Esta semana recebi de uma amiga um link de uma matéria sobre a tarefa dos pais com os deveres de casa dos filhos.
Acompanhar a vida escolar, dando apoio e desenvolvendo a criatividade dos filhos é muito saudável não somente para as crianças, como também para a relação entre pais e filhos. Mas o que me fez pensar, foi como em alguns momentos não conseguimos ter a clareza do nosso papel, e acabamos exagerando na cobrança do desempenho, focando somente na produção e no seu resultado, esquecendo da relação. Esta matéria me fez pensar de uma forma mais ampla sobre a função complexa que é ser pai e mãe e de como acabamos, em muitos momentos, repetindo nas nossas relações um padrão social de hoje.
Vivemos hoje uma condição social no mínimo complicada. Estamos inseridos numa sociedade que exige e incentiva o imediatismo e a produção desenfreada. Criou-se um paradigma, a tecnologia que veio nos ajudar a ter mais tempo, acabou criando uma sociedade que busca preencher todo o tempo, para não perder tempo, exigindo uma objetividade e foco para se conseguir atender a demanda.
Testados e medidos a todo momento, somos bons profissionais se batermos metas, bons amantes se nunca deixamos a rotina chegar por perto, e bons pais se cumprirmos algumas tarefas sem deixar furos, preparando os nossos filhos para esse mundo objetivo. Vamos nos enquadrando, entrando numa padronização social, uma generalização.
Ser pais acaba virando uma tarefa e ganhando forma de uma “to do list”, onde temos que ticar os itens para desta forma termos certeza que estamos fazendo tudo, e de que o objetivo vai ser atingido. Receita de bolo! Acaba que o “tem que” fica maior do que o “ser”.
É preciso “sermos” pais para então “termos” que acompanhar as tarefas escolares e muitas outras coisas que envolvem a parentalidade. Viver a relação e não somente cumprir uma tarefa. Acompanhar a vida dos nossos filhos, fazendo eles perceberem os nossos valores e a importância das coisas, para assim eles apreenderem cada vez mais esse mundo. A troca certamente enriquece os dois lados desta relação. Não é respondendo aos deveres de casa, sem deixar nenhum buraco, preenchendo todas as lacunas, que estamos preparando nossos filhos para as adversidades da vida e frustrações inerentes à ela.
Claro que não podemos negar o contexto em que vivemos, mas ter filhos com bom desempenho escolar não significa necessariamente que somos bons pais. Esta relação não é tão simples e objetiva assim. Quando nos tornamos pais, recebemos um convite da vida para participarmos de uma jornada de aprendizado mútuo e cheia de surpresas, onde o foco na objetividade pode reduzir uma relação complexa, rica de valores e afetos.
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Concordo que é uma das tarefas mais difíceis, principalmente para aqueles pais que preocupam-se em compartilhar com seus filhos, uma educação harmoniosa.É preciso muitos anos de amor, dedicação e respeito ás próprias necessidades e a dos filhos,e só qdo os filhos já adultos ,que conseguimos perceber a evolução dessa experiência única em ser educadores e pais.