Se fosse possível, você escolheria o sexo do seu bebê? Por mais curiosidade que eu tenha tido em descobrir o quanto antes se o meu bebê seria menina ou menino, se a opção de escolher o sexo do bebê fosse mesmo uma opção, eu não aceitaria. E você?
Já escrevi em outros posts sobre os métodos caseiros de se escolher o sexo do bebê e até mesmo como ficar grávida de gêmeos. A ciência porém é categórica em afirmar que o único desses métodos caseiros que possui algum embasamento científico é quando se está atento ao período no qual o casal tem relações sexuais.
O sexo do bebê:
O sexo do bebê é determinado pelo pai. Os homens (XY) produzem espermatozoides masculinos (cromossomo Y) e femininos (cromossomo X) e nós mulheres só temos o X. Quando um bebê é concebido, cada um dos pais passa adiante um cromossomo. Se o cromossomo da mãe (X) encontra com o cromossomo X do pai, vão gerar uma menina (XX), se encontrar com o cromossomo Y, o bebê será menino (XY).
Um processo nada simples e tampouco natural para determinar o sexo do bebê é a fertilização in vitro, na qual utilizam-se dois procedimentos:
Diagnóstico Pré-Implantacional (PGD) – Após os embriões formados, é feita a biópsia e a sexagem fetal. Sabendo o “sexo” de cada embrião, apenas os do sexo desejado pela paciente são implantados. No Brasil, a Resolução do Conselho Federal de Medicina é terminantemente contra: “Realizamos a sexagem dos embriões somente nos casos no qual existe indicação absoluta, como por exemplo, para verificar a possibilidade de doenças genéticas ligadas ao sexo”, como hemofilia, distrofia muscular de Duchenne, anemia falciforme, fibrose cística…
Microsort (Rastreio do cromossomo paterno) – Uma amostra do esperma do pai é analisada buscando o cromossomo desejado (X ou Y) para fertilizar o ovo, gerando assim uma menina usando apenas o espermatozóide “feminino” ou um menino com um espermatozóide “masculino”.
Vale ressaltar que na maioria dos países, a escolha de sexo do bebê só é permitida se o objetivo for evitar doenças genéticas. Nos Estados Unidos não existe ainda uma regulamentação tão rígida, por isso casais de diversos lugares do mundo como Austrália, Canadá, China, Inglaterra, Alemanha, India, Japan e Mexico, acabam fazendo suas malas e bancando um método que não é nada barato (variam de R$40.000,00 a mais de R$ 80.000,00) para ter seus sonhos realizados. Umas das clínicas mais famosas anuncia uma taxa de 91% de sucesso ao gerar bebês meninos e 75% para bebês meninas.
Lembro que quando minha comadre estava grávida (ela mora na Califórnia), não conseguiu saber o sexo do bebê tão precocemente quanto nós aqui conseguimos. Por lá, o exame de sexagem fetal só é realizado com solicitação médica. Como o aborto é legalizado em muitos estados, caso os pais não estejam “satisfeitos” com o sexo do bebê, poderem realiza-lo sem o menor problema (socorro!).
Um problema ainda maior acontece na China e na Índia. A cultura desses países privilegiam o sexo masculino e a mulher lá não tem vez, nem de nascer. Na China, o aborto seletivo, mesmo proibido por lei, continua sendo realizado, e o número de nascimentos de meninos continua crescendo de forma assustadora. Na Índia a lei é ainda mais rigorosa e impede que até mesmo ecografias ou amniocentese sejam realizadas para determinar o sexo dos fetos. A razão? A mesma da China, que os fetos do sexo feminino sejam abortados.
Mas aonde essa discussão vai nos levar? Lendo uma matérias para escrever esse post, me deparei com a declaração do Dr.Erickson Gavazza Marques – Presidente da Comissão de Bioética e Biodireito da OAB/SP e Membro da Sociedade Brasileira de Bioética: “Enquanto a genética caminha a passos largos, a compreensão humana quanto ao que venha a ser a manipulação e o uso sadio daquela retrocede na mesma velocidade. Isso porque ao invés de o progresso da ciência estar sendo usado como um instrumento para se dizimar doenças, preocupa-se, antes de mais nada, em se obter bebês sob medida. Se hoje a questão é a escolha do sexo da criança, amanhã será a cor do cabelo, dos olhos etc.” Será?
Crédito da imagem em destaque via Shutterstock
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