É uma tendência mundial criar crianças com menos estereótipos de gênero atrelados a sua personalidade. Pais e mães sabem que é preciso criar os filhos com mais liberdade para que eles possam ser o que têm vontade. Quando falamos da nova criação de meninas, isso fica ainda mais claro.
A 3a onda feminista veio para reafirmar que lugar de mulher é onde ela quiser e, em consequência, começamos a debater assuntos como a urgência em se “desprincesar” as meninas. Há um claro movimento em direção à maior representatividade feminina em atividades infantis. Programas de tv, desenhos, filmes e brinquedos têm meninas como alvos – e isso é incrível. Tudo o que era considerado “de menino” está sendo cada vez mais absorvido na rotina de mães e pais de meninas: aventuras, super-heróis, ciência, carrinhos, monstros, dinossauros, mecânica…
Um mundo novo está sendo apresentado às meninas. Aos poucos, elas descobrem que podem ser muito mais do que donzelas esperando pela salvação ou mães-donas-de-casa.
Mas será que fazemos o mesmo por um menino?
Enquanto descaracterizamos as brincadeiras “de menino” e as transformamos em algo que pertence a toda sorte de crianças, ainda mantemos certas atividades fora do escopo masculino. Ainda “preservamos” o menino de tudo que é considerado “de menina”. Ballet, bonecas, a cor rosa, flores e brincadeiras com funções domésticas nunca são introduzidos às crianças de forma igualitária.
A sensação é de que meninas podem ser o que quiser. E, enquanto isso, a pior coisa que um menino pode ser é parecido com uma menina. Mesmo que o menino não dê sinais de se sentir mais confortável dentro de uma personalidade feminina. Ainda assim vemos a família nervosa com a vontade dele de colocar o pezinho fora do universo masculino.
A verdade é que, se esperamos que homens adultos dividam as funções domésticas e de criação dos filhos com as mulheres, precisamos não só deixá-los brincar de boneca e de lavar roupa, mas também apresentar essas brincadeiras a eles como um treinamento para a vida adulta. Se temos a expectativa de um homem adulto se sinta confortável em ser sensível, precisamos deixá-lo chorar quando menino. Para que o homem adulto não sinta a necessidade de provar sua masculinidade, precisamos não classificar as brincadeiras por gênero.
O menino deve entender que ele pode sim ter cabelo comprido, preferir dançar a jogar futebol e brincar de ser pai. Ele pode fazer tudo isso sem ter a sua personalidade questionada.
É preciso permitir que o menino explore além dos limites inventados da masculinidade
Vale dizer que, ao mesmo tempo, não cabe a nós usarmos nossos filhos para provar algum ponto na sociedade. Cabe aos pais apresentar aos filhos as possibilidades de brincadeiras e atividades, independente do sexo. Cabe a nós deixá-los escolher quais são as que mais falam às suas personalidades. Se, no fim, a menina ainda quiser ser uma princesa e o menino não quiser brincar de boneca, que assim seja.
2 Comentários
PERFEITO! É exatamente assim que penso.
Até escrevi uma poesia sobre isso.
Que bacana! <3