Escolher o nome do bebê é uma experiência ao mesmo tempo incrível e estressante. O processo envolve muita gente opinando, muitos desejos antigos e toda a sociedade. E agora?
Muita gente passa a vida toda decidido em quais nomes vai dar para os filhos quando eles nascerem. Mas isso não quer dizer que esses vão ser os nomes escolhidos para sua cria. Afinal, a decisão envolve muito mais do que um desejo de um nome bonito ou de uma homenagem bem feita. Para escolher o nome do bebê é preciso pensar em diversos fatores e considerar a opinião de muita gente. Será mesmo?
Recentemente, uma vlogger famosa contou a seu séquito de mais de meio milhão de seguidores no Instagram que não revelaria o nome de sua filha recém-nascida. Pelo menos, não por enquanto. A explicação? Ela teria escolhido um nome incomum para o bebê e sabia que seria alvo de críticas e represálias. Como ela mesma disse, nada pior do que ter que lidar com toda essa energia negativa – ainda mais nesse momento tão delicado.
Ela não está errada, mas…
Mas se é um nome que pode causar tanta rejeição, a ponto de ela querer esconder por um tempo, será que o casal fez bem em tê-lo escolhido? Será que eles não estão dificultando o futuro dessa pessoa?
Nas últimas semanas, um outro caso chamou atenção na internet: uma criança teria sido nomeada com apenas uma letra do alfabeto. Isso mesmo. Na intenção de não impor nenhum papel ou carga (como de gênero) à criança, os pais decidiram dar ao bebê o nome de B. Segundo a mãe, a ideia era que o nome fosse um espaço em branco, uma forma de ele poder escolher o que e quem queria ser quando crescesse.
Ela também não está errada.
A grande questão aqui, que ambos os casais parecem não ter pensado a respeito, é que o nome é social. Ele serve para que você seja identificado dentro de grupos e comunidades. Escolher o nome do bebê é escolher muitas coisas para ele.
Um nome não existe sem contexto.
Quando escolhemos o nome de uma criança, estamos sim “propondo” alguns desejos, planos e expectativas pessoais como pais. Mas nada disso precisa ter uma carga negativa. Para meu filho, por exemplo, buscamos nomes possíveis de serem pronunciados em diversas línguas. Inevitavelmente, isso reproduz a nossa vontade de ter um filho viajante e independente, desbravador de fronteiras. Essas não são coisas ruins. Mas pode ser muita pressão para uma criança?
Em alguns casos sim. Dar o nome de um artista ou de alguém muito importante na família pode, muitas vezes, ultrapassar as fronteiras da homenagem. O mesmo vale para nomes difíceis de escrever ou falar e nomes que possam causar constrangimentos.
Nomear uma criança é uma responsabilidade grande. É escolher como ela vai se apresentar ao mundo. É escolher como ela vai ser chamada – não só por você – mas possivelmente por todas as pessoas que passarem pela vida dela. Talvez não seja o momento de se apegar a sonhos infantis que você tinha ou de homenagear um personagem de nome estranho (que você ama) sem pensar nas consequências.
É que muita gente esquece que escolher o nome do bebê é dar nome a um adulto em potencial. Um adulto que terá vida social, trabalho, amores, preencherá cadastros e terá um endereço de e-mail. E que antes disso será um adolescente que precisará lidar com o próprio nome e possíveis situações de bullying.
(Mas se quiser dar um nome único a seu filho, desses que você sempre sonhou, também pode.)
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