Não existe filho feliz quando a mãe não está feliz

Não existe filho feliz quando a mãe não está feliz. E mais: somos responsáveis pela nossa própria felicidade. Ela não pode e nem deve ser depositada no outro.

 

Eu escrevo bastante sobre felicidade e sou uma grande advogada de que não existe filho feliz quando a mãe não está feliz.

Quando a Vicky nasceu eu passei por poucas e boas emocionalmente e escrevi sobre isso aqui. E, em retrospecto, o que eu mais lembro é da minha casa ser quieta. Ou talvez fosse eu. A Vicky sempre foi um furacão, mas é como se a minha casa fosse cinzenta, sabe? Eu evitava existir.

Depois que eu me separei ficou ainda mais latente essa vontade de quase não respirar pras pessoas não repararem na minha existência.

Muita gente não percebia, o que para mim era louco, por que eu sinto que eu estava gritando para o mundo que eu precisava de ajuda. Acho que eu mesma demorei para perceber que eu não estava legal, achava que aquela exaustão e aquele desânimo eram assim mesmo, afinal a vida é dura, né?

Por fim, saí do poço sozinha, com ajuda do meu analista e de um punhado de amigas que surgiram no momento certo. E o resultado foi tão infinitamente positivo, na minha vida e também na vida da Victoria.

A maternidade traz muitas mudanças.

Emocionais, hormonais, na rotina de uma família. Por mais jogo de cintura que a gente tenha, mudanças são complicadas e não é sempre que a gente tira tudo de letra.

Em termos práticos vai ficando tudo mais difícil do que é. Você quer tirar a criança de casa pra gastar energia, mas a ideia de sair é uma coisa quase abstrata na sua cabeça tamanho o cansaço, a exaustão, a preguiça. Quando você sai, acaba frequentando os mesmos lugares. Quando viaja acha tudo um saco por que a criança está lá sendo criança e você achando tudo um inferno.

Por isso cuide de você. A rotina é caótica, mas sem você não tem família. Sim, acabei de dizer uma coisa que eleva à infinita potência a sua responsabilidade, mas uma família precisa de uma mãe sã. Lembro dos anos em que a minha mãe teve depressão, nós já éramos todos adultos e até hoje penso no quanto aquilo nos influenciou como pessoas. Imagina com um filho pequeno, que ainda não entende nada, mas ao mesmo tempo absorve tanto?!

Eu já escrevi inúmeras vezes sobre auto cuidado, sobre se mimar, sobre se sentir sexy. Desde a gravidez, com os filhos pequenos, com os filhos menos pequenos. Não existe natação do filho que seja mais importante do que sua hora de exercícios diários. Não existe festinha infantil que seja mais importante do que a sua hora na manicure.

Pareço egoísta? Talvez. Mas a verdade é que existe um limite para a minha tolerância para o espírito de sacrifício. Eu luto muito pela minha individualidade e acho que isso faz de mim uma mãe melhor. Todo ano eu viajo – mais de uma vez – sozinha ou com as amigas, para espairecer e quando eu volto, renovada, linda, feliz e mulher, o mundo não acabou. A criança tá lá bem, feliz e na rotina dela, estamos saudosas da companhia uma da outra e a vida segue seu curso, com toda a calmaria e tempestades de sempre.

 

Não existe filho feliz quando a mãe não está feliz

Mãe também é mulher

A gente não pode esquecer disso. Pode trocar o salto por tênis numa boa e até mesmo andar de rabo de cavalo e sem maquiagem, desde que você esteja feliz assim. A feminilidade independe desta série de padrões impostos. Pode largar o batom vermelho só pra ocasiões especiais e a saia lápis pro encontro de hoje à noite.

O mundo pode passar o dia te chamando de mãezinha (quer coisa mais irritante do que isso?) desde que você lembre que você é mais do que isso. Você é um monte de coisas, você é um polvo, você é Durga (Deusa indiana que aparece sempre representada pela figura com vários braços) e você é mãe.

Lembre-se desse poder, querida leitora e amiga. Lembrar do próprio poder é o que nos leva a ser uma mulher mais forte e consequentemente uma mãe melhor.

No fundo, somos paralisadas pelo medo.

O medo de não ser suficiente, o medo de se perder, o medo de agir e o de ficar parada. Saímos do nosso elemento com a chegada da maternidade. Mas a sua maior responsabilidade é consigo mesma. Com a própria felicidade. E seus filhos vão te agradecer no futuro. Por que o sorriso de uma mãe é o cordão umbilical que vai manter seus pequeninos mais felizes, indefinidamente.

 

Imagem destacada: shutterstock

Postagem anterior
5 coisas que ninguém me contou sobre a gravidez
Próxima postagem
A eterna polêmica sobre brinquedos de menino e brinquedos de menina

Sem Comentários

Envie uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*

*

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Voltar
COMPARTILHAR

Não existe filho feliz quando a mãe não está feliz