Filho único e o desejo de ter mais um bebê

Filho único e a vontade de ter um segundo bebê são temas recorrentes entre nós três na intimidade de nossas reuniões bissemanais. Não tenho dinheiro, não tenho mais idade, não tenho um companheiro, não tenho mais energia e mais um monte de “não tenhos” são só alguns dos argumentos que damos umas às outras pincelados de uma lista interminável de desculpas. Nossos filhotes estão crescendo. E é por isso mesmo que existe uma vontade. E uma falta de boa vontade.

Faz um tempo que eu tenho evitado entrar nessa conversa. Como se eu já não pudesse sequer ter vontade. Ou a opção. E à medida em que eu afasto essa possibilidade do meu coração, aumenta o desejo da Victoria de ter um irmão. Na verdade, uma irmã. Ou um cachorro, o que vier primeiro.

A última conversa foi um bocado cruel:

– Mamãe, eu sou a única criança que não tem um animal de estimação!

– Filha, mas imagina como vai ser para ele! Nós passamos o dia todo fora de casa, como alguém vai cuidar dele, o bichinho não pode ficar sozinho o dia todo. A gente sai de manhã cedo e só volta à noite, ele vai ficar muito triste e com fome, blábláblá.

– Mas mamãe, e se eu tivesse uma irmã?

– Filha, olha, não sei se dá para a gente ter mais um bebezinho em casa.

– MÃEEEE, eu não posso ter nada. Eu vou ser sempre sozinha?

Caramba! Esse soco foi abaixo da linha da cintura! Pausa pra mãe correr pro banheiro e chorar até morrer.

Antes da Vicky nascer eu jamais imaginei que ela seria filha única. Eu tinha 37 anos quando ela chegou, e imaginei que aos 39 ou 40 eu já teria mais um bebezinho em casa. Mas a vida puxou o tapete com força e eu me vi sozinha e com uma única filha. Os 40 passaram e os 42 estão chegando nos próximos dias. Se eu quiser um bebê, preciso estar certa. Mas não estou. Fiz uma lista de prós e contras na esperança de conseguir chegar a uma conclusão.

 

Por que eu queria engravidar novamente?

  • Mais uma chance de experimentar a gravidez. Eu AMEI estar grávida.
  • Amor em dose dupla.
  • Um irmão (perdão, irmã) para a Victoria. Vida com irmãos é maravilhosa!
  • Uma chance de viver a gravidez de uma maneira diferente. Fazendo coisas que não fiz da primeira vez e abandonando algumas bobagens.
  • Fazer um ensaio de gestante. Não fiz da Vicky e me arrependo muito.
  • Celebrar mais a gestação e trabalhar menos.
  • Ter mais cheirinho de bebê na minha vida.
  • Mais gente pra dormir na minha cama.

 

Por que seria difícil ter mais um bebê agora?

  • 42 anos. A idade pesa e a energia já não é mais a mesma.
  • Ficar sem dormir. De novo. Puxado.
  • Neuras: vou conseguir ter parto normal? Vou conseguir amamentar? Ele vai ter sempre saúde? Acordar pra ver se ele está respirando? Crechites sinistras como foi com a Vicky?
  • Dinheiro. Não tá fácil pra ninguém.
  • Ser mãe verdadeiramente solteira. Não só separada/divorciada. Mas solteira.
  • Um bebê sem pai.
  • Vida surtada com duas crianças de idades bem díspares. Já não dou conta hoje. Como daria conta no futuro? Teria que fazer grandes mudanças na minha vida e não sei se estou disposta a abrir mão daquilo que consegui conquistar pra mim nos últimos dois anos.

 

Foi fácil produzir os prós e contras, mas não consegui chegar uma conclusão. Todos os pontos são importantes e ao mesmo tempo tudo me parece contornável. Sou uma pessoa com bastante jogo de cintura e se me jogam no abismo eu eventualmente caio de pé.

