Feliz Ano Novo ou #acaba2014

Sempre me espanto com a correria de fim de ano: Dezembro sempre teve essa cara apocalíptica? O final de um ano é sempre o fim de tudo? Por que tudo fica mais urgente? Será que se a gente não concluir um projeto ou até mesmo uma linha de pensamento até 31 de dezembro, eles serão engolidos pela chegada de mais um ano novo?

Quando chega novembro começo a tremer na base e normalmente preciso recorrer a subterfúgios variados para me manter sã. Pessoas que ficaram sumidas o ano todo resolvem aparecer com aquele trabalho que você julgava cancelado. Reuniões pipocam misteriosamente na sua agenda, com pessoas desconhecidas ou amigos queridos, todo mundo com um projeto incrível para 2015, mas que já querem deixar alinhavado até o final do ano. E os malucos? Eles saem das trevas e você é a única pessoa capaz de resolver para eles aquele problema insolúvel. E urgente.

Aliás, urgência é a palavra de ordem. Você se sente inundada pelas demandas dos outros e some-se a isso as suas. Afinal você também tem seus projetos pessoais e profissionais para terminar. Não pode nem pensar em deixar para janeiro aquele plano de negócios para a sua ideia espetacular. E também é no último mês do ano que você resolve pintar a casa toda. Para o Natal, você pensa.

Em uma casa com filhos, aí mesmo que a piração é generalizada. Você está tensa porque as crianças já, já, estão de férias e você não sabe o que vai fazer para gastar a energia da turminha. Você até que pensou em viajar, mas com o dólar inflacionado, o sonho foi descartado quase que imediatamente. Com o real inflacionado, a ideia de alugar uma casa de frente para o mar também melou. Restou a colônia de férias, mas ela não começa antes de 5 de janeiro.

Os dias parecem mais curtos do que nunca, certo? O que fazer? Olha, espero que você tenha chegado nesse post só para me dar as mãos e não atrás de uma solução. Eu não tenho uma, infelizmente. Eu também estou nessa vibe destemperada de correr atrás do tempo perdido e já estou colocando no topo da minha lista de resoluções que 2015 será diferente. Mas será que vai ser mesmo? Essa frase (ou esperança) povoam a minha mente nos finais de cada ano e no ano seguinte me encontro na mesma sinuca de bico do ano anterior.

Essa sensação de ansiedade extrema de final de ano, que eu chamo carinhosamente de Gincana do Apocalipse, precisa terminar para todo mundo, mas sobretudo para nós mães. Precisamos reconhecer os nossos limites pessoais e entender de uma vez por todas que não somos robôs à mercê de uma agenda insana e absolutamente irreal.

Mães são guerreiras e estão, de uma forma ou de outra, equipadas para lidar com intempéries e são profissionais do jogo de cintura bem ajustado. Mãe é aquele ser quase Ninja, que nem pisca na hora de tomar uma decisão e cria planos B, C, D e percorre o alfabeto inteiro, se necessário, sem pausa para o café.

Ainda assim existe um preço alto para se pagar. Ansiedade descontrolada, ataques de choro, mau-humor, destemperos, falta de paciência com as crianças, falta de saco com a vida. Mas tudo isso bem entalado na garganta, afinal, você precisa funcionar, as coisas precisam continuar seguindo o seu curso e a vida precisa simplesmente acontecer. E, claro: adeus dieta. Porque todo mundo precisa de uma válvula de escape para sobreviver aos sapos engolidos. E todo mundo sabe que a gente só consegue engolir sapo com doses industriais de chocolate.

Meu conselho – ou o conselho que eu estou me dando desde outubro é: opere no caos com leveza. Se poupe, se preserve, não perca as estribeiras. Não somos robôs, somos humanas e a chance de você errar em algum ponto do caminho é tipo 100%. Mas seja gentil, com você e com os outros. Entenda que as pessoas são limitadas simplesmente porque são diferentes de você. E saiba que você vai fazer melhor em 2015 só porque você já sabe que a vida não será perfeita porque girou o dígito. E que em primeiro de janeiro a matrix não dá um boot para começar de novo (muito nerd essa metáfora, eu sei. Risos). Vai ser só a virada de quarta-feira para quinta-feira e você deveria estar feliz porque é feriado.

Agora vai começar a lista de presentes de Natal que eu sei que você nem começou. Ops, essa sou eu.

 

 

Imagem destacada: Andy Fogg

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1 Comment

  1. 18 de dezembro de 2014 at 0:50 — Responder

    Camila, querida,

    Nessas horas só consigo pensar naquela música do Skank: “vamos fugir, desse lugar, baby…”.

    E sabe que foi exatamente o que eu fiz? Não resolveu 100%, mas para muita coisa eu tenho a velha desculpa: “puxa, você sabe, estou fora de SP, né? Quando voltar eu te ligo e a gente combina!”.

    Beijos, e fica a dica: fuja também, rsrsrs

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