Quando começa a fase das papinhas de bebê – ou o período de introdução ao alimento sólido para um bebê eu vejo claramente que todas as mães do mundo se resumem em três versões: as que não sabem nada de cozinha, vão aprender a cozinhar o básico, não serão criativas, a criança vai passar a vida comendo chuchu e batata e vão apelar pras papinhas industrializadas de cara; as nutricionistas (e derivadas: chefs de cozinha, culinaristas etc.) que JAMAIS vão dar uma papinha industrializada, fazem cara feia pra papinha de sabores misturados sobretudo logo no início, investem em receitas sem usar industrializados e já estão com o cardápio do filho na geladeira desde que ele nasceu; e as que estão no meio termo: não entendem muito de cozinha, mas cozinham quando precisam; entendem o lado das nutricionistas quando elas não querem sabores misturados, mas vai fazer umas receitas mesmo assim e se esforça para oferecer o melhor, mas sem muita neurose. Eu me encaixo no terceiro seguimento.
Eu não entendo muito de cozinha, mas sei fazer o trivial gostoso do dia a dia. Sei seguir uma receita e ela sair direito. Adoro livros de culinária, até porque eu publico alguns deles e fiquei preocupada em aprender a oferecer o melhor pra Victoria. O bom é que a Patricia (uma das outras pontas do triângulo Mundo Ovo) estava só uns meses atrás de mim e ela, como boa nutricionista já tinha o cardápio do Adam pronto até ele fazer uns cinco anos. Então ela me ajudou muito nesse inicio e eu serei eternamente grata a ela.
E para mães que, como eu, querem oferecer o melhor, mas não sabem exatamente como, eu quero deixar as minhas dicas. O que funcionou lá em casa e o que não funcionou e o resultado disso hoje, com a Victoria completando dois anos na próxima segunda-feira.
Utensílios que eu comprei
Um papeiro: usamos até hoje. Ótimo pra fazer mingau.
Talheres separados: talher de servir, de preparar, faquinha de frutas etc.: na boa? Não sei por quantos meses eu mantive esse esquema. Acho que logo depois já tava tudo meio junto e misturado. Por outro lado eu ainda esterilizo mamadeira e uso esponja separada pras coisas dela. Então cada um com as suas neuras.
Baby Brezza: super fofo e chique, mas na prática só é ótimo se você pretende cozinhar uma coisinha na hora e não tem nada preparado na emergência. Se você, como eu, foi adepta do freezer, é meio besteira porque não dá pra cozinhar muita coisa. Vendi o meu seminovo e acho que não compraria de novo pro futuro próximo filho.
Coisas para o bebê: pratinhos com divisórias, colheres mil, copinhos etc.
Como foi o meu esquema
- A comida dela era toda preparada em caldos ao invés de água. Para saber por que, leia aqui
- A nutricionista disse que era melhor comer os legumes e frutas sempre separados nesse início para que o bebê pudesse sentir o sabor de cada coisa e decidir o que gostava ou não; e mais fácil de vermos potenciais alergias. Eu segui isso só mais ou menos. Às vezes ela comia misturado e também tudo bem.
- Eu congelava cada legume em bandejas de cubos de gelo. Depois fazia estoque tirando das bandejas de gelo e colocando os cubos em sacos plásticos. Cada legume em um saco. Por fora uma fita crepe indicando o sabor e a data que eu preparei. Fazia o mesmo com músculo e frango. E depois com carne moída. Aliás, com as carnes eu faço isso até hoje. Mas hoje em dia em potes com tampa de rosca e em cubos.
- Eu preparei um cardápio. Mentira. Eu copiei os cardápios que a Paty fazia para o Adam. Mas você entendeu. Tenha um cardápio em mãos. E vá separando os cubinhos para cada refeição. Descongele ao natural. Depois aqueça. Tem gente que usa o microondas e tem gente que esquenta em banho-maria.
- O meu pediatra foi muito tranquilo nesse sentido e liberou dela comer tudo muito rápido. Não recordo exatamente a ordem. Siga seu pediatra, leve livros e discuta cardápio com eles. O meu adora fazer isso e sempre fica com meus livros pra ele. Hahahaha.
- Ela começou comendo bem batidinho. Essa parada de amassar não rolou aqui em casa. Na verdade, ela demorou a aceitar pedaços, foi meio caótico. Então eu segui um post da Pat Feldman em que ela dizia que primeiro começou batendo tudo. E depois meio batia e meio amassava e depois ela passou a só amassar. Quando a Victoria ficou mais sagaz pra engolir fui começando a aumentar a consistência, a colocar pedacinhos e depois a aumentar o tamanho dos pedacinhos. Muito devagar, gente. Depois de muito tempo de tosses e engasgadas fenomenais e de papinhas cuspidas na minha cara.
