Obesidade e gravidez? Manual de sobrevivência.

Quando eu engravidei da Victoria eu estava acima do peso. Tá bom, acima do peso é querer enganar os meus leitores. Obesidade mórbida é a palavra mais apropriada. Com cerca de 100 quilos distribuídos em 1,66 m eu fiquei felicíssima em me descobrir grávida.

A minha nutricionista, que cantou a bola naquela mesma manhã foi a quarta pessoa para quem eu liguei depois do meu pai, mãe/irmão e irmã. E no milagre de conseguir que a obstetra me atendesse dias antes do Natal, a minha nutricionista também foi rapidamente acionada.

Importantíssimo é dizer que eu estava com um balão intragástrico, de validade vencida e em vias de ser trocado. Na condição de gestante, o que eu fiz foi, na 1ª semana de janeiro, retirar para nunca mais colocar outro. O bom é que, apesar de ainda estar obesa, eram 20 quilos a menos do que seis meses antes. Melhor ainda, que eu estava me exercitando com regularidade e completamente focada na dieta, nas mãos na minha nutricionista. Quer dizer: eu já estava fazendo tudo certo. Vivendo uma vida bem mais saudável.

Saudável? Depois do sentimento de felicidade plena, eu fiquei apavorada. Imagina se isso ia ser saudável, imagina se isso ia dar certo? Fiquei em pânico de perder o bebê que eu estava ansiando há tanto tempo. Eu estava de dieta há oito meses, com aquele balão no estômago há oito meses, para ter um bebê. Mas ela decidiu aparecer na parada antes do fim do processo. Fazer o que, ora bolas? Ir em frente.

No inicio eu continuei emagrecendo. Perdi mais uns quatro quilos. Eu não estava enjoando nada, mas o verão tinha chegado e realmente eu não queria comer nada muito pesado. E ainda, viciadinha em Coca Zero, não ia trocar pela regular e passei a investir em muita água sem gás com gelo e limão.

Olha, eu adoraria dizer pra vocês que eu fiquei super na neura com a dieta e não comia nada de errado. Mas a verdade é que eu relaxei. Eu já estava com a cabeça mais condicionada e com a ansiedade sob controle. Por conta da idade (36 anos) e do peso a obstetra só me deixou voltar aos exercícios com quatro meses. Mas quando ela liberou exercício eu fui tirar férias na Europa com o marido e o exercício foi caminhar bastante em Amsterdam, Roma e Florença e depois participar de uma feira de livros infantis por cinco dias em Bolonha. Já foi bastante exercício.

O esquema da dieta foi mais ou menos o que eu já vinha seguindo e que mais acredito: reeducação alimentar. 

  • Seis refeições diárias
  • Carne vermelha cinco dias na semana (proteína da carne vermelha, melhor fonte de ferro)
  • Arroz e feijão no almoço e no jantar
  • Muitas frutas, legumes e verduras
  • Nada de comer comida japonesa
  • Nada de comer salada crua em restaurantes.
  • Nada de adoçante artificial ou refrigerantes (exceto uma ocasional sucralose)
  • Sim para um ocasional docinho, sobretudo o meu chocolate de cada dia (30 gramas por dia).

Eu ia na nutricionista semanalmente e ela deixava umas refeições livres de vez em quando e eu aproveitava para comer em restaurantes bacanas ou pedir uma pizza em casa. Parece simples e era. Com uma força de vontade extra pela minha baby Vicky, eu consegui cuidar de mim como nunca havia feito.

Por conta dessa dieta bacana eu engordei muito pouco. Em dado momento fiquei um pouco anêmica e cortei o mate (impede a absorção de ferro) e fiz esforço para comer feijão (que eu impliquei durante toda a gestação) e mais carne vermelha. Ela incluiu uns ovos cozidos no jantar. E fiquei numa boa.

