O lugar do bebê vem sendo muito discutido atualmente.
Que lugar ele ocupa na família, o que aquele pequeno pedacinho de gente representa e representará para as relações afetivas entre seus pais, seus avós, seus irmãos, entre a história passada e futura daquela família?
Essa questão faz com que a ideia de se ter um filho nos remeta ao mesmo tempo a um sentimento de promessa e de perigo frente a esse novo desafio. Nos coloca em estado de alerta, onde algumas horas nos questionamos e nos afligimos.
Penso que o ato de colocar um bebê no mundo é um ato otimista, de pessoas que acreditam que viver é bom e que a vida vale a pena. Mas quando essa criança nasce, somos invadidos por sentimentos que remetem às nossas questões mais antigas, questões essas que nem sabíamos que existiam, e que reacende em nós o bebê que fomos.
Ao nascermos, já participamos de uma história, da história da família que pertencemos, da história do país, do meio social que estamos inseridos; somos remetidos a um antigo e a um novo mundo. É fascinante pensar e observar um bebê, e pensar em tudo que aquele pequeno ser está envolvido e o que ele representa.
O contexto familiar que estamos inseridos serve de apoio para que esse bebê se construa e também o que esperamos dele? “Ele é o primeiro homem da família! Ele vai ser médico, igual ao pai.” “Xii. Ele é muito quietinho puxou a família da mãe.” “Não! Ele vai ser um atleta! Como eu sempre quis ser!” Essas afirmações, as ditas e as não ditas, vão criando espaço e inserem o bebê em uma história e desejo que pertencem aos pais, aos avós, a família.
Isso é importante em um primeiro momento, mas também é imprescindível entendermos que a pessoinha que está ali na nossa frente, uma pessoa que apesar de estar incrustado de expectativas e esperanças provenientes da história da família, também quer criar um novo espaço onde ele pode falar, pensar e agir diferente.
Acredito que esta seja a tarefa mais importante dos pais, deixar que os filhos sejam eles mesmos, que possam se reconhecer dentro da família mas também possam ser diferentes. Isso é um movimento que fazemos, sem perceber, desde que eles nascem. Quando vamos aos poucos entendendo e dando espaço para eles : “o meu filho, não gosta de dormir com muita roupa.” “Ah, não, o meu dorme enroladinho no cobertor.” São nessas primeiras pequenas coisas que as mães apostam na subjetividade da personalidade de seus pequenos filhos que, aos poucos, conseguem se tornar pessoas com um espaço próprio dentro da família e dentro do mundo.
Portanto, olhar para esse bebê é olhar para o seu passado, se ver no presente e apostar em um futuro!
Imagem: M Glasgow
1 Comment
Eu tb acho se projetar nos seus sonhos através de seus filhos pode deixar os pais frustrados.
Abraço,
Toninha
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