Crianças passam por muitas fases e a sensação é que cada fase chega em ondas.
Minha pequena faz cinco anos em algumas semanas e, olhando para trás, consigo me lembrar de todas elas: desde a primeira mamada, introdução alimentar, o sono conturbado, a (duríssima) adaptação na creche, quando começou a andar, blá, blá, blá, até a última novidade: regressão no desenvolvimento.
Há algumas semanas comecei a perceber que tinha alguma coisa diferente. Uma agressividade fora de hora; só fala comigo gemendo ou choramingando; voltou a fazer xixi na cama e até mesmo durante o dia (coisa que não passamos nem mesmo durante o desfralde); fala que nem neném; não consegue comer um prato inteiro de comida sem pedir ajuda e voltou a morder. Nem vou falar de mamadeira e chupeta, pois ela não havia largado ainda. Mas estava começando a se desligar e agora voltou a depender com força total.
Ainda assim, essa mãe relapsa que vos fala, não tinha ligado A com B. Quem conversou comigo foi a psicóloga, que achava que ela estava regredindo para conseguir lidar melhor com seus sentimentos, para que depois pudesse crescer e amadurecer.
Consegui entender imediatamente, mas ainda assim precisei ler bastante sobre o assunto para saber como lidar com essa menina, que é normalmente tão madura, esperta e de raciocínio rápido. Claramente está tentando chamar atenção para as questões que vem enfrentando.
A psicoterapia está funcionando bastante e estou feliz pela ajuda que estou conseguindo proporcionar para todos. Mas também acho que é essencial fazer a minha parte em casa. E o que eu aprendi foi:
O porquê da regressão
A criança que apresenta regressão no desenvolvimento normalmente se sente insegura, abandonada ou indesejada. As causas são inúmeras: nascimento de um irmão, separação dos pais, problemas de socialização na escola e, em casos mais extremos, algum trauma, perda ou violência. A regressão é a forma da criança chamar a atenção sobre si mesma, não só por carência, mas para externar tristeza, insegurança e ansiedade.
Vale lembrar que o que para nós, adultos, parece claro como dia, para a criança pode ser súbito e abrupto. É verdade que nós temos a tendência de tomar decisões sem comunicar às crianças e ainda manter eventos em segredo até que eles absolutamente precisem vir à tona, com isso, a criança tem pouco ou nenhum tempo para processar determinada mudança.
Como ajudar o seu filho
Ajuda: o primeiro passo é um acompanhamento com um profissional capacitado. Não hesite em procurar um psicólogo.
Contato físico: é tão importante quanto as palavras para dar segurança para as crianças. Abraços, beijos, carinho, colo, expressões de afeto. Ela precisa ser lembrada muitas vezes que é querida e amada.
Fale de igual para igual: Se abaixar na altura dos olhos da criança para conversar com ela também gera segurança.
Converse: conversar é um bom remédio. Comece falando de si, de como passou o dia, amenidades, quais sentimentos experimentou. Depois pergunte para a criança. No início pode parecer difícil arrancar uma resposta, mas crianças aprendem com o exemplo. Se você fala abertamente sobre seus sentimentos, é muito capaz que seu filho consiga se expressar melhor e se abrir com você. Naturalmente, tome cuidado com o que vai falar.
Massagem: fazemos shantala e massagem nos nossos bebezinhos, mas vamos perdendo o costume da massagem nos maiores. Mariana já falou sobre isso aqui. Um hábito que é fácil de ser resgatado. Após o banho noturno, seque seu pequenino e passe hidratante com ele deitado e vá fazendo massagem na medida em que aplica o hidratante. É um ótimo momento de vínculo e carinho e ainda acalma e prepara para a hora do sono.
É sempre difícil falar sobre problemas que enfrentamos com os nossos filhos
É uma fala carregada de culpa e sensação de fracasso. Semana passada falei como foi pra mim a decisão de procurar um psicólogo para a Vicky e recebi muitos comentários elogiosos pela minha coragem em fazer esse relato. Obrigada a todos que me mandaram mensagens, aqui no blog, nas redes sociais e também mensagens privadas.
Quando começamos o Mundo Ovo há três anos atrás, tínhamos somente uma certeza: a de que não ficaríamos aqui fazendo “gênero”, bancando as mães que não somos. Abordamos as delícias da maternidade, mas sabemos que nem sempre tudo dá certo o tempo todo. Compartilhar as agruras é uma maneira de escrever de forma responsável e relevante para um público que cresce exponencialmente a cada dia. Mas também é uma forma de receber ajuda indireta: tem sempre alguém entre vocês que diz as palavras certas; dá aquele conselho que precisávamos ouvir.
Essa pequena regressão no desenvolvimento da minha filha é só mais uma das inúmeras etapas a serem enfrentadas. A gente erra e acerta o tempo todo e nesse exato momento estou pacientemente tentando acertar o passo para acompanhá-la. Afinal, isso é tudo o que podemos fazer. Entender nossos filhos e correr para acudi-los no momento certo.
ps: o texto está cheio de links legais para você clicar. Já falamos sobre muitos dos assuntos abordados nesse post e eles podem ser úteis em algum momento.
Imagem destacada: ciadefoto
3 Comentários
Amo esse Mundo Ovo. Está me ajudando tanto com o meu pequeno. As mesmas situações, as mesmas dificuldades. E ler o relato de alguém que está a quilômetros de distância e nem me conhece, mas parecendo que escreveu única e exclusivamente para mim, está sendo muito reconfortante. Não estou sozinha, não sou sou eu que não sei bem o que fazer agora. Esse texto da Regressão foi tudo que eu precisava.
Nossa, que texto esclarecedor! Estou passando por um momento desse com meu filho mais novo, de 4 anos, e lendo pude fazer varias outras conexões do comportamento atual dele. Por essas coisas, a web é um maravilhoso meio de troca e o blog de vocês foi super assertivo em esclarecer isso para outras mães. Parabéns!
Daniela, obrigada. Espero que ache outros posts que você se identifique. Um beijo.