No final da gravidez fiquei com uma super intolerância a glicose. Não era bem uma diabetes gestacional, mas meio que era, sabe como? Mas ai eu já estava com nove meses de gravidez e me fiz de besta e usava o Accu check pra me picar cinco vezes ao dia. Se estivesse tudo bem eu, irresponsavelmente, comia um chocolatinho, uma sobremesa, uma besteira qualquer.

Em relação aos exercícios e cuidados comigo, eu fui exemplar. Cinco estrelinhas douradas era pouco:

  • 3x por semana hidroginástica
  • 1x por semana Pilates
  • 2x por semana drenagem linfática
  • 1x por semana acupuntura

Ate o quinto mês mais ou menos eu também fazia a minha sessão semanal de massagem ayurvédica  mas depois que eu não consegui mais deitar de bruços na maca, ficou desconfortável e eu desisti.

Gente, esse post sobre rotina de alimentação, exercícios e vida mais equilibrada para gestantes que sofrem de obesidade é pra dizer que, por mais preocupante que seja esta condição, não é impossível manter uma gestação saudável. A meu favor eu tinha uma significativa perda de peso antes de engravidar e já estar buscando essa relação mais positiva com a minha vida. E também de não ter ainda desenvolvido nenhuma doença relacionada à obesidade como problemas cardíacos, diabetes, pressão alta, entre outros.

É a maneira mais bacana de engravidar? Não mesmo. Eu tive médicos incríveis? Só tive. Penso somente com carinho na minha obstetra, nutricionista, endocrinologista, terapeuta ayurvédica, fisioterapeuta, acupunturista e aos meus instrutores de hidro e Pilates. Mas a verdade é que depois que tudo terminou e a Vicky nasceu linda e saudável, minha obstetra recomendou que eu nem tentasse fazer isso novamente. Que me preparasse melhor na [possível] segunda gestação.

Como eu fiquei depois do nascimento da pequena? Ah! Vocês nem querem saber. Basta dizer que escrevo esse post quase que como um diário, para retomar essa vidinha saudável e focada em mim, antes de convencer o maridão a aumentar a prole.

 

Imagem: sassaricando em Roma, aos cinco meses. Finge que eu não tô tomando esse sorvete 🙂

Postagem anterior
Bagunça na casa, bagunça na vida
Próxima postagem
Produtos divertidos para crianças com asma

4 Comentários

  1. Frederika
    28 de outubro de 2013 at 21:31 — Responder

    Orgulhosa do seu desempenho e o resultado não poderia ser mais lindo a Vicky.

    • Camila
      29 de outubro de 2013 at 10:52 — Responder

      Frê, querida, obrigada pelo carinho! Beijo!

  2. diele
    9 de outubro de 2014 at 20:07 — Responder

    peso cerca de 130 quilos e tenho 30 anos, meu maior medo é não conseguir emagrecer a tempo de engravidar, mas tua história me motivou, já que com 100 quilos tu teve uma gravidez saudavel e teve uma filha muito linda.
    obrigada

    • Camila
      13 de outubro de 2014 at 12:24 — Responder

      Diele, eu acho que você não deve abandonar seus projetos de emagrecimento por conta da minha história. Aliás, faça disso a sua prioridade se sua vontade é engravidar. Entre 100 e 130 quilos existe também uma diferença grande (temos também que considerar altura, IMC etc.). De qualquer forma, mesmo que você esteja saudável na obesidade, é muito mais cansativo e não é livre de perigos, como toda gestação. Obseidade também gera riscos de infertilidade. Você não precisa pesar 50 quilos pra engravidar, mas é melhor se prevenir e garantir saúde pra você estando o mais leve que conseguir. Lembre-se que engravidar, sobretudo obesa, é garantia de muitas restrições, então que tal se acostumar a elas desde já? Conte comigo. Beijoca

Envie uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*

*

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Voltar
COMPARTILHAR

Obesidade e gravidez? Manual de sobrevivência.