Tem dias em que eu acho que servi quiabo com muita baba na Santa Ceia e que por isso meu filho, que era tão bom de boca, agora anda tão chato seletivo #desabafo. Se engana você, cara amiga leitora, que acha que por eu ser nutricionista e conseguir ajudar muitas mães, que o raio “criança chata para comer” não cai na minha casa.
Desde que o Adam começou a almoçar na escola voltou para casa militando pelo “verde não!” e vocês podem imaginar o meu horror. Essa semana travei uma batalha das grandes que me inspirou a escrever esse texto e compartilhar com vocês um pouco dos dramas alimentares que eu também vivo, para tentar tirar um pouco da minha neura e, quem sabe, ter uma mão amiga para segurar na minha.
Adam sempre comeu muito bem, aceitava novos alimentos sem problema, era do tipo que pegava cebola e batata (cruas) na fruteira da cozinha e mordia tal qual maçã (via que não era gostoso e cuspia). Aos poucos ele desenvolveu alguns hábitos que são comuns em outras crianças e que arrepiam o cabelo de muitas mães.
Comidas brancas
Ele mudou de escola e passou a fazer o almoço por lá. Na agenda vinha como anotação:”só comeu arroz”, da outra vez: “hoje aceitou arroz e frango”. Não me desesperei, sei que muitas crianças e adultos que passam por mudanças maiores elegem um item de segurança. As comidas brancas – como arroz, queijo, macarrão e frango – são desde o início dos tempos sinal de comida segura. Os especialistas relatam que o branco é o neutro, comidas brancas também tem um sabor mais para neutro e isso é ouro nessas ocasiões.
O que eu fiz?
A escola permite e incentiva que pais almocem com seus filhos ao menos uma vez ao mês, por isso marquei um dia e fui. Fiz nossos pratos e acrescentei no dele um item diferente, era o feijão. Dali em diante, um novo item foi sendo adicionado e o prato que antes era branco total agora tem mais cores.
Comida seca
Esqueça ensopados, estrogonofe e sopas, aqui em casa a comida tem que ser seca. Se eu colocasse farofa em tudo, ele bem que ficaria satisfeito. (Também existe o contrário, crianças que só gostam de “comida molhada”.) isso não é lá um problema muito grande se você percebe desde o início que o seu filho recusa ou aceita melhor um dos dois tipos.
O que eu fiz?
Lanço mão de alguns truques para dar uma “engrossada” em determinadas preparações. O ensopado é mais denso porque tem linhaça e farinha de grão de bico no molho, a farofa tradicional ganha companhia da farinha de aveia e de floretes de couve-flor cru e processado.
Verde não!
Os cientistas justificam que as crianças sentem o amargo característico dos vegetais da cor verde (nós já não sentimos mais) por conta da “virgindade” de suas papilas gustativas, e que por isso torcem o nariz e fecham a boca.
O que eu fiz?
No início me desesperei (e continuo me desesperando vez ou outra) porque ele não aceitava nem ver o verde no prato, tinha que tirar para poder comer o resto. Acho que aquela cabecinha cultivava a ideia de que o verde ali “contaminaria” todo o restante da comida. Escondi alguns no feijão, no molho do macarrão e embaixo da farofa (hahahaha), mas depois de um tempo, a nutricionista brigou com a mãe e decidimos que não dá mais para esconder. A luta continua e vai valer um post novinho em folha assim que essa batalha terminar e eu determinar que essa greve é ilegal.
Preguiça
Em parte é minha culpa, porque ele sempre queria fazer outra coisa e não parava para comer, então as refeições eram a duas colheres, uma para ele e outra para mim, ou para quem estivesse com ele durante as principais refeições. Só que ele cresceu e já não deveria ter a menor necessidade de supervisão ou ajuda. Tudo o que está em seu prato é possível de ser colocado na colher e levado a boca. Mas ele tem preguiça e ela sempre o vence. #mesentindomenosmae #mesentindomenosnutricionista #naomejulguem
O que eu fiz?
Comprei louça e talheres novos com menos cara de bebê e mais jeito de menino grande. Quando estamos todos juntos (final de semana), a mesa é posta com jogo americano e pratos iguais para todos. Continuo com as duas colheres, mas agora ele come sozinho, em uma das colheres eu coloco para ele comer e a outra ele coloca e come. O objetivo agora é tirar de vez.
Dica:
O que funciona para todos os casos acima, mas que é impossível fazer todos os dias e em todas as refeições, é envolver seu filho no processo do preparo das refeições.
Pode ser a escolha do cardápio, compra dos ingredientes, ajuda na cozinha, colocar a mesa… Ele se sentir parte, saber que fez algumas escolhas.
Não deixe a escolha totalmente por conta da criança, separe duas ou três opções no máximo e deixe ela escolher o que quer comer – vai parecer que ela está no comando, mas na verdade quem está virando o jogo é você.
Crédito das imagens: Shutterstock
2 Comentários
Aqui em casa quando meu filho parou de querer o verde eu testei colocar no arroz e deu super certo… Coloco qualquer coisa verde e faço o “arroz nutritivo” que é de onde vem a força, a velocidade e a inteligência que ele tem. 🙂
🙂