Depois de sete anos nesse processo diário e exaustivo de educar meu filho, tenho percebido que eu falo muito de etiqueta – não coloque o cotovelo na mesa, coma de boca fechada, diga por favor, diga obrigada – e pouco de sentimento. Muitas vezes, o que chamam por aí de “falta de educação” não passa de uma dificuldade da criança se expressar ou lidar com os próprios sentimentos. Pensando nisso, resolvi conversar mais com o meu filho ultimamente sobre o assunto, sempre partindo de uma situação concreta. O resultado tem sido surpreendente e, pra variar, aprendo mais do que ensino. Separei alguns trechinhos do que tenho dito ou pretendo dizer para ele.
Sobre sentir raiva: Não devemos nunca tomar uma decisão quando a gente está com raiva, filho. Vou te dar um exemplo: sabe aquele momento em que, depois de uma hora tentando passar de fase no videogame, você dá uma bobeada e morre? Então, não dá a maior vontade de jogar o controle no chão às vezes? Agora imagina o que aconteceria se você fizesse isso.. O controle iria quebrar e você não poderia mais jogar futebol com um amigo (além de levar uma bronca enorme minha e ficar de castigo). Por isso, quando a raiva vier, pode chorar, ficar bravo, ficar sozinho e não querer papo. Depois, só depois de contar até dez e esperar ela ir embora, você pensa com calma e clareza o que fazer, tá?
Saber ouvir: Lembra que você foi na casa do seu primo aquele dia e tinha um monte de meninos mais velhos, ele não te deu muita bola e você ficou chateado? Lembra aquele dia que você estava contando uma história na mesa e os adultos te interromperam e continuaram conversando adultices? Lembra todas aquelas vezes que você fala com a mamãe e eu não prestei atenção? Foi chato, né? Você não gostou. Na verdade ninguém gosta de falta de atenção. O problema é que hoje em dia as pessoas estão mais preocupadas em falar (principalmente sobre elas) do que ouvir. E não estou falando só de criança, não. A mamãe conhece um monte de adulto que só fala, fala, fala e não ouve, não se interessa, não pergunta. Por isso, acho muito importante te ensinar isso, a gente tem duas orelhas e uma boca só, pra ouvir mais do que falar. As pessoas têm um monte de histórias boas para contar e a gente tem muito que aprender.
Saber falar: Você é criança mas já é perfeitamente capaz de falar com todo mundo: dizer o que você quer, do que gosta e do que não gosta. Você pode e deve dizer não. Para ser bem compreendido, porém, você precisa falar bem explicado para o outro entender. Uma boa conversa é capaz de resolver a maioria dos problemas.
Chateação: Às vezes, o amigo está fazendo uma coisa que te chateia e nem sabe, por isso, acho que vale a pena conversar com ele quando isso acontecer. Ficar chateado e guardar isso dentro da gente é ruim. A chateação vai crescendo, crescendo e uma hora sai em forma de raiva. Falar sobre o que está te incomodando dá um baita alívio dentro do peito.
Se sentir por baixo: Tem dias que nada sai do jeito que a gente imagina, né? A gente perde gol feito no futebol, erra besteira na prova e fica achando que não é bom, que é burro, que com os outros é diferente, que todo mundo acerta o tempo todo, menos você. Mas não é assim, todo mundo tem dias bons e dias ruins, todo mundo tem dificuldades. Acredita que no dia seguinte vai ser melhor e se esforça para isso.
8 Comentários
ai como é difícil ver nossos filhos tristes por qualquer situação…o importante é darmos total carinho nesse momento…bj!
Verdade, mas como não podemos evitar a tristeza totalmente, acho importante tentar ensinar a lidar com essa e outras emoções, né?
Espetacular, vai ser útil com o meu filho e para uso próprio! rsrsrs.
🙂
Muito muito muito bom esse texto, parabéns!
Que bom que você gostou, Danielle, obrigada! 🙂
Muito bom esse texto, vou trabalhar sentimentos com os meus alunos!!! fantástico esse texto
Geisa, que bom que você curtiu tanto. Obrigada pelo feedback. Estamos felizes.