Minha maior questão, na verdade, é aquela que eu não quero encarar: de que forma eu “faria” esse bebê? Jamais seria com um moço desavisado. O golpe do “foi mal” não passa sequer na minha cabeça. Através de fertilização artificial? Me parece meio frio e por demais solitário. Adoção é pra onde meu coração bate mais forte. Lidaria com a frustração  que seria não engravidar novamente?

Escrevo essas linhas tão íntimas para vocês, mãe e leitoras, porque o anonimato na internet assim me permite. Talvez vocês estejam passando pela mesma coisa. Talvez vocês entendam esse dilema que é querer ser mãe novamente, mas estar com a cabeça cheia de dúvidas e um pouco paralisada por uma suposta falta de opções. Enquanto isso, o tempo passa e vai diminuindo as chances de sequer ter uma opção.

É dura essa vida de ter um relógio biológico que mais parece uma bomba relógio dentro de você.

 

ps: esse post está cheio de links para outros posts nossos. É tudo interligado, né?

 

Imagem destacada: seb001 Shutterstock

 

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13 Comentários

  1. Ivanda
    21 de Maio de 2015 at 11:04 — Responder

    Tenho passados por este mesmo dilema… com a diferença que tenho um marido que não quer ter outro filho alegando que não tem condições financeiras… já tinha me acostumado com a ideia mas ultimamente a vontade de ter outro filho veio com força total.

  2. Daniela Maia
    21 de Maio de 2015 at 12:08 — Responder

    Minha filha já me pediu um irmãozinho várias vezes. E olha que ela já tem irmão. Eu respondo tudo que está no meu coração: ‘Filha, a mamãe não quer ter outro filho, primeiro porque não tenho um marido, segundo o dinheiro sempre falta e terceiro falta paciência, disposição’. Aí vou te explicar: sou separada, o pai deles muito ausente, é tudo comigo, e eu não tenho mais como assumir uma criança sozinha, jamais adotaria ou faria produção independente, por aqui o dinheiro sempre tá faltando, nunca sobra e a principal das razões, esse ano já faço 45, não tenho mais energia e disposição p/ cuidar de bebezinho, passar noites em claro, enfrentar as ites sozinha. Então, p/ MIM, não dá, às vezes dá uma saudade, mas passa logo, minha amiga, logo mesmo. O meu tempo de bebezinho em casa já passou. Agora quero outras coisas, me cuidar, dar conta dos dois, etc. Mas isso sou EU. Te aconselho a ouvir o teu coração, ele nunca falha.

  3. 21 de Maio de 2015 at 15:08 — Responder

    Oi
    Tambem estou vivendo essa indecisão, adorei ler seu Post me identifiquei de mais.
    Mais por enquanto resolvi esperar mais um pouco.
    Bjus e parabens pelo Blog eu adoro!!!

  4. Liliane
    21 de Maio de 2015 at 15:44 — Responder

    Com 36 anos, marido e uma filha de 9 meses, também estou nesse dilema de ter ou não outro filho. Se for pensar de, forma egoísta, só em mim: na dificuldade de cuidar de um bebê (não dormir, cuidar da alimentação, amamentar…), nos custos altos de uma criança (creche, roupas, brinquedos..), etc. eu não teria outro filho. No entanto, quando penso na minha filha, quando penso como é bom ter irmão (tenho 2) quando criança e o quanto precisamos dos nossos irmãos na vida adulta, para nos orientar emocionalmente, nos socorrer financeiramente e dividir conosco a tarefa de cuidar de pais e avós idosos, imagino que não posso tirar da minha filha o direito de ter um irmão. Não posso colocá-la no mundo e dizer “Se vira, quando eu não estiver mais aqui”. Então, quero fazer de tudo para lhe um irmão (irmã), mesmo que seja por adoção.

