Treinar o sono do bebê não é uma tarefa fácil, muito menos uma prática unânime. Aqui eu conto um pouco da minha experiência e como venho falhando miseravelmente.
Escrevo esse texto depois de uma noite muito mal dormida. Então, desde já, me perdoem qualquer coisa. Posso contar nos dedos as vezes em que dormi noites inteiras nos últimos seis meses. Se você é mãe de bebê, deve estar no mesmo barco, ou não. Talvez você tenha conseguido treinar o sono do bebê, talvez você tenha um ótimo “dormidor”.
Martin nunca teve um sono regular, mas nunca me senti no direito de achar ruim. Existem bebês que dormem muito pior do que ele, bebês que gritam de cólica de madrugada, mães que passam anos sem saber o que é dormir mais de três horas seguidas. Então, sempre achei que não podia reclamar.
Mas chegou o momento. Fiquei exausta. O quarto mês foi o mês do sono terrível por aqui. A noite se tornou um mistério, nunca sabemos o que pode acontecer, se ele vai acordar em meia hora ou seis.
Nesse tempo ele já: dormiu noites inteiras, acordou para mamar de 3 em 3 horas, acordou apenas uma vez e dormiu 5 minutos depois. Ele também já teve a fase de acordar a cada 4h, de acordar no meio da madrugada para brincar, de não querer voltar a dormir.
E por isso, decidimos (eu e marido) tentar alguma coisa para treinar o sono do bebê.
Eu sei que esse é um assunto polêmico. Por aqui, nunca gostei do conceito de “treinar” o bebê para qualquer coisa. Até por isso a vida do Martin sempre foi uma grande livre demanda, na qual ele mesmo criou uma rotina pra gente seguir. Quando a hora da bruxa começou a ser um problema, criamos um ritual do sono que funcionou e funciona até hoje para ele entender que a noite não é hora de soneca.
>> leia aqui sobre o que funcionou para a gente na Hora da Bruxa <<
E aí eu fui ler sobre os métodos de treinar o sono do bebê só para descobrir que, meudeusdocéu, estava fazendo um monte de coisa “errada”. A primeira e mais importante delas é que eu não deveria, segundo todos os especialistas, deixar o bebê adormecer no peito. Lá se foi a parte essencial da rotina de sono dele e toda a minha segurança.
Tentei seguir o método mais simples possível, de manter um ritual que vi num blog de uma americana. A ideia era brincar, amamentar, dar banho, contar uma história e colocar o bebê no berço já bem calmo e cansado.
Lindo, mas não funcionou e eu desisti em dois dias.
Martin não é um bebê calmo quando está cansado, muito pelo contrário. Quando ele está cansado e com sono, ele berra. Minha saúde mental não aguentou. E aí eu li mais.
Li sobre os ciclos do sono e não entendi nada. Pode ser que seja a privação do sono. Mas basicamente dizem que o bebê dorme ciclos de 30 a 50 minutos, dando mini acordadas e se re-colocando para dormir. Se tudo estiver bem (quarto escuro, alimentado, fralda seca), ele volta a dormir. Se não, ele acorda e precisa ser colocado para dormir.
Parece lógico, mas não me identifiquei. Aqui já tivemos noite que prometiam ser idênticas e foram totalmente diferentes, sendo que não mudamos absolutamente nada na rotina. Vai saber. O grande ponto da maioria dos métodos para treinar o sono do bebê é como colocá-lo para dormir depois que ele acorda.
nenhum método funciona aqui, socorro
Pois então li mais ainda e fui descobrir os métodos de fazer o bebê voltar a dormir. O método da Encantadora de Bebês parecia com o que eu já tinha tentado (comer, fazer atividade e dormir). A ideia dela é: assim que o bebê acordar, você pega no colo, acalma e coloca acordado no berço para que ele possa pegar no sono sozinho.
Não funcionou. Primeiro, porque Martin fica muito irritado com sono, vira de bruços, vira de costas, bate os pés e os braços. Segundo, porque se pegarmos ele no colo ele dorme. E aí lá se foi a ideia de colocá-lo acordado no berço.
Depois disso, descobri alguns métodos que consistiam em não pegar o bebê e acalmá-lo ainda no berço. O método da cadeira da Sleep Lady, Kim West, por exemplo: em um dia você coloca o bebê acordado no berço e tenta acalmá-lo até que ele durma sentada ao lado. No dia seguinte, a mesma coisa, mas com a cadeira um pouco mais afastada e assim por diante.
Não funcionou. Martin nos vê ao lado do berço e quer ser ninado, quer colo, quer carinho. Meu coração não aguenta, desculpem. Ele ganha colo, volta a dormir e pronto.
deixar chorar é uma crueldade só que… ops!
Sempre fui contra o famoso método Ferber e seus desdobramentos que mandam deixar a criança chorar até que ela mesma se acalme e volte a dormir. O método Nana Nenê, também super famoso, tem até uma tabela de minutos que devemos esperar até entrar no quarto para acalmar o bebê – sem jamais pegá-lo no colo.
Esses métodos que consistem em deixar o bebê chorar são, hoje, super criticados. E, na minha opinião, são métodos ignoram a livre demanda de leite materno. Como eu não vou pegar o bebê berrando se eu acho que ele está com fome? Além disso, eles ignoram que o bebê é um serzinho que acabou de chegar no mundo e, sim, vai chorar porque se expressa assim.
Mas como a maternidade é um eterno “cuspir pra cima”, a primeira noite em meses que eu dormi oito horas seguidas foi porque eu não ouvi o Martin chorar. E sim, ele chorou por 15 minutos e depois voltou a dormir até de manhã. Eu só sei disso porque tenho uma babá eletrônica moderninha que manda alertas para o telefone (e grava os “eventos” da noite).
Provavelmente ele chorou por hábito e não por fome ou qualquer outra coisa. Ou de repente, tinha algum incômodo mesmo, mas nada tão grave. Então, conversamos novamente sobre deixar chorar como método de treinar o sono do bebê. A conclusão? Seria ótimo se fossemos capazes de deixar o bebê chorar até se acalmar. Não somos, vida que segue.
o que está funcionando, então?
Bom, por enquanto, de verdade, nada. No momento, estamos sendo extremamente pacientes, principalmente durante os saltos de desenvolvimento em que ele dorme muito mal.
Mas há esperança. Já percebemos que quando ele tem um dia agitado e tira todas as sonecas completas, ele dorme muito bem à noite. Das coisas que eu li, a que me pareceu mais coerente com nosso estilo de vida foi exatamente sobre sonecas e sobre “higiene do sono”.
Pelo pouco que li (ainda estou pesquisando), o conceito de higiene do sono (da consultora Marcia Horbacio) fala mais sobre entender o bebê, perceber quantas horas de sono ele precisa e adaptar as atividades do dia, do que atuar radicalmente na hora fatídica da noite.
Aqui, quando as sonecas são respeitadas com calma, sem stress, ele dorme. Sim, elas são essenciais para um sono de qualidade e tranquilo. É difícil acreditar mas quanto mais ele dorme durante o dia, melhor ele dorme à noite. Ponto para os especialistas.
Vamos tentando isso por aqui e com alguma expectativa. Querem atualizações eventuais?
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Oi Nina. Eu te recomendaria o livro “Besame Mucho”, do pediatra espanhol Carlos Gonzalez. Não fez meu filho dormir melhor, mas me fez entendê-lo melhor e isso me ajudou muito, muito mesmo. Força pra vc!!