Vontade grande de ficar em casa, mais quieta, com menos gente por perto. Logo eu, que sempre fui tão sociável, tenho tido dificuldade de interagir. Não consigo prestar muita atenção nas conversas e os assuntos não me interessam.
Não tenho conseguido ler absolutamente nada sobre problemas na gravidez, partos complicados ou bebês doentes. Tenho ficado muito impressionada. Saí de alguns grupos para grávidas que participava no Facebook e estou lendo menos sobre o assunto na internet, mesmo escrevendo regularmente em um site sobre maternidade.
Uma amiga me emprestou o livro The Science of Parenting, pretendo começar a ler. Sempre acho que vou ler uma coisa que deveria ter sido feito de uma forma e eu fiz de outra e vou ficar culpada. A sensação que tenho é que deveria ter lido tudo antes de engravidar e começar desde o início fazendo tudo certo. Mas não existe isso.
Acordo duas vezes por noite, sempre no mesmo horário, para fazer xixi. Uma por volta de 2h e outra às 6h (que já é basicamente a hora que levanto mesmo). Continuo dormindo bem, com sono pesado. Meu único incômodo de noite é na hora de mudar de posição, porque minha lombar dói com esse movimento. Mas geralmente consigo mudar de lado apenas nas vezes que levanto para fazer xixi, o que não faz com que eu acorde muitas vezes.
Nas duas últimas semanas, meus pés incharam bastante, a ponto de ficarem doloridos. Fiz drenagem, alguns exercícios de yoga, coloquei o pé para cima, mas nada adiantava. Ao invés de repousar, resolvi me movimentar mais: aumentei o tempo e a frequência das caminhadas. Resultado? Meus pés desincharam. Verdade seja dita, também esfriou em São Paulo e eu não sei qual dos dois fatores ajudou mais.
Há três semanas comecei a fazer fisioterapia íntima. Diariamente faço massagens (quase) diárias no períneo e comecei o epi-no semana passada. Vou falar sobre essa parte em um post a parte mais para frente.
Sigo na aula de yoga para gestantes duas vezes por semana. No final, temos uma roda de conversa que dura 30 minutos, onde trocamos experiências. Minha professora, que também é enfermeira obstétrica, conta sobre os partos que participou e também os de outras alunas. Eu adoro.
Estou tentando caminhar 40 minutos nos outros três dias em que não faço yoga e ir na musculação, mas só consegui até agora ir no máximo duas vezes. Como em todas as semanas, estou achando que essa vai ser diferente e vou conseguir engrenar. Os pés terem desinchados está sendo um grande incentivo.
Estou lendo um livro sobre surfe chamado Dias Bárbaros. Não surfo. Nunca nem tentei. Tenho até um pouco de medo do mar. Mas gosto muito de ler livros sobre esportes. Durante essa gravidez, tenho pensado regularmente no livro Do que eu falo quando falo de corrida, do Haruki Murakami – que além de escritor, corre maratonas e até participou de ultramaratona. É fascinante pensar em como a cabeça funciona em corridas tão longas, como controlar as dores do corpo e o cansaço etc. Um pouco como imagino que deve ser o parto normal e tenho preparado o corpo e cabeça para isso.
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Penso também nos livros do Amyr Klink, naquela solidão toda no mar. Por mais que se tenha um parceiro presente e amoroso, como o meu, ainda assim acho a experiência da gravidez solitária. Como a da maternidade. Mas isso vai virar assunto de um outro post mais para frente. (A Camila já escreveu o dela e a Nina também)
Ontem fiz yoga de noite ao invés de pela manhã. No final da aula, minha professora falou: “parto é entrega”. Achei tão bonito. Nunca fui da entrega, sempre fui do pensar. Meu corpo e minha cabeça sempre caminharam para lugares distintos. Mas tenho me sentido diferente em relação a isso. Estou nesse mergulho para dentro, em que as vozes do lado de fora ficam cada vez mais distantes e inaudíveis e eu escuto mais minha respiração. Seja qual for a via de parto que minha filha virá ao mundo, eu já me sinto diferente. E para mim isso é uma grande conquista.
Não tenho uma foto minha grávida para ilustrar esse post. Quase não tirei fotos nessa gravidez. Mas nenhuma foto daria conta de tantas mudanças, de qualquer forma.
(Continua semana que vem…)
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