Victoria fez três anos e isso foi motivo de muita comemoração. Não era um marco específico ou algo parecido, mas o ano tinha começado difícil e passado o furacão eu queria estar feliz e celebrar com ela. E na hora de fazer a lista dos convidados rolou uma tensão, pois me dei conta de que a minha pequena locomotiva social tem muitos amigos, não só os amigos herdados, que são os filhos dos nossos amigos ou as primas, bem mais velhas, ou os primos de segundo grau, filhos dos meus primos, que ela vê de vez em quando. A minha filhota popular já arregimentou um monte de amigos por si só, na vida agitada que leva.
Os amigos da pracinha e os amigos da praia são aqueles que ela encontra nos finais de semana de tempo bom. Eles dividem corridas, bagunça, escorrega, balanço, gangorra, baldinhos, pazinhas, bicicletas e patinete.
Mas a maior referência de amigo pra Victoria é a turminha que ela mais encontra: os amigos da creche. Cada um desses amiguinhos é especial. O mais legal é que eles se adoram tanto, que os pais criaram um grupo fechado para combinarem encontros nos finais de semana. As mães também estão ensaiando um encontro mensal entre elas, sem as crianças. E com essa turminha danada, temos sempre companhia para ver o Papai Noel, ir aos teatrinhos, ao cinema e fazemos lanches juntos. Fora as festinhas de aniversário. Todo mundo comemora e gosta de estar junto. Crianças e pais.
E é lindo observar Victoria e seus amigos. Sente saudades, fala sobre eles, conta histórias sobre suas interações e pede para vê-los, além de colecionar todos os imãs de aniversário em nossa geladeira. Ao vivo e em cores, é engraçado observar como ela interage com cada um deles. Os beijos, os abraços, as conversas e até mesmo as birras, brigas e disputas. É uma convivência intensificada por uma confiança de que eles estarão sempre presente. Sofro antecipadamente pelo dia em que ela vai sair da escola e possivelmente perder contato com esses que são a primeira noção do que a verdadeira amizade faz pelo ser humano.
Eu também sou uma pessoa social e os primeiros amigos que fiz, fora do ambiente escolar, foram os amigos do condomínio. 30 anos depois ainda somos amigos. Cada um de nós mora num canto, possuímos estilos de vida diferentes, temos vidas atribuladas. Mas cada encontro é uma festa, o papo começa exatamente onde parou da última vez. Você continua sem medo de confessar segredos, de pedir conselhos, de chorar as pitangas e de rir até cair.
E é principalmente pensando no importante papel que cada um deles tem na minha vida, que acho que é nosso dever, como pais, orientar nossos pequenos para que eles saibam fazer, mas principalmente manter as amizades que fizerem ao longo da vida. Sempre teremos os amigos da escola, do condomínio, da academia, da faculdade, do trabalho e outros tantos que a vida coloca na nossa frente. Porque o objetivo não é só ter uma timeline cheia de fantasmas do passado, mas tê-los sempre na sua vida.
Imagem: the kiwi studio
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