Lições para aprender com os pais dos nossos filhos

Muitas mulheres juntas conversam sobre homens. Muitas mães juntas conversam sobre os maridos e seu papel como pai.

Em comum, a capacidade que eles tem de nos levar a loucura. Se antes a gente reclamava que o namorado, namorido ou marido estavam sempre relaxados, tinham tempo para ver futebol, sair com amigos, ter uma vida sem a gente, a essa reclamação soma-se os cuidados com o filho.

Quem nunca teve inveja ou até raiva, do marido dormir a noite inteira e a gente levantar de hora em hora para ver se o rebento estava com febre?

O que não percebemos, mulheres e mães, é que eles tem razão e a gente é que não sabe tirar proveito desse estilo de vida.

Enquanto corremos com a rotina de multi-mulher, casa, trabalho, criança, porque nessa hora a gente se esquece de ser alguém, eles seguem a rotina casa, trabalho, assistir o futebol ou jogar futebol e brincar com o pequeno.

Existe uma grande diferença: para a mãe a criança entra como tarefa e depois como diversão. Nem todo banho é divertido e não há como ter satisfação em lutar para colocar a roupa ou trocar a fralda, escovar os dentes ou simplesmente planejar tudo isso. Essa rotina cansa e nos faz querer que o pai seja mais mãe. O que esquecemos é de desejar ser mais pai.

Meu marido sempre consegue que o pequeno não faça escândalos para trocar a fralda, talvez por não ser uma tarefa que ele faça muito e com isso a taxa de sucesso seja maior, mas acredito que ele chega ali “fresco”, sem vícios e expectativas, enquanto nós já temos ataque de pânico ao pensar que a hora do banho se aproxima.

Existe mais de uma maneira de executar a mesma tarefa. Tentar fazer com que o pai realize uma tarefa da mesma maneira que você faz é privar o seu filho de aprender com a diferença de estilos e carimbar o seu passaporte para uma DR (discutir a relação).

Se você cansou de ser mulher-maravilha, dê o braço a torcer e se delicie colocando mais “pai” em você.

Para começar, deixe o seu filho mais solto, nada de marcação cerrada. Eles gostam de correr, pular e subir no sofá. Se você reparar bem, eles se divertem mais quando o pai está por perto. A gente continua respirando fundo e rezando para a mesinha de centro se desmaterializar e a cadeira sair do caminho.

A maioria dos pais não se preocupa com os filhos quando está com eles, ao menos não do mesmo modo que as mães. A preocupação é de estar com eles e para eles, não importa se será por 10 minutos ou 1 hora. Esse é o novo pai, sem culpa por estar tanto tempo fora. O novo pai já considera se ausentar do trabalho para reuniões escolares e consultas médicas sem precisar dar maiores explicações (estudo feito com 900 pais pelo Boston College Center for Work & Family). A mulher por motivos óbvios, infelizmente, ainda tem que se explicar e contar com a compreensão do seu empregador.

Se você ainda não percebeu, nada de troféu ou aplausos após cinco tarefas cumpridas em menos de uma hora. Não estamos em um show de talentos ou em um reality show que teste nossas habilidades como mães. Não precisamos atender ao telefone, trocar a fralda do bebê e ler o boletim escolar do filho mais velho ao mesmo tempo.

Reclamamos do fato de um homem não ser capaz de executar mais de uma tarefa ao mesmo tempo. O fato aqui é que ser “pau para toda obra” nem sempre é bom. Aprenda a delegar ou a fazer escolhas. Lembre-se que você não é sozinha e muitos pais não partem para a ação porque “damos conta do recado”.

Quando aprendemos a delegar e a listar as prioridades, percebemos que com calma até pode e deve sobrar um tempinho para ir ao salão, bater papo com as amigas, ou fazer simplesmente nada. Mande a culpa pegar a senha, porque no momento você está ocupada demais consigo mesma para pensar no que ainda não fez. Aos poucos essa nova rotina vai fazer efeito, a culpa dará lugar a calma. Nem tudo precisa ser feito agora e por você.

Depois de passar por essa rehab, a conclusão é de que nada precisa ser perfeito, porque ninguém é perfeito. Se não deu para mandar as revistas que a escola solicitou, mande no dia seguinte e ão se morda por isso. A reunião durou mais do que você esperava e o seu marido foi buscar as crianças na escola e de lá foram comer uma pizza ao invés de jantar. Acontece com todo mundo, mais cedo ou mais tarde, mesmo com mães que não trabalham ou tem horário mais flexível.

 

Crédito de imagem:  Melinda Nagy

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5 Comentários

  1. 20 de junho de 2012 at 10:00 — Responder

    Excelente ponto de vista, Patricia!

    • Patricia
      20 de junho de 2012 at 22:54 — Responder

      Gica,
      Cansei de DR, não tenho tempo mas a verdade é que a gente se acostuma a controlar, a fazer do nosso jeito e nem percebe que reclama mais, mesmo que mentalmente, do que toma atitudes para fazer diferente.

  2. 20 de junho de 2012 at 11:41 — Responder

    Olha, até isso já está mudando. Eu me identifiquei com algumas coisas “de mãe” desse excelente texto. A preocupação se vai bater com a cabeça, se vai cair e etc. Mas você tem toda razão, por eu brincar muito mais com ela, na hora de fazer as coisas sérias, como trocar fraldas, ela fica mais tranquila comigo.

    • Patricia
      20 de junho de 2012 at 22:55 — Responder

      Oi Alex,
      Ter um comentário seu é um prêmio. É muito bonito assistir pai e filho juntos, e às vezes o papel que nos cabe é apenas o de assistir.

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