Cada experiência com a amamentação é única e todas elas são válidas e importantes e precisam de afeto e acolhimento
Passei o dia mundial da amamentação amamentando minha filha de 2 meses e meio. Ela estava um pouco enjoadinha e ficou boa parte do dia no peito. Entre uma mamada e outra, tentei escrever algumas palavras inspiradoras, mas não conseguia terminar.
Li tantas postagens lindas e emocionantes… O que eu teria a acrescentar?
Mas hoje, enquanto amamentava e pensava (não existe momento melhor para refletir sobre a vida), cheguei a conclusão que a força das datas como esta é justamente ter o maior número possível de pessoas falando sobre o assunto e contando sua histórias.
E essa é a minha até agora:
Amamentação nunca foi fácil para mim. Achei que tiraria de letra nessa segunda vez, mas não foi o que aconteceu. No quarto dia meu peito já estava muito machucado. Como isso tinha acontecido? Aprendi tanto sobre pega correta com meu primeiro filho, sobre a importância de esvaziar um pouco o peito antes de amamentar para amolecer a aréola… O que estava errado?
Dora nasceu com o freio da língua mais curto, grau 2. Isso foi descoberto ainda no hospital, com o teste da linguinha. Nesse grau não há indicação para se fazer nada a respeito. Porém, a consultora de amamentação que me atendeu disse que o freio curto estava impactando na amamentação. Vou escrever sobre esse assunto mais para frente, porque ele rendeu, mas o fato é que por conta disso meu peito machucou muito.
Minha filha chorava para mamar e eu chorava junto já antecipando a dor que iria sentir. Todos os dias eu achava que não ia conseguir amamentar. Mas por mais difícil que fosse todo o processo, o desejo de amamentar não diminuía. Eu queria muito. E esse desejo foi meu guia.
Com essa confusão do freio, Dora não ganhou peso.
Com a dor, eu não conseguia colocá-la para mamar mais vezes. E ela estava ficando muito sonolenta, dormia sempre no peito e cada vez estava mais difícil acordá-la.
Depois de algumas semanas, o pediatra pediu que eu desse complemento e voltasse em 4 dias para pesá-la novamente. Saí do consultório arrasada, me sentindo péssima, mas segui a recomendação médica. Dei o complemento durante os 4 dias e quando voltamos no consultório, ela tinha engordado bastante e estava mais esperta e acordada para mamar.
Eu não queria complementar de jeito nenhum, mas, vendo pelo lado bom, isso acabou fazendo com meu peito cicatrizasse mais rápido. O ferimento tinha sido tão profundo que, além das sessões de laser, precisei fazer um curativo com remédio, que me obrigou a pular algumas mamadas com o seio esquerdo. Com isso, a produção desequilibrou e o seio esquerdo passou a produzir menos leite do que o direito.
Com o peito cicatrizando e a dor diminuindo, conseguia oferecer o peito mais vezes e ir diminuindo a fórmula – que oferecia sempre que possível através da translactação.
A diminuição da fórmula estava caminhando com sucesso, mas faltava ainda tentar equilibrar a produção nos dois peitos.
Recorri à acupuntura, tomei fitoterápicos para aumentar a produção de leite, usei bombinha para estimular e começava a mamada duas vezes no seio esquerdo, que produzia menos leite, para uma vez no direito. Melhorou, mas até hoje não consegui equilibrar e um produz bem menos que o outro (acredito que 30% um e 70% o outro). Mas ela estava engordando mesmo assim, mamando cada vez mais, e finalmente consegui tirar a fórmula por completo.
Tudo isso para dizer que não é fácil. E para muita gente é impossível mesmo. A gente faz o que pode, às vezes até mais do pode, mas nem sempre a amamentação vai acontecer da forma ideal. Por isso é tão importante ler a história das outras e ver que não somos as únicas que passamos por dificuldades e frustrações. O importante é ter uma rede de apoio, informação para fazer suas escolhas e muito amor no peito.
3 Comentários
Esse post não é da Mariana?
é sim. obrigada por me avisar. como a Mari ainda está mais ou menos parada, ela me mandou o post e eu publiquei (a assinatura é automática). haha.
De nada! Adoro ler vocês!