Fui uma das primeiras entre os meus amigos a ter filho. Não foi cedo demais, nem acidente de percurso. Engravidei aos 27 anos, mas minhas amigas decidiram ter filhos somente depois dos 30. Minha vida social era bem animada e nossa rotina não incluía quase nenhum programa antes das 11 da manhã naquela época.
A notícia da gravidez foi recebida com festa e comemorada. À medida em que minha barriga ia crescendo, tinha mais vontade de sair e me exibir. Eu me sentia disposta e bonita. Não tinha sono, nem ficava cansada. Adorava levar minha barriga pra passear de madrugada.
Mantive a agenda de shows. Dancei e cantei ouvindo o Weezer ao vivo em Curitiba e encarei a maratona de 12 horas do Claro que é Rock (tá, não fiquei até o fim. Ninguém ficou até o fim). Não perdi as festas dos amigos e continuei a frequentar bares, sem beber. Tem gente que sente falta de um drink, mas meus hormônios deram conta do recado. Com seis meses de gravidez, viajei para o deserto da Califórnia.
Como meu filho nasceu em fevereiro, passei os últimos meses de gestação em um verão carioca intenso, mas nem isso me desanimava. Lembro que um dia, em um bar perto de casa, já com quase nove meses, notei que meus pés estavam um pouco inchados. Ao invés de ir pra casa, pedi uma cadeira para colocar minhas pernas pra cima e continuei.
Eu sabia o que me aguardava pela frente. Em pouco tempo, as noites nunca mais seriam somente minhas.
Nos meses seguintes ao nascimento, as madrugadas continuaram animadas como antes, mas a música que me embalava era outra, o chorinho do meu bebê. Melhor programa do mundo.
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