A primeira noite em casa com o bebê

Minha casa, meu refúgio. Um lugar que me traz segurança e conforto. Um lugar que eu sempre gostei de ficar. Onde sou capaz de andar com desenvoltura mesmo no escuro, quando acaba a luz. De onde eu tenho preguiça de sair e pressa para voltar. Meu lugar.

Sempre foi assim. Mas quando eu entrei na nossa casa com você no colo pela primeira vez, filho, quase não a reconheci. Era a mesma sala? Os mesmos móveis? Ela não era mais iluminada? Não tinha menos correntes de vento?

Passei meses preparando seu quarto, mas de repente ele parecia grande demais para você. Longe demais. Frio.

Eu fiquei insegura. Tive medo. Senti falta das enfermeiras e até do tom pastel horroroso da parede do quarto da maternidade. Eu e você, sozinhos, será que a gente ia saber ser mãe e filho? Como demorei aquele dia para andar da sala até seu quarto…

Decidi tomar banho para ver se aquele sensação de estranhamento passava. Eu estava feliz, não me entenda mal, mas parecia ter entrado em uma dimensão paralela. Quando saí do banheiro, sua avó já estava na cozinha preparando meu almoço e trazendo a rotina de volta na marra.

Entrei no quarto com o seu pai e você estava ali, deitado no seu berço. Não tinha passado nem 15 minutos e o quarto já tinha o seu cheirinho. Você pertencia ali. Tudo fez sentido. E eu chorei de alegria.

O resto do dia foi tranquilo, mas ainda estranho. Quando anoiteceu, tive medo como uma criança que teme o escuro. A primeira noite foi ruim, não porque você deu trabalho, pelo contrário, foi o silêncio que me incomodou. Você dormiu bem, só acordava para mamar, mas eu não conseguia decifrar seu sono. Estava realmente tudo bem? Tinha medo de adormecer e não te ouvir. Acordei a noite toda ou nem cheguei a dormir? Realmente não lembro.

No dia seguinte, dormimos muito bem de manhã – e esse passou a ser o meu horário mais tranquilo e restaurador de sono durante alguns meses. Acordava 5h30, 6h, te amamentava, e depois voltava a dormir por três ou quatro horas. Valia mais do que as horas de sono durante a noite. Os dias se arrastavam demoradamente e se tornavam mais familiares e confortáveis. A casa voltou a ser novamente um lugar calmo e seguro, nosso refúgio.

Aí chegou o dia de você dar seu primeiro passeio. E eu novamente tive medo, dessa vez, para deixar nossa casa. Mas isso é conversa para outro post.

 

*Crédito da imagem: Shutterstock

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1 Comment

  1. Daniela
    15 de julho de 2015 at 12:47 — Responder

    Eu também me senti insegura .
    Quase nem dormi , pensei na responsabilidade de ter uma vida dependendo tanto de mim. Me lembro de sentar na cama e conversar isso com meu marido no meio da madrugada.

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