Muita gente entende que brinquedos não deveriam ser classificados por sexo ou gênero. Ao mesmo tempo, muitas pessoas insistem que existem brinquedos de menino e brinquedos de menina e que é importante manter essa separação.
Não é a primeira vez que falo sobre brinquedos de menino e brinquedos de menina por aqui. Provavelmente, não é a última. Nas últimas duas semanas, a ideia de produtos infantis divididos por gênero voltou a fazer parte de agressivas discussões na internet.
De um lado, as pessoas que acreditam que sexo não determina habilidades ou aptidões. Pessoas que entendem que meninos e meninas deveriam ser ofertadas as mesmas possibilidades e oportunidades. E que isso garantiria um maior autoconhecimento e autonomia na vida jovem/adulta.
Do outro lado, pessoas que acreditam que sexo determina, sim, habilidades e aptidões. Muita gente que entende que não deveríamos nunca “confundir” uma criança sobre o papel dela na sociedade. Que meninas são meninas e por isso têm papéis de menina. Que mulheres devem ser treinadas para serem mulheres de acordo com os estereótipos sociais. E vice-versa.
o polêmico vídeo da BBC sobre adultos e brinquedos para menino e meninas
No topo da polêmica, um vídeo da BBC (replicado pela BBC Brasil) mostrava um experimento feito com adultos. A intenção da experiência era determinar que adultos tinham um papel fundamentalmente influente na escolha da criança por certo brinquedo.
Durante o tempo do vídeo, podemos ver os adultos oferecendo carrinhos e robôs para o menino. Como você deve ter imaginado, para as meninas é ofertada a boneca e os brinquedos mais “fofos”. Na matéria, a BBC explicita: “os voluntários escolheram brinquedos exclusivamente de acordo com o que acreditavam ser o sexo das crianças e não nas habilidades que poderiam ser exercitadas com eles.”
Os comentários em apoio ao experimento foram basicamente equilibrados aos comentários de repúdio ao mesmo. Os que repudiaram o vídeo basicamente não entenderam que se tratava de uma experiência com o comportamento dos adultos e não das crianças.
Mesmo assim, havia muita gente defendendo que era obrigação dos pais criar os filhos dentro de estereótipos de gênero. E que fica reservado à vida adulta as escolhas questionadoras dos papéis de cada sexo.
Brinquedos de menino desenvolvem habilidades e os de menina são rosa
Será que já não é hora de entendermos que as brincadeiras da infância têm uma influência direta nessas escolhas da vida adulta? E que é assim que desenvolvemos certos tipos de habilidades limitadas em meninas e outros tipos de aptidões restritas para meninos?
Na onda da polêmica do vídeo, começamos a ver imagens de brinquedos educativos divididos por gênero. Por si só, essa já é uma ideia questionável. Por que educar homens e mulheres de formas diferentes já desde a primeira infância?
Não é difícil de prever que, propondo jogos de lógica mais fáceis para meninas e mais desafiador para meninos, estamos estimulando-os de forma diferente. Mais do que isso, estamos oferecendo uma clara vantagem de desenvolvimento intelectual ao garotos.
Para coroar as polêmicas, está rolando por aí o globo terrestre cor de rosa. Porque é muito mais importante para um brinquedo educativo (!) ser fofo e feminino do que ser geograficamente correto, certo? Não.
imagem de destaque por Markus Spiske on Unsplash
2 Comentários
E quem falou que o globo rosa é para meninas e o azul para meninos. Esta polêmica para mim existe mais na cabeça de vocês do que na realidade. Relaxem!
Acho que fotos, videos e até uma passada nas lojas de brinquedos provam que esta classificação por gênero está LONGE de ser uma fantasia e MUITO real.