesse post procurando uma resposta, eu te ofereço um abraço. Porque, “no papel”, eu tinha todas as condições de estar no grupo dessas mães que pariram há dois meses e estão no show do John Mayer. Eu tive um puerpério sem grandes percalços, tenho um bebê tranquilo, um marido que é pai de verdade e uma rede de apoio presente.
Não consigo não quebrar a cabeça pensando o que outras mães fizeram e fazem de diferente. Será que elas têm babá? Será que o bebê dorme a noite toda? Será que não mama no peito? Será que elas não trabalham tanto? Será que elas todas têm um ascendente em virgem fortíssimo que as mantêm organizadas? Será que eu não estou conseguindo lidar com minhas prioridades?
Será que outras mães não fazem nada de diferente e o problema está comigo?
Cada vez que o Instagram me mostra a blogueira puérpera Chiara Ferragni maquiada, produzida, num ensaio fotográfico, eu lembro do quanto eu tive que me organizar e pedir para alguém – pelaamordadeusa – ficar com com o bebê para eu fazer a sobrancelha. Para cada mulher mãe de bebê que posta foto com hashtag vale night, eu tenho vontade de mandar uma mensagem “me conte o segredo”. E sim, se uma mãe de um bebê de 5 meses me diz que viu todos os indicados a melhor filme do Oscar, eu me sinto um fracasso.
Mas estou tentando não transformar todas essas perguntas em um grande ciclo de frustração. Também estou tentando não me cobrar tanto. Eu entendi que minha vida mudou e não fico mais loucamente tentando achar uma centelha da vida pré-filho por aí. Mesmo assim, venho buscando o que posso fazer de diferente na rotina para que meu dia não acabe junto com o do bebê. Já não quero mais ser apenas a mulher tentando sobreviver.
foto destaque Kelsey Chance on Unsplash
3 Comentários
Nina. estou amando seus posts! Também amo os posts da Camila e estou viciada no Mundo Ovo. Me senti exatamente como você, me fiz as mesmas perguntas do que você, e agora, que meu filho tem 1 ano e 9 meses, eu digo que comecei a “sair do CTI” quando ele tinha um ano e meio. Antes disso me sentia exatamente assim: apenas mais uma mulher tentando sobreviver.
Estou nesse dilema há 2 anos e 7 meses – idade da minha filha. Trabalho fora r não tenho babá. Minha mãe mora em outra cidade e meu marido poderia fazer mais mas, não tenho muito obque reclamar.
Mas verdade seja dita, quando ela dorme, minha vontade é dormir junto e só acordar no dia seguinte.
Vc nao está sozinha.
Estou há 3 anos nessa e hj entendo.
Mesmo tendo sido internada duas vezes por estresse (numa quase morri), sei que o que difere é a criança.
Sim, qnd comparo minha filha hoje com as crianças dessas mães vejo que ela não usou chupeta, não come besteiras, fala inglês, sabe muita coisa e recebeu muito mais estímulos do que muitas que deixam os filhos com outras pessoas o tempo todo pq precisam continuar a vida que tinham.
A vida mudou. ponto.
É uma bosta, seria legal se pudéssemos manter tudo de bom de antes com tudo de bom de hoje em dia, mas as coisas vão melhorando conforme eles vão ganhando independência… viva Maria Montessori!