Nasceu! E agora?
Lá do alto, de um avião em movimento, um salto em queda livre. Uma montanha russa radical, com altos e baixos que fazem o estômago revirar. Emoções à flor da pele que fazem jorrar lágrimas a qualquer instante. Um peso, responsabilidade, desespero, muito amor, pouco amor, nenhuma autoestima, melancolia.
E você acabou de ganhar o melhor presente de todos: seu filho.
Mas quase ninguém fala desse vendaval que é o puerpério. Aliás, o que é puerpério?
Esse difícil momento pós-parto em que seu corpo te trai e aquela bomba hormonal desaparece em três tempos. Tchau, tchau placenta e a aventura começa!
É mais comum do que se imagina. E eu tive a sorte de ter conversado sobre isso com uma amiga querida que pariu alguns anos antes de mim. Por isso, não me senti um ET ou a pior criatura na face da Terra.
Meu filho nasceu no dia 23 de abril de 2014, Dia de São Jorge, Dia do Chorinho, de parto normal, do jeitinho que eu e ele queríamos. Deu tudo certo. Foi tudo lindo. Estava feliz e contente com o meu João. Mas ele teve icterícia, e nossa saída do hospital foi prorrogada. Só um dia a mais fazendo banho de luz, nada de mais. Mas aquilo foi o turning point para o começo do meu desespero.
A partir daí meu mundo caiu, chorava o dia inteiro, e não conseguia ser feliz com meu bebê nos braços, por mais desejado que ele tenha sido.
Chorava por tudo e a qualquer hora. Não era um desespero. Não era medo de não conseguir. Era uma tristeza… uma melancolia sem fim.
Já em casa, com a ajuda do meu marido e da minha mãe, me lembrei dessa conversa com minha amiga, e as palavras vieram claras: depressão pós-parto. Mas eu não conseguia ligar para meu médico. Era um misto de vergonha e incapacidade. Minha mãe passou a mão no telefone e fez a ligação. Imediatamente meu ginecologista atendeu e quis falar comigo. Foi uma ótima conversa, e ela me tranquilizou.
No dia seguinte fui ao consultório e peguei a receita para o início do tratamento. Tive sim que tomar remédios, mas se não fosse isso poderia estar no fundo do poço até agora. Em três dias estava muito melhor, e o efeito colateral do medicamento me ajudou bastante: aumento da produção de leite.
Não faço apologia do remédio, mas eu realmente precisei. Tive que deixar o preconceito de lado e aceitar que não estava bem. Funcionou para mim.
Melhorei dia após dia, e pude curtir cada instante do meu filhote, aproveitando a maternidade plenamente, amando meu rebento, e deixando a felicidade invadir meu coração ao mesmo tempo que largava o medicamento.
A fase mais difícil passou, e hoje o João tem um ano e meio. Corre e fala e nos dá muitas alegrias, rimos muito juntos com nossas brincadeiras. Cada sorriso dele me faz ser uma pessoa melhor. Ser mãe é a melhor coisa do mundo!
*Crédito da imagem em destaque: Shutterstock
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