Dentre todas, a relação mãe e bebê é a única que nós experimentamos de forma simbiótica. Mãe e filho em uma ligação única, singular. Com o nascimento do bebê, passamos por uma fase de adaptação entre os dois, um descobrindo o outro, entendendo seus sinais, dando continuidade a um vínculo que antes era concreto. Enquanto mães, nos acostumamos por um bom tempo com este lugar de preferência e dependência total.
Uma grande mudança ocorre quando o grupo social aumenta da família para a escola. Com isso não é nada fácil ir se reinventado como mãe, entendendo o que cabe na relação sem invasões ou abandonos.
Perceber que a relação está evoluindo, também faz parte de olhar materno. Entender que a troca será diferente, com outros parâmetros, se incluindo no desafio que é se relacionar. Mas não é nada fácil sentir que seu papel está mudando, assim como a sua área e forma de atuação também.
Poder viver a primeira viagem do seu filho com a escola, orgulhosa de sua conquista, encorajando-o e dando suporte necessário, pode tornar a experiência vivida como sendo emocionante e não desesperadora. Conseguir, diante de uma conquista de seu filho, entender o seu papel e poder apoiá-lo, vivendo junto, sendo parceiro, é muito importante e faz toda diferença.
Claro que o friozinho na barriga aparece, que ficamos inseguras e com medo do que virá, mas precisamos lembrar que para eles chegarem a um novo desafio com segurança, foi necessário que suas primeiras relações tenham lhes dado subsídios para isso.
E não pensem que eles não estarão esperando pelo nosso olhar, claro que estarão! Ficarão lá olhando pela janela do ônibus dando um tchauzinho, ou até mesmo fingindo que não estão nos olhando. Mas o nosso olhar deverá entendê-los como um outro, diferente de nós, fora de nossas projeções, frustrações e desejos, entendendo nosso novo lugar dentro da relação.
Que tipo de mães e pais queremos ser e que tipo de relação queremos estabelecer é uma escolha que é feita e refeita a todo instante, na medida em que nos deparamos com um novo indivíduo, em cada desafio do crescimento e amadurecimento desta relação. Vivemos um movimento onde estamos sempre nos despedindo de uma fase, mas recebendo uma nova cheia de desafios, pura metamorfose ambulante!
Imagem: oreses
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