Maternidade tardia: Saiba quais são seus riscos e benefícios

Pode estar tudo muito claro na sua cabeça desde sempre: seus planos, projetos, prazos e realizações. O que vai acontecer, quando, como, onde e com quem. E com toda certeza você se empenhou e correu atrás para realizar seus sonhos. Mas a vida, ah, a vida, essa danada maravilhosa, ela tem agenda própria. Ela nem sempre vai cumprir o combinado. Ela é espontânea, inesperada, divertida, sofrida, dura, generosa e sobretudo imprevisível. E como passa rápido…

Foi assim, vivendo, que aos 39 eu me peguei dentro de uma vida bem diferente da que tinha planejado. Foi quando abandonei projetos antigos, fiz novos planos e decidi engravidar novamente. Onze anos depois de ter tido o meu primeiro filho, planejado, concebido dentro da melhor faixa etária para se ter um filho, segundo a ciência.

Em 2017, tive que me familiarizar com o termo maternidade tardia em minhas pesquisas pelo Google. Tardia? Justo agora, no momento em que me sinto tão preparada e segura?

Confesso que fiquei com um certo medo e cheia de dúvidas quando comecei a ler sobre o assunto. A maior parte das matérias fala apenas sobre os riscos da gravidez tardia. Sim, eles existem e aumentam com o passar dos anos. Mas é possível se planejar, tomar os cuidados necessários e partir em busca de um final feliz com seu filho nos braços. E mais, você não é a única nessa aventura. Cada vez mais mulheres estão tendo filhos depois dos 35 anos. Está mais do que na hora da gente falar sobre o assunto.

 

Primeiro filho depois dos 35 anos

maternidade tardiaPinterest

Ter filhos em idade mais avançada não é uma exclusividade da nossa geração. Antigamente, quando as famílias eram maiores, as mulheres começavam a ter filho bem mais cedo, é verdade, mas elas continuavam a parir até o fim de seu período reprodutivo. O que está mudando atualmente é o fato das mulheres estarem tendo o seu primeiro filho mais tarde.

Na Europa (com exceção da Europa Oriental), hoje em dia, as mulheres têm seus primeiros filhos em média entre 26 e 29 anos. No início dos anos 1970, para se ter uma ideia, a média variava entre 23 e 25 anos. Na Alemanha, a porcentagem de mães tendo filho com 35 anos ou mais já está em 25,9% – em 1981 era de apenas 7,6%. Na Espanha, a média de idade dessas mulheres alcançou um recorde histórico em 2016, 32 anos.

E não é só na Europa que isso está mudando. Nos Estados Unidos, a média da idade do primeiro filho também subiu para 26 anos – em 1970 era de 21 anos. No Japão, China, Turquia a mesma coisa está acontecendo. Assim como no Brasil, conforme falamos no nosso primeiro post.

Dificuldades e riscos de engravidar depois dos 35 anos

O maior risco de deixar para ter o primeiro filho depois dos 35 anos é justamente não conseguir engravidar. As taxas de fertilidade começam a diminuir gradualmente aos 30 anos, e tem declínio importante depois 35.

Além da dificuldade de engravidar, a mulher depois dos 35 anos tem mais dificuldade de conseguir manter a gravidez. As taxas de gravidez ectópica (gravidez que ocorre fora do útero) e de aborto espontâneo sobe significativamente com a idade. As taxas de abortamento espontâneo passam de 10% em mulheres aos 20 anos para 40% aos 40 anos. Eu mesma engravidei e perdi um bebê um pouco antes dessa gravidez. Vou falar sobre isso depois também com mais detalhes.

Depois de conseguir finalmente engravidar, a mãe de mais de 35 anos tem uma preocupação a mais: os riscos de alterações genéticas. O risco para Síndrome de Down também aumenta – aos 25 anos é de 1/1.250, enquanto aos 40 é de 1/100.

Outra preocupação a se levar em conta é que quanto mais velha, maiores são as probabilidades da mulher ter doenças crônicas, como pressão alta e diabetes. Também aumentam os riscos de desenvolver certas complicações durante a gravidez como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e problemas na placenta. As chances do bebê nascer prematuramente e com baixo peso aumentam também.

Mas calma, não se desespere!

Não precisa sair correndo daqui. Estamos juntas! Eu também li sobre tudo isso e fiquei com medo. Pensei duas vezes, reavaliei minha decisão. Mas é muito importante saber sobre tudo isso, se informar, para poder tomar uma decisão consciente e todos os cuidados necessários. Saiba também que para cada um dos riscos e dificuldades listados acima, estão surgindo avanços científicos para tornar a maternidade tardia mais fácil e segura. Vamos falar sobre cada um deles detalhadamente nos posts seguintes.

O ideal para a mulher que deseja engravidar depois dos 35 anos é que ela comece a fazer o pré-natal antes mesmo de engravidar. Ela deve fazer exames clínicos e laboratoriais para saber como está sua saúde e começar a ingestão de ácido fólico pelo menos três meses antes da concepção (consulte seu médico!). Com um pré-natal adequado e cuidando da sua saúde, você pode evitar alguns dos riscos citados acima.

 

Benefícios da maternidade tardia

Hora de falar da parte boa. Sim, a maternidade tardia tem seus benefícios!

Se do ponto de vista biológico, uma mulher com mais de 35 anos não está na idade ideal para engravidar, do ponto de vista emocional, ela está em seu melhor momento. De modo geral, depois dos 35 anos, provavelmente a mulher estará em um emprego mais estável, com um salário mais alto – pois a maioria das mulheres que tiveram filho mais tarde decidiram investir primeiro em suas carreiras. Além disso, elas possuem uma maior experiência de vida e mais conhecimento, o que tende a compensar o menor vigor físico da idade.

Vários estudos recentes investigaram os benefícios da maternidade tardia:

Um estudo publicado em fevereiro de 2017 no International Journal of Epidemiology revelou que as crianças nascidas de mães de 35 a 39 anos alcançaram resultados significativamente melhores nos testes cognitivos do que aqueles das crianças com mães mais novas.

Outro estudo recente da Universidade do Sul da Califórnia mostrou que dar à luz depois dos 35 anos melhora as habilidades mentais da mãe. Acredita-se que isso se deva ao aumento de hormônios, como estrogênio e progesterona, produzidos durante a gravidez.

Um outro estudo da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, concluiu que a mães tardias educam impondo menos castigos e com menos violência verbal do que as mais jovens. Atitude que traz um maior bem estar emocional para as crianças.

Já a Escola de Medicina da Universidade de Boston concluiu que as mulheres que tiveram seu último filho depois dos 33 anos têm mais probabilidades de viver até os 95 anos. E mis, elas têm o dobro de chance de viverem até os 95 anos se comparadas com àquelas que tiveram seu último filho antes de completar 30 anos.

Convido todas vocês a entrarem no nosso grupo do Mundo Ovo no Facebook para a gente continuar o papo por lá até nossos 95 anos. Se o Facebook vai estar vivo até lá eu não sei, mas a gente vai! Até a semana que vem!

 

*Crédito da imagem em destaque: Photo by Alexander Dummer on Unsplash
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