Almanaque da Grávida Descolada: Escolhendo o obstetra
Quando você engravida, vai perceber que existem duas pessoas fundamentais nesse processo. A primeira é quem vai encarar essa com você: o pai da criança, seu namorado, sua namorada, marida, mãe ou melhor amigo gay. Seja quem for, esse alguém é quem vai ouvir todas as suas chorumelas, vai te dar colo e até umas bronquinhas quando for preciso. Essa pessoa é seu porto seguro – e você já deve ter percebido que na gravidez a insegurança faz a festa, né? A segunda pessoa é o seu obstetra.
Quando você vira barriga, milhares de dúvidas vão despertar. Você vai perguntar para várias pessoas e – confie em mim – cada uma vai dar uma resposta diferente. O mesmo acontece quando você consulta livros diferentes ou o Dr. Google. Até médicos divergem. E enquanto ninguém de credibilidade aparece, você começa a chorar de nervoso porque só queria saber: PODE COMER SUSHI OU NÃO PODE, P%$&?
Já que não existe um manual definitivo da gravidez, o Almanaque da Grávida Descolada dá a dica: escolha um obstetra em quem você confie e siga as instruções dele. Se o seu obstetra deixa você pintar o cabelo e o da sua amiga não deixa, problema é dela. Se o seu obstetra não deixa andar de bicicleta e o da sua amiga deixa, problema é seu. Parece estranho, mas você vai sentir o maravilhoso alívio de ter apenas uma fonte fidedigna de informação e, pintando o cabelo ou não, isso faz um bem danado.
Como saber se o seu obstetra é sua placenta gêmea? Primeiro você precisa sentir firmeza no médico. Tem que ter a química, senão você vai ficar com vergonha de tirar dúvidas, não vai querer ligar no meio da noite pra perguntar se soluço compulsivo é normal. Presta atenção: obstetra legal dá o número do celular e sempre atende ou retorna rapidamente. Depois vocês precisam ter afinidades quanto a métodos de parto. Não adianta querer fazer parto de cócoras se o obstetra é mais uma sala de cirurgia. Vai lá agendar uma cesárea com obstetra militante do parto normal pra você ver o que é bom pra tosse. Por mais fútil que pareça, o terceiro tópico é a compatibilidade de agendas. Veja quando o obstetra pretende tirar férias ou se a data prevista para o parto não cai bem no meio de um bendito feriado. Eu fui protagonista de uma novela: Os Quatro Obstetras.
Comecei a gravidez com o médico que era meu ginecologista. Seu consultório tinha equipamento de ultrassom, então eu via a Luna todo mês e achava o máximo. Ele era tipo o Dr. House da medicina fetal, mas era um destrambelhado pra falar comigo. Toda vez que abria a ultrassom ele dizia: “olha lá o nenê no útero. Esse deu certo, né? Tá no útero, direitinho. Porque sua gravidez anterior deu errado, né? Não foi pra dentro do útero. Mas esse deu certo”. Me diz que tipo de desalmado me faz referência ao bebê que perdi no meio do ultrassom da Luna? Pra completar, quando eu estava no quarto mês, ele deixou de atender pelo meu plano. Era só o que faltava para eu mudar de obstetra.
O segundo foi uma indicação de algumas mulheres da agência onde eu trabalhava. Marquei uma consulta bem feliz e, ao chegar lá, quase caí pra trás. O consultório parecia um almoxarifado. O médico era um senhorzinho. Assim que nos viu entrar pela porta, fez a primeira pergunta: “em quem vocês vão votar?”. Ele deve ter passado 15 minutos falando mal dos candidatos. Precisa dizer que detestei? Minha amiga barriga quase parindo se consultava com ele até que o dito-cujo quis agendar uma cesárea com 37 semanas porque ele queria sair de férias. No fim, levamos nossas barrigas para outro obstetra.
O novo tinha um consultório bonitinho, era sério, atencioso, bastante profissional. Dava as instruções corretas e sempre atendia o telefone. A amiga barriga fez o parto com ele e disse que foi tudo certo. Eu continuava no pré-natal, mês após mês, até que o lindo veio me dizer que ia tirar férias em janeiro. O que mais estava pra acontecer em janeiro? Ah, sim, O NASCIMENTO DA MINHA FILHA. Ele disse que, se a bolsa estourasse, bastava eu me encaminhar para a maternidade e lá o médico plantonista realizaria o procedimento. Plantonista. Procedimento. Tipo uma unha encravada. Beijo-tchau.
Cheguei na Dra. Thaís por indicação de uma porção de amigas. Já estava com 30 semanas, cansadíssima da troca de médicos. Nos adoramos na primeira consulta. Conversamos um monte e ali eu soube que teria uma médica presente e extremamente boa. Fui até o fim da gravidez com ela e hoje vivo falando que vou engravidar de novo só para visitá-la no consultório todo mês.
Que parto!
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Adorei as dicas! Sucesso!