Fizemos as crianças prometerem, antes de entrarem no avião rumo a Nova York nessas férias, que elas não iriam comer nuggets com batata-frita nenhuma vez durante a viagem. A gente reclama que as crianças são enjoadas para comer, mas a verdade é que estamos sempre reforçando que existe uma coisa chamada comida de criança e outra chamada comida de adulto. Financeiramente o cardápio infantil compensa, mas será que os restaurantes não poderiam simplesmente oferecer porções reduzidas de alguns de seus pratos para as crianças?
Decidimos que nessa viagem a gente comeria bem e as crianças iriam nos acompanhar e provar de tudo um pouco. Nosso pequeno roteiro gourmet virou uma viagem ao redor do mundo através da comida. Fomos a restaurante chinês, japonês, mexicano, árabe, italiano, francês…
Destacamos para vocês os restaurantes que fizeram mais sucesso e foram consenso entre adultos e crianças, lugares onde fomos muito bem recebidos com os pequenos e exigentes clientes.
A cadeia mexicana tem restaurantes em vários lugares de Nova York. O guacamole, feito na hora, vem com tortillas quentinhas e três molhos. As crianças bravamente se arriscaram a provar o mais picante, depois ficaram abanando a boca e bebendo água, exagerando e se divertindo. O menu infantil oferece o prato “Faça seus próprios tacos”, os ingredientes vêm separados para as crianças montarem. Eles adoraram a brincadeira. Os brasileirinhos ficaram felizes também de comer feijão preto. O restaurante ainda oferece de brinde um brinquedinho que fez sucesso, uma espécie de corda encerada para fazer pequenas esculturas.
Restaurante especializado em… Hummus, aquela pasta de grão de bico que comemos em restaurantes árabes. Eles não têm cardápio infantil, mas a garçonete foi muito solícita, indicando pratos para as crianças e ainda sugerindo que dividissem, pois a porção era grande. De entrada pedimos The Hummus Kitchen, um prato que vem com quatro tipos diferentes de hummus (grão de bico, cogumelo, tahini e egípcio, com favas). As crianças torceram o nariz. Insistimos para que provassem, elas amaram e em segundos nós quatro acabamos com o prato. Delícia!
Quando se entra no pequeno restaurante Ippudo, que vive lotado, todos os funcionários olham na sua direção e te cumprimentam efusivamente. As crianças gostaram muito da bagunça na entrada, mas nem tanto quando começamos a ler o cardápio. O prato principal lá é o ramen, uma macarrão que lembra o miojo, mergulhado em um caldo bem temperado e mais um monte de ingredientes que não soubemos traduzir. De entrada pedimos Hirata buns, bolinhos macios recheados com frango levemente picante. As crianças ficavam dizendo: “estamos comendo nuvens”, enquanto alternavam uma mordida e um gole de água. No prato principal, elas optaram por um frango com arroz básico, que vinha com uma pequena saladinha verde, mas provaram um pouco do nosso. O ritual de comer com uma colher funda e os pauzinhos fez sucesso. Eles ficavam observando as outras mesas, quase todas com clientes japoneses, e ensinavam pra gente como fazer.
Adoramos viajar com as crianças, mas que dá vontade de sair uma noite sozinhos para um drink, isso dá. O Pastis resolveu nosso problema. O bistrô francês tem um ambiente boêmio, animado na medida certa, onde as crianças são super bem-recebidas, com direito a lápis de cera e papel. O garçom deu sugestões de pratos para as crianças, mas elas fizeram questão de escolher um prato de adulto. Sobrou bastante comida, mas elas ficaram tão felizes que nem ligamos. Durante o jantar, nós dois tomamos um vinho e até tivemos tempo de namorar um pouco, enquanto duravam os desenhos, claro.
O Shun Lee é um restaurante mais chique, que reservamos para uma noite especial da viagem. A decoração do restaurante conta com macacos dourados com estranhos olhos vermelhos na entrada, e um enorme dragão que circunda o salão principal. Claro que não foi feito pensando em crianças, mas como fez sucesso aquele cenário meio Indiana Jones 2. Ficamos em um booth, uma mesa com dois sofás com encostos muito altos, o que é ótimo, pois garante privacidade e não dá chance das crianças incomodarem a mesa ao lado. Todos comeram o mesmo prato: o famoso Pato de Pequim. Eles adoraram a preparação das tradicionais panquequinhas, mas acabaram comendo mesmo com vontade as coxas que sobraram.
Reza a bíblia Zagat que é o melhor hamburger de Nova York. A lanchonete fica escondida em um canto do hotel Le Parker Meridien, atrás de uma cortina, indicado por um pequeno sinal luminoso com o desenho de um hamburger e uma seta. A expedição para achar o lugar valeu a visita. As crianças curtiram muito o clima “acabei de conhecer um lugar secreto onde fica o melhor hamburger da cidade”. As opções são apenas: hamburger ou cheeseburger – você pode adicionar alguns ingredientes, mas decida antes de chegar a sua vez, ninguém vai esperar pela sua indecisão – e batata frita. Conseguimos uma mesa (coisa rara, pois o lugar vive lotado), e as crianças deixaram suas marcas na parede coberta de desenhos.
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