Manifesto da mãe imperfeita

A mãe imperfeita é a mãe possível.

A mãe imperfeita é aquela que, provavelmente, é mais feliz.

A síndrome da mãe perfeita acomete quase todas as mulheres em alguma fase da maternidade. Ela é aquela que está sempre correndo atrás do próprio rabo para ser melhor e está sempre insatisfeita, pois a grama da mãe vizinha é, frequentemente, mais verde. Não importa que as crianças comeram bem cinco vezes nessa semana, como não comeram bem todos os dias, essa mãe não está feliz. O copo dela está sempre meio vazio, pois como ela não é um robô e nem a sua família, ela falha, as crianças não conseguem atingir as metas e o marido começa achar toda essa dinâmica meio maluca.

Talvez eu tenha exagerado um pouco para efeito dramático (tenho certeza de que não muito), mas eu queria dizer para essa mãe abaixar um pouco (ou muito) as expectativas e jogar a toalha. Você não vai conseguir ser perfeita, seus filhos não são perfeitos, seu marido muito menos, sua vida não é igual comercial de margarina e nem você deveria querer que fosse, afinal margarina é um veneno!

Costumo dizer que a Victoria é primeira filha, mas é como se fosse a quinta. Aquela que foi criada sem a menor frescura, sabe? Minha vida sempre foi meio atarantada e eu me livrei da síndrome da perfeição antes mesmo dela aprender a engatinhar, por que para eu ser a mãe perfeita eu ia ter que abrir mão de toda a minha vida, de quem eu era na minha essência e, ainda assim, ia dar tudo errado, por que né? Não existe perfeição.

E eu rascunhei aqui um manifesto. Um manifesto pelo direito de ser uma mãe imperfeita.

Com todos os princípios e intenções, para que você possa entender de uma vez por todas que passar a vida em agonia não é solução para nada.

1) Uma mãe deve sempre ser exemplo para o seu filho. Compaixão, caráter, capacidade de amar e ser amado. Mas tudo bem ter maus dias, por que seu filho também vai aprender com você como lidar com frustração, mau-humor, cansaço e preguiça.

2) Esteja presente sempre que conseguir, mas se tiver sem paciência pra jogar dominó, não finja. Explique que naquela noite seu filho vai precisar se distrair sozinho enquanto você… (trabalha, faz o jantar, toma banho, assiste a um seriado na TV). É mais recompensador para ambos que você esteja presente de corpo inteiro e sem anular as próprias necessidades.

3) É imperativo que você se dê um desconto em períodos complicados como TPM braba, fechamento de algum projeto no escritório, falta de ajuda extra ou quando estiver doente. Tá gripada e quer dormir? Todos sobreviverão se você pedir uma pizza nessa noite enquanto toma um remédio e deita.

4) Mãe também sofre de preguicite aguda. Dá para sucumbir a alguns dias de preguiça sem virar a pior mãe do mundo. Nem toda manhã você quer ir na pracinha para o bebê pegar sol, nem toda semana você quer fazer lancheiras super elaboradas e nem toda noite você quer ler 20 histórias pro filhote dormir. Tem dias que o bebê vai ficar quietinho em casa, a lancheira vai ser mais simples, mas ainda nutritiva e a criança vai ter que dormir com uma história e ponto final.

5) Viva sem medo. E sem culpa. Risque essas palavras de todos os dicionários da casa. Respire fundo e deixe o sol entrar.

6) VOCÊ. É. A. MELHOR. MÃE. QUE. SEU. FILHO. PODERIA. TER. (Repita o mantra umas 10 vezes ao dia. Pelo menos.)