SMILF é um termo bastante pejorativo: “single mothers I would like to fuck” (ou “mulheres solteiras que eu gostaria de foder”, em bom português) parece coisa de filme pornô, mas é uma série imperdível sobre os bastidores secretos da vida de um monte de mães solteiras que estão por aí, eu inclusive.
E é com esse título tão cru que eu tomei conhecimento dessa série incrível e um bocado incômoda. A mãe que não é solteira talvez não consiga se identificar tanto com alguns dos dramas e dilemas e um deles é escolher se vai ou não transar casualmente com um parceiro enquanto seu filho está dormindo no quarto ao lado.
A vida não acaba com a chegada da maternidade solo
Sexualidade e me enxergar como mulher são apenas alguns dos temas que eu venho abordando frequentemente por aqui. Oras, amigas, estou separada há cinco anos, minha filha vai completar oito anos e eu estou há dias de completar 45 anos. Vocês acham mesmo que a minha vida iria para sempre se resumir a trabalhar pra sustentar uma família e cuidar para que Vickylinda cresça mais ou menos ajustada?
Claro que não. Minha vida é rica de amigas e amigos, programas que podem ou não envolver crianças, de fazer coisas por mim como depilar, tirar sobrancelha e lutar boxe. E sim, sexo, relacionamentos, casos, ficadas e pegação. Lembra quando você era solteira e saiu se divertindo com todos os homens errados até achar o certo? Então. Mudou um monte de coisas desde 1998, mas ao mesmo tempo não mudou nada.
E sim, eu aproveito os dias em que ela está na casa do pai como se não houvesse amanhã. Nada me irrita mais do que ficar em casa de bobeira nas oito noites do mês que eu tenho só pra mim. Tem quintas-feiras que eu imploro pra alguma amiga, alguém, sair comigo. Imploro.
SMILF é importante por que é preciso lembrar que somos mulheres antes de qualquer coisa, é preciso lembrar que mãe solteira não está em um pedestal solitário e casto criando crianças. Ela está pela vida lutando pra lembrar-se de si mesma em um mar de culpa, solidão, falta de solidariedade e muito, mas muito julgamento. E pena. Já parei de contar do número de vezes que as pessoas me olham com cara de pena.
E por que eu gostei de SMILF
O título incomoda, por que remete sobretudo a uma objetificação da mulher solteira e a série não é sobre isso. Mas ela é sobre ser mãe e sobre ser solteira e estar dando passos em falso todos os dias. É sobre errar e acertar. É sobre fazer merda e coisas lindas. Bridgette Bird, a personagem principal é uma boa mãe. Ela se esforça em dar uma infância feliz para Larry e acaba negligenciando bastante a sua vida amorosa. A personagem tem 22 anos e tem um monte de coisa ali que eu não vou passar mais, mas muita coisa sim. E representatividade é importante.
E onde acha isso?
A série é do Showtime. A primeira temporada (2017) tem oito episódios e eu achei no YouTube em inglês e sem legenda. Se você tem Amazon Prime você também consegue ver. Só não perde. Vasculha que você acha.
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