Sophia é uma menina de cinco anos. Ela nasceu no Brasil, mas foi morar em outro país com sua mãe. Um país muito diferente, onde cai neve no inverno e as pessoas falam uma língua cheia de erres e fazem biquinho para dizer sim. Todos os dias, Sophia vive novas aventuras e descobre um mundo e uma cultura diferente. Eu sou a mãe de Sophia e nessa coluna eu vou dividir um pouco delas com vocês: As aventuras de Sophia na França.
Sophia e suas novas botas
O dia estava cinzento e as árvores estavam quase sem folhas. Sinal de que o inverno, a estação mais fria do ano, tinha chegado. Sophia brincava no quarto com suas bonecas.
Mamãe entrou no quarto:
– Chérie, coloque suas botas de inverno e seu casaco. Hoje vamos visitar sua amiga Emma.
Quando Sophia foi calçar suas botas cinza ela levou um susto: as botas não cabiam mais em seu pé! Ela tentou com toda a força enfiar o pé dentro da bota. Fez até uma careta de força. Mas não teve jeito. As botas não serviam.
Ela foi até mamãe.
– Maman, aconteceu uma coisa muito estranha com as minhas botas cinza de inverno. Elas ficaram pequenas e não cabem mais no meu pé!
– Não foram as botas que ficaram pequenas, querida. Foi você que cresceu. Você já esta ficando uma moça! Agora você precisa de novas botas de inverno. Antes de irmos até a casa da sua amiga, vamos passar na loja de sapatos. Lá tem muitos modelos de botas, com certeza vamos achar algum para você.
Quando entraram na loja de sapatos, um moço gentil que trabalhava lá veio conversar com mamãe: As senhoritas estão precisando de alguma coisa?
– Precisamos de botas de inverno para a minha filha, Sophia.
Havia muitos tipos de sapatos na loja: sapatos cheios de brilho, para festas, sapatos com laços, sapatos sem laço, sapatos para ir para a escola, sandálias e até chinelos! E uma parte todinha só de botas de inverno.
Sophia olhou, olhou para todos aqueles pares de botas. Qual deles ela iria escolher? Tinha botas cinza como o seu par anterior. Botas marrons. Botas pretas. Muitos, mas muitos pares.
– Agora querida, é só escolher um modelo de bota que você ache bonito e seja confortável.
– Mas maman eu não consigo escolher! São muitas botas de todos os tipos!
– Então escolha alguma que você ache bonita.
– Mas eu acho todas super lindas! Posso escolher todas?
– Não chérie, só vamos comprar um par de botas. Você só pode escolher um.
Sophia estava começando a achar esse negócio de comprar botas, muito complicado. Ela não conseguia escolher um entre todos os pares de botas. Quando ela estava olhando mais uma vez a vitrine, viu uma coisa maravilhosa, que ainda não tinha reparado, no cantinho. Ela mal podia acreditar no que seus olhos estavam vendo: um par de botas de cano alto, de camurça rosa, com fitinhas penduradas e detalhes em dourado. Era o par de botas mais lindo que ela já tinha visto na vida!
Ela arregalou os olhos e exclamou:
– Escolhi! É aquele ali que eu quero, maman! Aquelas botas cor de rosa! As botas mais super mega lindas de todo o universo!
– Mas querida, você não acha que essas botas são um pouco, assim, extravagantes?
Sophia olhou para a mamãe com cara de interrogação:
– Extravagantes?
– Extravagante é quando uma coisa é muito diferente de todas as outras e por isso chama muito a atenção. Muito mesmo!
– Não, não. De jeito nenhum. Essas botas não são extravagantes, elas são muito maravilhosas. Eu já amo elas.
Mamãe concordou em comprar as botas cor de rosa. Elas saíram da loja e foram direto para a casa de Emma. Chegando lá, Sophia abriu a caixa de suas novas botas e as calçou imediatamente! Elas eram realmente muito confortáveis e extremamente rosas. Quando começou a andar, ela percebeu que as botas faziam um barulhinho engraçado quando encostavam no piso: Tap! Ela começou a andar: tap, tap, tap. A andar mais rápido: taptaptaptap! A andar devagar: tap…tap…tap… Aquelas botas eram muito divertidas! Tap, tap, tap, tap, tap, tap ,tap, tap, tap, tap, ,tap, tap, tap, tap.
– Sophiaaaa!!! Pare já com esse barulho!
Em casa, Sophia não quis tirar as botas. Não quis tomar banho para não ter que tirar as botas. Não queria dormir para não ter que tirar as botas.
– Maman, eu amo tanto as minhas botas, eu nunca mais vou tirar elas.
Sophia dormiu de botas.
No dia seguinte, durante o café da manhã, mamãe estava comendo o seu cereal e disse:
– Nossa, que cheiro estranho é esse? Ela começou a mexer o nariz e cheirou seu cereal: – não, não é isso. Mexeu mais o nariz e cheirou a sua própria roupa: – também não sou eu. Cheirou a Sophia e disse: – há! É você!
– Eu o que maman?
– Você está com cheirinho de quem não lava o pé e tem chulé.
– Mas eu lavo o pé, maman!
– Você lavou os pés ontem?
– Hum… ontem não. Mas eu não quero tirar minhas novas botas. Nunca mais!
– Hiii, então vai ficar com um chulé terrível, porque você não vai lavar os pés, seus pés vão suar dentro das botas, e as bactérias – os bichinhos minúsculos que a gente não consegue ver – vão comer o seu suor e fazer cocô dentro da sua bota e é do cocô delas que vem o cheiro ruim do chulé.
Sophia arregalou os olhos:
– Cocô de bactérias em cima do meu pé? HAAAAAA!
Ela saiu correndo, tirou as botas e foi direto pro banho. Ela preferia usar suas botas novas com os pés limpinhos. Sem nenhum cocô de bactéria. Eca!
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