Quando Victoria nasceu, eu e o pai dela decidimos não ter babá. Nossa vida, naquele momento, permitia que a gente fizesse essa escolha, pois eu trabalho em um negócio familiar e o pai dela estava trabalhando de casa. Deu para dividir mais ou menos bem até ela completar 10 meses. A partir daí ficou complicada a dinâmica e optei, em um piscar de olhos, em colocá-la em uma creche que eu conhecia bem, pois minhas sobrinhas tinham ficado lá durante o berçário e educação infantil toda, e era perto do escritório.
Foi um período difícil, a gente equilibrando muitos pratinhos ao mesmo tempo. Victoria não dormia e ainda ficava muito doente, com viroses e crechites diversas. As pessoas ao nosso redor eram muito positivas: “vai passar”, eles diziam. De fato, passou. Mas vivemos um inferno particular. Tudo isso influenciou na minha decisão de ter ajuda extra nos finais de semana.
A primeira vez que eu comecei a contemplar ter uma babá, a Victoria tinha menos de dois anos e eu falei sobre isso no post Uma vida sem babá. Mas somente quando ela completou 2 anos e 2 meses, que a oportunidade apareceu. A Mari iria dispensar a babá do Tom, depois de muitos anos, pois ele havia crescido. Queria indicar somente para uma família legal. A gente queria uma pessoa com as melhores referências. Casou perfeitamente.
Era uma situação nova e no início foi um ajuste nas coisas mais básicas, tipo, andar de roupa pela casa. Eu não sabia direito onde o papel dela começava e o nosso terminava. Até aonde eu poderia ir sem Victoria sentir a nossa falta e mais um monte de pequenas neuroses de uma família que até então não contava lá com muita ajuda extra.
Aos poucos tudo foi se ajustando. Menos de seis meses depois da babá ter entrado lá em casa eu já não estava mais casada e a presença dela na nossa vida foi fundamental para deixar a vida da Vicky com um mínimo de rotina. E para afastar um pouco da tristeza instalada no nosso lar.
A babá está com a gente há quase dois anos e meio. Nesse meio tempo aprendemos – nós três –, como funcionaria a nossa relação e a dinâmica do final de semana.
Antigamente eu era uma pessoa exausta e que havia anulado boa parte da própria vida em função das minhas responsabilidades e da vida materna. E quando eu contratei a babá, tudo o que eu queria era tempo pra dormir e para colocar a cabeça no lugar.
Hoje, acho que inconscientemente, o principal motivo da minha escolha era poder aproveitar o pouco tempo livre para poder ser eu mesma e entrar dentro de mim, sabe como é? É muito difícil ser mãe e prezar a própria individualidade sem ajuda extra. E no fundo, se você deixa na casa da avó ou investe em contratar ajuda, a verdade é que contar com um plano B torna tudo mais fácil.
Sempre li textos das pessoas criticando quem tem babá, sobretudo as de fim de semana. Afinal que mãe é essa que não consegue ficar com o próprio filho nem nos finais de semana? Mas também aprendi que ter uma babá não significa terceirizar a maternidade, mas ter um apoio para que a mãe não fique tão sobrecarregada.
Hoje tenho uma relação de mais qualidade com a Victoria. Supervisiono o almoço e, se estou em casa, é comigo que ela dorme e mais ninguém. Ao mesmo tempo consigo dormir até mais tarde enquanto Victoria está na pracinha com a babá, programa que sempre achei chatíssimo. De vez em quando vamos todas para o teatrinho da tarde. Mas, às vezes, eu deixo as duas no teatrinho e vou tomar um café com as amigas. Já mandei as duas de táxi pro aniversário do amigo, por que eu precisava terminar um projeto de trabalho em pleno domingo.
Escrevi uma vez um post que dizia que não precisávamos criar nossos filhos sozinhas. E apesar deu não estar falando especificamente de babás, acho que simplifica bem a minha linha de pensamento. Ninguém precisa ou deve ser só mãe. Porque a maternidade é linda, mas ela isola a mulher. Sobretudo a mãe solteira. E embora eu tenha sucesso em manter a minha rotina da semana sob controle com ajuda da creche em tempo integral, era fato consumado que eu precisava de ajuda nos finais de semana e tenho certeza absoluta que, ao ter mais tempo para aproveitar sozinha, passei a aproveitar ainda mais a minha filha.
Finalizo esse post dizendo que babás podem e devem ser influências benéficas em nossos filhos. Aqui em casa foi ela quem ajudou essa mãe histérica a colocar ordem no sono da Victoria através de uma rotina rígida. Foi ela quem me ajudou no desfralde diurno de uma maneira tão natural que a gente quase nem sentiu. Ela garante que a Vicky sempre vai comer bem e no horário. Vai sempre pegar sol de manhã e se divertir com seus amigos. Com ela, a Vicky nunca fica parada e mesmo que a gente não tenha nada de especial programado, ela leva a pequena para andar de patinete na rua, tomar picolé na padaria, fazer carinho no cachorro do prédio vizinho e jogar bola com os filhos do porteiro. Ela me ensinou que existem muitas formas da gente deixar uma criança feliz e quase nenhuma delas inclui passear no shopping.
A vida é mais legal quando a gente não precisa criar nossos filhos sozinha. E é por isso que eu escolhi uma pessoa tão legal pra me ajudar a criar a Vicky. Babá não substitui a mãe, mas pode ser dessas pessoas mágicas que entram na sua vida quando você mais precisa dela.
Recomendo a leitura do livro: Quem é que te ajuda, de Maria Silvia Camargo. Com desconto aqui.
Imagem destacada: npine Shutterstock
5 Comentários
Você pode me informar o nome do livro que tem essa ilustração acima?envie para o meu e-mail
Oi Tatiana ela nao é de um livro. Os creditos estao no final do texto.
adorei seu se texto camila sou babá e amo o k faço.e aqui vc enriqueceu a minha profissao.
parabens k Deus te ilumine…
Muito legal esse texto! A questão é encontrar uma babá que , de fato, seja boa e valha a pena e poder pagá-la o valor cobrado. Aqui em Brasília pelo menos está difícil!
Acho que em todos os lugares e em todos os setores de serviços. Mas fé é tudo nessa vida, hahahaha. Beijoca