Configurações de privacidade – Carta para quando meu filho entrar no Facebook e me adicionar

Querido filho,

Em 2012, as pessoas tinham muito medo do mundo acabar e dele não acabar. Se acabasse, tudo mal, mas tudo bem – onda gigante ou asteróide, e, com sorte, pá, pum, fim. Mas e se acontecer do mundo não acabar, o que vai ser de nós?, as pessoas se perguntavam.

O problema é que vivemos na internet como se não houvesse amanhã. São os anos loucos virtuais, dirão alguns. Paris.com é uma festa!

Há mais de dez anos a vida da mamãe é registrada na Internet por mim, pelo meus amigos e por desconhecidos. E as garrafas não param de bater na costa do meu Facebook. Algumas mensagens vêm do além, de vidas que sou capaz de jurar para você que não vivi. Mas cremos no grande Tag, que nos criou à imagem e semelhança de nós mesmos.

Sabe, em 2012, as pessoas andavam bastante preocupadas com a privacidade. Queriam se expor muito e controlar esse grau de exposição com precisão nuclear. Confesso que parei de me importar no momento em que percebi que a privacidade se tornaria obsoleta. Pensei, que se dane, vou tentar ser uma pessoa melhor. (Tentei ser melhor mas não perfeita, filho, nunca perfeita).

Quando você for querer investigar minha vida virtualmente, provavelmente vai encontrar momentos que eu optaria por nunca lhe mostrar. Mas que bom que não vai caber a mim essa decisão. Não suporto mais uma vida que só me pertence. Quero acabar de vez com a ilusão que a gente controla alguma coisa. Pode ver tudo, ler tudo, achar o que quiser. E depois disso, com os segredos todos na tela, aí sim vamos poder conversar sobre o que realmente importa: aquilo que não foi escrito e o instante anterior de cada foto tirada.

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3 Comentários

  1. 20 de setembro de 2012 at 11:47 — Responder

    Adorei a idéia mas, talvez por ser de outra geração, achei o texto meio confuso… Será que foi o Português!?!?!?

    Beijos…

    Eu

  2. 31 de agosto de 2015 at 1:24 — Responder

    Oi, Mari,

    Me pergunto se nossos filhos terão Facebook! Outro dia comentei sobre isso com uma menina de 15, e a resposta foi: “imagina, nunca entraria no Face. Minha mãe e minha vó estão lá. Eu vou é para o Snap” 🙂

    Será, rsrsrs?

    Bjs!

    • Mariana
      1 de setembro de 2015 at 14:46 — Responder

      Engraçado, Nivea, esse texto é antigo e quando eu fui colocar uma chamada nova no Facebook juro que eu pensei nisso, hehe. Também tenho minhas dúvidas hoje em dia! Beijo

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