Mãe no mundo – Capítulo San Diego

Meu nome é Dani, moro em San Diego, nos EUA, há 14 anos. Sou casada com o Tom, que é americano, e tenho dois filhos: a Gabriella de 12 e o Christian 11 anos. Vim para estudar, me apaixonei, voltei para o Brasil, e quando cheguei, senti que o melhor a fazer era voltar para o Tom. Em um ano estávamos casados.

Aqui nos EUA, quando você descobre que está grávida, não se consegue marcar uma consulta com o médico até completar 12 semanas. Depois da primeira consulta, você vai ao médico uma vez por mês, até o último mês, quando a frequência da consulta passa a ser uma vez por semana. Ultrassom é só uma vez durante a gravidez, no quinto mês (a não ser que seja uma gestação de risco).

Diferentemente do Brasil, apesar de você escolher o seu médico, não há garantia de que ele será o profissional que irá fazer o seu parto. O que geralmente acontece é que você se consulta em uma clínica que tem um grupo de médicos, e eles mesmos te encorajam a “passar” por todos os doutores do grupo, pois vai fazer o parto quem estiver “on call” no dia, e como a gente não sabe quando o bebê vai nascer (a não ser que você faça cesárea)…

Esse episódio é apenas um dos detalhes da relação paciente-médico, que é muito diferente da existente no Brasil. Você não tem acesso ao seu médico se não for dia de consulta. Nem pensar em ter o celular e o telefone da casa dele. Quem atende ao telefone é sempre uma enfermeira, que só vai passar a sua ligação para o médico em caso de emergência.

Quando eu estava grávida do Christian, no dia do ultrassom, recebi um telefonema do médico no fim da tarde. Ao ouvir a voz dele no telefone, gelei. Sabia que se era ele quem estava me ligando, e não uma enfermeira, alguma coisa estava errada. Infelizmente eu estava certa, ele ligou para dizer que existia uma chance do Christian ter Síndrome de Down, pois a medida da traslucência nucal indicava essa possibilidade.

Demorei um mês para conseguir marcar uma aminiocentese e mais três semanas para obter o resultado, que, ainda bem, dizia que não havia nada de errado. Foram quase dois meses de nervoso. Sessenta dias é muito tempo. Teria sido bem diferente se estivesse no Brasil, onde o tempo de espera é bem menor, não só para fazer o teste, mas também para obter o resultado, que sai em uma semana. Um outro pequeno detalhe, a espessura do exame do Christian seria considerada “normal” no Brasil, mas aqui nos Estados Unidos é considerado “limítrofe”, pois como os médicos têm medo de serem processados, aconselham a paciente a fazer o teste para ter certeza de que nada está errado.

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