Esmalte infantil: sobre substâncias tóxicas e a vaidade
Eu sempre encrenquei com essa coisa de esmalte, esmalte infantil, maquiagem e uso excessivo de cosméticos em crianças. Eu fui a chata da escolinha que pedia por favor para as mães evitarem mandar as meninas de três anos maquiadas pra escola, questionava a necessidade de salão de beleza e spa em festas infantis e por aí vai. Inúmeras vezes eu ouvi: “minha filha não sai de casa se não estiver maquiada.” Como assim? Ela tem três anos, era o meu questionamento. Aos três anos você decididamente não se manda, não importa o tamanho do seu ataque de pelanca.
Minhas reflexões sobre o assunto era de que Victoria não ia se maquiar ou passar esmalte enquanto não tivesse a idade adequada. Os pediatras e o Ministério da Saúde recomendam 12 anos.
Mas as festinhas com “spa”, os parquinhos dos shoppings com salão de cabeleireiro, as primas adolescentes com um arsenal de maquiagem de dar inveja a qualquer youtuber, estão estragando a minha filha.
Ela sabe que não pode usar maquiagem (e já falamos sobre isso aqui), mas algumas vezes, já cheguei no meu quarto e ela estava com minha bolsa de maquiagem na mão; maquiadíssima, toda borrada, fazendo cinco mil poses no espelho. Fico entre o gargalhar e dar uma bronca. Na dúvida faço os dois. E arrumei um esconderijo para a maquiagem.
Com o esmalte não é diferente.
Ela pega minha bolsinha e quer se esbaldar. Quando minha manicure vai lá em casa, ela não sossega enquanto não rola um esmalte pra ela, igual da mamãe. O pai, desavisado compra um esmalte preto com glitter e ela se borra inteira, borra a mesa e quem sobra pra limpar a sujeira com removedor ou acetona? Mamãe aqui. Bronca nos dois e esmalte no lixo.
Aos quase sete anos é muito difícil dizer não para ela, quando você usa maquiagem para sair, para trabalhar e está sempre de unhas feitas. Confesso não ser o suprassumo da vaidade, mas faço o mínimo pra não assustar ninguém na rua. 🙂 E ela, de verdade, só passou a se ligar nisso mais agora, com essa vaidade que está despontando e é, naturalmente, resultado de uma equação: ver a mãe mais vaidosa + vaidade natural da própria idade + construção da própria identidade, afinal passou a ter opinião sobre tudo + amigas da escola + influências externas como festinhas das amigas e parquinho de shopping + televisão e YouTube.
O que eu fiz? Sentei e expliquei pra ela por que ela não poderia usar esmalte, muito menos os de adulto. E meus argumentos foram:
- Esmaltes possuem químicas que são péssimas para crianças, como formadeido, tuloeno, cânfora e DBP. (Saí dizendo mesmo o nome de todos os compostos químicos, lemos os rótulos juntas).
- Crianças colocam a mão na boca o tempo todo. Quanto mais jovens, mais coisas vão na boca, certo? Pense ainda se a criança roer unhas? Não queremos crianças ingerindo esmalte.
- O mesmo com os olhos. Elas esfregam os olhos e com isso uma das principais reações é justamente alergia na pálpebra. Mas até mesmo dermatite de contato na ponta dos dedos, se a criança for mais sensível.
- Por fim, para remover esmaltes usa-se acetona ou removedor. Ambos cheios de química.
- Se você é toda cuidadosa com os cosméticos que usa no seu filho desde que ele nasceu, por que não iria se incomodar com o tanto de química desnecessária nos esmaltes e removedores?
E os esmaltes infantis?
Aqui no Brasil já existem várias marcas com essa pegada e que saem com água morna ao invés de removedores, como Impala, Vinyx, Ella Kids e Extase Collection.
Mas os pediatras são unânimes em pedir aos pais que não estimulem esse comportamento de achar substitutos “infantis” para esmaltes e maquiagem para crianças, mas que esse seria um substituto menos nocivo.
1 Comment
Minha filha de 2anos e 6 meses ama pintar a unha…. Queria comprar infantil, mas no rio de janeiro não acho… Absurdo!