  5. Simone
    21 de Maio de 2015 at 18:02 — Responder

    Meu comentário ficou todo picotado
    Espero q possa entender
    Qq coisa, me cháma pra um papo que eu te conto Mais
    Bjs

    • Camila
      22 de Maio de 2015 at 13:10 — Responder

      Si, não veio comentário algum seu. manda de novo pra todo mundo poder ler 🙂 beijinho

  6. valeria Rezende
    25 de Maio de 2015 at 14:31 — Responder

    Olá Camila.Tenho 36 pra 37 anos e um filho de 9 meses.Antes de engravidar dizia que teria só um filho, mas agora tenho muitas dúvidas.Também estamos pesando os prós e contas.Sou filha única, sempre gostei disto e nunca me senti sozinha.Também é bom ter a atenção dos pais sópra gente(rrss).Beijos!

    • Camila
      26 de Maio de 2015 at 10:41 — Responder

      Oi Valeria, toca aqui 0/. Que difícil essa decisão né? Eu se fosse você já aproveitava o embalo, hahahaha. Beijos

  7. 31 de Maio de 2015 at 18:55 — Responder

    Oi Camila! Bom, o meu está com apenas 1 ano e 2 meses, e meu marido está doido pra já termos o segundo!! Ele diz que já estamos com a mão na massa, que quem cuida de um já cuida de outro, mas é porque ele não passa o dia todo cuidando do Lorenzo! rsrsrs Eu sou louca pra ter um segundo filho, mas não agora, quero esperar mais um pouquinho! Beijos!

    • Camila
      1 de junho de 2015 at 14:44 — Responder

      Eu sempre pensei que quando a Vicxky completasse 2 anos seria o ideal pra engravidar de novo. E vc pensa em mais quanto tempo?

  8. Joana
    19 de setembro de 2016 at 16:53 — Responder

    Estou também nessa indecisão… Minha filha está com 1 ano e 2 meses, eu com 36 e a 2 anos e meio de terminar a faculdade de medicina. Sim, minha segunda faculdade. Está difícil decidir entre engravidar agora ou esperar: esperar até terminar o curso, nas portas da residência que a gente sabe que ê uma época difícil de ter tempo para o bebê – mas quando eu pelo menos teria licença maternidade de verdade (embora curta né). Engravidar agora, e passar a gravidez no hospital, com plantões, trancar a faculdade e adiar a minha formatura (e me formar com 39 anos). Pra complicar, minha filha tem o sono bem ruim, acorda umas 3 vezes a noite ainda para mamar e nunca jamais passou das 7 da manhã, com uma tendência a acordar às 5 nos finais de semanas e feriados. O sono às vezes toma conta e o cansaço acumulado está criando estresse no casamento. Mas a vontade de ter outro… De dar um irmão para Maria Clara… Sou filha única e senti sim falta de um irmão.

  9. Aline B. Sudo
    19 de setembro de 2016 at 20:26 — Responder

    Oi Camila! Me identifiquei muito com seu post, estou também passando por um dilema muito grande. Meu filho está com 1a3m e o marido quer muito um segundo filho. Ele é filho adotivo, único, de mãe solteira e quer uma família grande. Mas tive diabetes gestacional e minha gravidez foi muito difícil. Só de pensar em ficar grávida de novo me dá arrepio. Mas ao mesmo tempo quero muito um irmãozinho para meu filho, tenho um irmão e sei como nós somos importantes um para outro. Quero que meu filho viva isso também. Mas tem a questão dos contras né, falta disposição, dinheiro e principalmente coragem!!! Coragem pra encarar todas as intervenções no meu corpo, pois tem um risco enorme de eu ter diabetes novamente e coragem também pra encarar um processo de adoção, que imagino não deva ser fácil. Agora que voltei a me olhar um pouco como mulher e não só como mãe, voltei a trabalhar e a ganhar meu dindin… São tantas dúvidas!!! Inclusive queria te perguntar: Conhece algum grupo de mães que tiveram diabetes na gestação? Obrigada por compartilhar suas agonias! Adoro seu site, me faz sentir que não estamos sozinhas nesse mundo maluco da maternidade!!! Grande beijo!

  10. Si
    26 de julho de 2018 at 22:14 — Responder

    Oi Camila, estou passando por tudo que você passou. Às vezes me sinto tão triste e injustiçada… queria saber como você está agora.
    Beijos

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