Mulheres que desejam ter filhos ficam exultantes com a notícia da gravidez. Dá aquela sensação de plenitude, de que finalmente completamos o álbum de figurinhas da família. Só que no meio desse monte de belos sentimentos ninguém conta que você vai sentir medo, ansiedade, irritação. Tem um pedaço da gravidez e da maternidade que é bastante solitária. Suas amigas que ainda não tiveram filhos vão te achar meio descompensada. Já as suas amigas que são mães serão solidárias, mas né? Elas estão com bebês e crianças para cuidar e todas nós sabemos que as prioridades mudam depois dos filhos.
Quando eu fiquei grávida da Vicky no final de 2009, o mundo a minha volta não estava na mesma vibe. Aos 36 anos, eu tinha poucas amigas com filhos, minha irmã já tinha filhas de quase sete anos, e a grande maioria ainda não tinha chegado lá (e muitas optaram por não ter filhos).
Foi uma gravidez feliz, sem grandes dramas e o meu próprio temperamento impedia as grandes neuras. Eu estava mais preocupada com o trabalho, em dar conta de tudo e fazia grandes planos para quando ela nascesse, mas era isso. E justamente por estar tão tranquila que achei que, pelo menos, eu deveria fazer um curso de gestante e primeiros cuidados com o bebê. Afinal, o que sabia eu?
Foi no curso Marinheira de Primeira que eu conheci a Patricia e a Bettina. Nossa turma era a menor de todas, só nos três. E todas trabalhando muito, grávidas depois dos 35 e com dilemas similares. Foi muito rico esse encontro. E dali nasceu uma grande amizade. Vicky nasceu primeiro, em agosto. Julia e Adam nasceram em novembro, com apenas dois dias de diferença entre eles.
A gente conversava muito e trocávamos dicas, produtos e novidades. Tiveram os chás de bebê, o nascimento dos três, as primeiras visitas, os batizados, os primeiros aniversários. Eles se encontravam para brincar, enquanto a gente chorava as pitangas e dividia as alegrias.
Eu e a Paty, que morávamos pertinho, ficamos ainda mais próximas. Temos temperamentos MUITO diferentes, mas a maternidade nos uniu. Eu aprendi com ela um bocado de cuidados de saúde, e foi a sua porção nutricionista que me aconselhou em todas as etapas da introdução alimentar da minha pequena. Usamos a Victoria de cobaia para muitas das receitas da Paty e toda vez que eu ia visitá-la, saía da casa dela com um farnel de comidas congeladas que alimentavam minha bebê por semanas!
Já eu tentava fazer a Patricia descansar e relaxar. Minhas dicas eram no sentido de simplificar a vida, convencendo a mãe preocupada de que não precisava levar antitérmico na bolsa do bebê, por que se ele tivesse febre ela ia correr com ele para casa.
O tempo foi passando e nosso temperamento não mudou. Dou dicas pra Paty para que o Adam seja mais independente. Ela me avisa que chegou a hora de vacinar a Vicky. Trocamos dicas sobre homeopatia e sobre tratamentos alopatas. Damos as mãos na hora em que eles se recusam a comer. Eu sou a mãe leoa que que abraça árvore e deixa Vicky simplesmente ser, e ela admira isso. A Paty é a mãe ursa, cuidadosa e que se antecipa, e eu admiro a organização dela.
Eu continuo querendo que ela relaxe, durma e fique bem. Ela continua querendo que eu me cuide e seja feliz.
Adam e Vicky se encontram menos do que deveriam ou gostariam. Mas quando se encontram é uma festa. O temperamento, claro, não poderia ser mais diferente. Mas eles se curtem e se cuidam. Ele brinca de casinha e bonecas com ela. Ela surta com a coleção de super-herói dele. E isso é resultado dessa amizade bonita que a gente construiu.
E foi com ela, a minha querida amiga de barriga (e mais a Mari), que a gente criou o Mundo Ovo. Queríamos muito oferecer um lugar que fosse acolhedor, onde as mamães de primeira viagem não se sentissem sozinhas ou julgadas. Onde pudessem achar informação de qualidade de forma responsável. Pensamos inicialmente em um lugar físico mesmo. Mas optamos pelo virtual, até por entender que o tempo de uma gestante e de uma mãe é muito cronometrado. Esse ponto de encontro virtual teria como ponto de partida a nossa própria experiência, mas também a experiência de todas as mães.
Se você não tem amigas grávidas, se sente sozinha e queria uma amiga barriguda de carne e osso, é fácil achá-las por aí. Nos cursos de gestante, na aula de hidroginástica, no Pilates, na livraria, naquela seção de livros de especializados que está no cantinho da loja. Os grupos do Facebook costumam fazer encontros, você pode procurar a sua turma por lá. O importante é não passar por essa experiência sozinha. É muito mais divertido gestar em grupo.
Imagem destacada: Shutterstock MILA Zed
3 Comentários
Obrigada, meninas, por criarem este espaço. Ele é fundamental para que possamos nos sentir acolhidas e dar vazão aos milhares de pensamentos em ebulição nas nossas cabeças. Beijocas, Winnee.
Winnee, obrigada a você por ler a gente e se sentir em casa. Se puder nos ajudar respondendo a nossa pesquisa, adoraríamos saber mais sobre você.
http://mundoovo.com.br/2015/queremos-conhecer-melhor-voce/
Opa! Respondida 🙂 Beijocas