Meu filho de 7 anos começou a levar dinheiro este ano para comprar lanche na cantina da escola. Ele se achou o máximo administrando notas e moedas e fazendo contas para conferir se o troco estava certo. Essa foi uma boa oportunidade de inseri-lo nas conversas sobre orçamento doméstico. Pensei que se eu tivesse tido a oportunidade de aprender a lidar com o dinheiro desde cedo poderia ter crescido com hábitos financeiros mais saudáveis.
Eu não tive essa oportunidade e a maior parte da minha geração também não. Isso porque as condições econômicas necessárias para o sucesso de planos de longo prazo só surgiram na década de 90, com a estabilização da moeda. Portanto, somos todos iniciantes nesse tipo de conhecimento. Estamos aprendendo a duras penas, errando bastante, no planejamento do nosso futuro. E agora, o dos nossos filhos também.
O que queremos para eles? Queremos que eles estudem em boas escolas, façam viagens e comecem a vida já com alguma reserva financeira. Para que isso aconteça, precisamos nos planejar. O cobertor costuma ser curto. O dinheiro tem que dar para pagar as contas do dia a dia, guardar para férias e emergências e ainda investir no nosso futuro e no deles.
Parece impossível? Certamente, alguns momentos da vida são mais difíceis do que outros. Algumas fases exigem gastos adicionais e mal conseguimos dar conta do básico. Mas quando a situação está mais tranquila, podemos tentar fazer o dever de casa. A mesada é uma boa maneira de fazer a criança participar dos esforços da família, de combinar o que faremos com aquele dinheiro e como nos organizaremos para as próximas férias, por exemplo.
O filho é um bom motivo para a gente correr atrás do prejuízo! Eu agora saio sabendo quanto posso gastar. Isso ajuda a frear os impulsos, que são muitos… Parece um detalhe, mas faz toda a diferença no final do mês. E o dinheirinho economizado com muito suor precisa ser bem investido.
Mas, em tempos de juros baixos, está difícil encontrar bons rendimentos. E muita gente fica na dúvida entre qual aplicação vale mais a pena. Essa é uma decisão muito pessoal, precisa ser bem estudada. Mas é certo que o quanto antes a gente começa, menos a gente precisa poupar por mês para garantir uma poupança promissora para os pequenos. E é preciso estar atento a pequenas variações dos rendimentos, que fazem muita diferença.
POUPANÇA: A tradicional poupança não está rendendo nem a inflação, ou seja, não tem sido capaz de manter o poder de compra do investidor. A caderneta ainda atrai muita gente, bate recorde de captação, mas segundo especialistas é por falta de conhecimento de outros produtos financeiros. Vale mais para emergências.
RENDA FIXA: Os CDBs de grandes bancos, que equivalem a você emprestar dinheiro ao banco, e os fundos de renda fixa, que compram papéis da dívida do governo, são tão ou mais seguros do que a poupança e normalmente rendem mais. O Tesouro direto também é uma opção. É possível comprar título do governo diretamente no site do Tesouro Nacional. Muitas especialistas recomendam as notas série B (NTN-B), que ainda protegem o investimento contra a inflação, e estão rendendo mais do que as outras opções de renda fixa. Porém, exige um pouco mais de conhecimento.
RENDA VARIÁVEL: As ações, no longo prazo, têm rendido mais. Os especialistas recomendam colocar uma pequena parte do dinheiro nesse investimento, porque o risco é maior. Para quem não tem conhecimento de bolsa, normalmente se indica a aplicação em ações via fundo de ações. Já existem corretoras de valores que oferecem fundos exclusivos para crianças. Contratualmente, o responsável se compromete a transferir as cotas de participação para a criança, quando ela atingir a maioridade.
PREVIDÊNCIA: Os planos de previdência são recomendados para quem não tem muita disciplina, porque comparando com outras opções de fundos de renda fixa, podem não ser mais vantajosos. E ainda podem ter rentabilidade menor, porque as taxas de administração costumam ser mais altas e ainda tem taxa de carregamento, que é um percentual cobrado cada vez que você faz um depósito e deve ser próxima de zero. Existe uma infinidade de planos e é preciso avaliar caso a caso. Em algumas instituições é possível fazer um seguro para garantir, por exemplo, a faculdade do filho, caso os pais venham a falecer ou fiquem inválido durante o plano. Isso é legal.
Como vocês podem ver, em tempos de juros baixos, é preciso correr atrás de informação, pesquisar, acompanhar de perto os investimentos. Sim, dá trabalho ganhar dinheiro. Mas é como dizem no mercado: a gente trabalha tanto para ganhar dinheiro, mas não trabalha para fazer o dinheiro trabalhar pela gente. A gente consegue! E depois morre de orgulho ao ver nosso filho crescendo com equilíbrio e com o futuro garantido. Vale a pena!
imagem: Images of money
1 Comment
Como sempre, muito bom!
Eu optei, de início, pela poupança. Mas desde a gravidez, planejo investir na Previdência. Honestamente, nem sei se a melhor escolha e por isso ainda não fiz.
Patricia