180 dias de amamentação exclusiva e a introdução alimentar

Há algumas semanas, eu escrevi aqui um relato sobre os 120 dias de amamentação exclusiva. A ideia era chegar (sã e salva) aos desejados 180 dias – ou seis meses – de leite materno em livre demanda para o meu bebê. Conseguimos, vencemos o marco. E agora?

Foram 180 dias de uma dedicação extrema. Cento e oitenta dias de incontáveis momentos únicos de poder, autonomia, intimidade e solidão. Seis meses em que eu era a única responsável pela alimentação e nutrição do meu bebê. Eu descobri que a amamentação exclusiva é um privilégio, um trabalho e, mesmo quando ela está organicamente inserida na rotina, pode ainda ser muito difícil.

Logo depois do post em que relatei os quatro meses de dedicação à livre demanda de leite materno, fomos à pediatra e Martin tinha ganho 400g. Muito para alguns, pouco para o meu bebê que vinha ganhando uma média de 600g por mês. Na pesagem, eu ouvi da pediatra: “você não acha que ele está passando fome?”.

Deixando a falta de tato da médica de lado, meu mundo perfeito da amamentação se estraçalhou em mil pedacinhos. Como assim ele poderia estar passando fome e eu não percebi? Será que meu leite estava secando e eu não notei? Será que era o fim prematuro do ciclo de amamentação exclusiva?

Eu juro que eu não esperava que essas questões fossem fazer parte da minha vida depois de ter tirado de letra a amamentação desde os primeiros minutos. Ser mãe é realmente um eterno ciclo de culpas.

amamentacao exclusiva

Eu não estava pronta para ceder às fórmulas e muito menos para começar uma introdução alimentar tão cedo (nem o bebê).

A verdade é que Martin estava mamando pouco tempo, porque ele estava descobrindo o mundo, estava muito eficiente na sucção e eu aceitei que ele mamasse assim. Ao mesmo tempo, ele estava muito ativo se arrastando por aí e gastando muito energia (o que justificava o “pouco” peso ganho).

Então, saímos da pediatra, reclamei um bocado e depois olhei pra ele falei: “Eu e tu filho. ‘Bora reverter isso.” Bem no mês que eu achei que poderia me afastar, usar a bomba de leite e sair um pouco mais, foi tudo ao contrário.

Eu me dediquei e me concentrei tanto para que ele mamasse o suficiente que meu peito vazava horrores entre mamadas. Outro fato que eu não achei que aconteceria em pleno quinto mês de amamentação, foi que tive que me isolar com ele algumas vezes pra ele mamar bem. Mas ok, valeu a pena e do 4o para o 5o mês, ele voltou a ganhar os 600g de praxe.

E aí chegamos à transição do 5o para o 6o mês e toda a preparação (que não aconteceu) para a introdução alimentar

amamentacao exclusiva

Como eu contei no post Por que desisti do BLW antes mesmo de começar, eu não me planejei direito para a introdução alimentar. Fui pega de surpresa e, no início, nada saiu como eu desejava. Abri mão do método que preferia para dar a comidinha amassada no garfo mesmo.

A verdade (verdadeira) é que começamos a introdução alimentar por aqui baseada no feeling da mamãe aqui. A pediatra mandou começar com frutinhas amassadas, mas eu não “obedeci”. Dei uma lida no livro da Rita Lobo, Comida de Bebê, e gostei da filosofia “o bebê come o que a família come”.

Como nossa comida aqui é feita sem sal e sem açúcar e estávamos mesmo precisando nos organizar para comer de forma mais saudável, foi o “método” que escolhi. Então, desde o comecinho da IA, Martin come um alimento de cada grupo alimentar amassado com garfo. Ele come de tudo de forma vegetariana (por enquanto) e ama. Feijão, arroz e brócolis é sucesso por aqui, o que me enche de orgulho e tranquilidade.

O esquema tem sido uma fruta de manhã, almoço (substituindo uma mamada) e uma fruta no fim da tarde. Martin continua mamando em livre demanda. Inclusive, aprendeu a pedir para mamar (um amorzinho).

A pediatra disse que é assim mesmo. Que o leite materno é o principal alimento pro bebê até um ano. E, ufa, foi muito bom ouvir isso, porque eu não planejo parar de amamentar tão cedo. Enquanto ele quiser, eu quero. Mesmo que isso signifique menos independência pra mim.

Pois é, talvez tenhamos um 360 dias de amamentação (não) exclusiva por aqui. A ver.

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