Antes mesmo de ter certeza, contei para minha mãe que estava grávida. Meu marido viajava a trabalho e eu estava na casa dos meus pais, no meio de uma mudança, esperando terminar a obra do novo apartamento, quando minha menstruação atrasou. Corri na farmácia para comprar um teste de gravidez e no dia seguinte pela manhã, esperava ansiosa os dois risquinhos que eu sabia que iriam aparecer; e lá estavam eles.
Depois das devidas comemorações, pedi para minha mãe: “Por favor, não conta pra ninguém por enquanto. Ninguém!”. Ela assentiu. Dez minutos depois, me perguntou se poderia contar apenas para minha tia, eu disse que sim, claro, e fiquei ouvindo a conversa pelo telefone: “Olha, mas é segredo, viu? Ninguém pode saber ainda. Não conta pra ninguém!”
Liguei para o meu médico, fiz um exame de sangue e veio a confirmação oficial. Eu estava tão feliz que queria contar para todo mundo mundo, mas me contentei em falar no telefone com o meu médico apenas, pois o pai tinha que saber primeiro, claro. Quatro dias depois, meu marido chegou de viagem e eu fui esperar por ele no aeroporto para dar a notícia ao vivo. Valeu conter a ansiedade de falar pelo telefone, foi lindo, emocionante e cinematográfico. Depois de muito choro e muito riso, eu falei: “não vamos contar para ninguém até fazer a primeira ultra, tá?”
Mas eu não aguentei, voltando para casa dos meus pais, contamos para a minha irmã e depois para o meu pai no mesmo dia. Todos vibraram e eu logo avisei: “mas, por favor, não quero que ninguém saiba ainda, tá? Segredo.”
E aí eu fiz a primeira ultra, estava tudo bem e eu achei que já podia espalhar a novidade por aí. Contei para uma amiga, depois para a outra e para três colegas de trabalho dessa amiga que eu mal conhecia (eu tinha ido dar a notícia ao vivo e elas estavam por perto). Uma das meninas, que eu não tinha a menor intimidade, disse que era melhor esperar completar os três primeiros meses para contar da gravidez, porque era muito comum acontecer aborto espontâneo. E as outras duas concordaram e contaram vários casos de amigas que perderam seus bebês no início da primeira gestação.
Voltei para casa desanimada e tensa, decidida a guardar a gravidez por mais um tempo em segredo. Mas eu não consegui, estava tão feliz que não me contive e contei a novidade no segundo mês. Sim, eu poderia sofrer um aborto espontâneo e seria mais prudente esperar, mas cheguei à conclusão que se alguma coisa ruim acontecesse também precisaria dividir minhas tristeza com aquelas mesmas pessoas para quem eu queria contar a novidade. É para isso que servem os amigos, não?
*Crédito da imagem: Skelekitten
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Pois é Mari, assunto delicado esse. Na primeira gravidez guardei segredo e quando contei (dia das mães) perdi o bebê dois dias depois. Da segunda vez eu tinha decidido guardar segredo por pelo menos três longos meses, mas fui demovida da ideia pelo meu próprio médico com o argumento do seu último parágrafo, os mesmo braços que te abraçaram para felicitar, irão te amparar. Não foi preciso e cá estou mãe do meu filhote.