- Aliás, sem culpa eu digo que eu adorava preparar as comidinhas, mas detestava oferecer a comida. Pra isso eu usava a minha ajudante que tem uma super paciência e foi fundamental na introdução alimentar da Vicky. Ela ficou muito tempo sem jantar porque eu detestava dar comida pra ela. Quando ela começou a comer sozinha, com 1 ano e 4 meses, eu fiquei feliz da vida e estou sempre incentivando essa independência nela, só pra me livrar dessa chatice. #prontofalei.
Observações importantes
- Tem gente que vai dizer que o pediatra é doido porque ele liberou achocolatado com seis meses. Briga com ele, leva os livros que você já leu e procura uma nutricionista. Use seu bom senso, né? O meu segue uma linha de pensamento parecida com a minha, por isso ele é o pediatra da Victoria.
- Toda mãe deveria procurar uma nutricionista para pegar dicas e orientações. Abriu muito a minha cabeça e acho que começamos com o pé direito.
- Use e abuse da sua amiga que tem um filho que come de tudo. Em alguma coisa ela acertou.
- Leia muitos livros e muitos sites e blogs. As dicas são inúmeras.
Dicas de livros
Tá tudo bem, é chapa branca, mas vou indicar três livros da minha editora que me ajudaram muito.
- A melhor comida para bebês do planeta (Karin Knight e Tina Ruggiero). Leia mais sobre ele aqui
- A panela amarela de Alice: memórias de cozinha e maternidade. (Tatiana Damberg). Leia mais sobre ele aqui.
- Aventuras gastronômicas de uma mãe de primeira viagem. (Patricia Cruz Smith). Leia mais sobre ele aqui.
Receitas
Aqui algumas receitas que a Victoria adorou logo de cara
Abóbora, maçã e frango
100g de frango
100g de abóbora
1 maçã pequena
1 colher de chá de cebola picada
½ colher de sopa de óleo de canola ou milho
400 ml de água
Aqueça o óleo e doure a cebola e o frango. Adicione a abóbora e a maçã, descascadas e em pedaços. Cubra com a água e deixe cozinhando em fogo baixo por cerca de uma hora, ou até que a abobora e a maçã desmanchem e o liquido ganhe a consistência de papa. Se seu bebê já puder comer frango, processe a carne na papa (no processador, liquidificador ou passador de vegetais), caso ele ainda não tenha sido apresentado às carnes, retire o frango e sirva.
Grão de bico com frango
1 xícara de grão de bico
100g de frango
1 colher de chá de cebola
azeite
Deixe os grãos de bico de molho por algumas horas, quando as cascas começarem a soltar, retire-as. Refogue a cebola na panela com um pouco de azeite. Acrescente o frango em pedaços e deixe dourar. Junte os grãos de bico descascados, cubra com água e deixe cozinhar em fogo baixo até amolecer. Retire do fogo e esmague. Derrame um fio de azeite extra virgem sobre a papa na hora de servir.
Cenoura e batata doce
Esta combinação esta repleta de betacaroteno, um poderoso antioxidante que da a cenoura e a batata-doce a sua coloração laranja.
4 cenouras baby
1⁄4 xícara (56 g) batata-doce descascada, cortada em cubos e cozida
3 colheres de sopa (45 mL) de água
usando o micro-ondas: Corte as cenouras ao comprido e depois na metade e coloque em uma pequena tigela de vidro junto com a batata-doce cozida e a água. Cubra e cozinhe no forno de micro-ondas por 2 minutos na potencia alta. Deixe esfriar um pouco e bata no liquidificador ou amasse com um garfo. Adicione suco de maca, leite materno ou infantil se necessário para chegar a consistência desejada.
8 Comentários
Amei seu texto, mas amei mesmo!!! Eu tb me encaixo no terceiro grupo, dou papinha industrializada de vez enquando qdo estou de saco cheio da cozinha. Amei as dicas, eu só fiquei na dúvida de como é que vc congela os legumes, vc cozinha antes???
Beijos
Tati.
Oi Tatiana, sim eu congelo tudo pronto. Fazia assim: temperava, cozinhava os legumes variados no caldo, batia no processador (depois eu só amassava com o garfo quando ela começou a comer mais pedacinhos), colocava nas formas de gelo, deixava esfriar e congelava. Uma coisa que depois eu aprendi com um culinarista que era especialista em congelados foi. Depois que colocar nas formas ou potinhos, ainda quente, eu dava um choque térmico numa bacia de água com bastante gelo, deixava menos de um minuto e depois congelava. Aparentemente essa é a melhor forma de congelar todo e qualquer alimento.
Não sei quanto tempo tem o post, mas lendo hoje me identifiquei muito, minha filha demorou a aceitar pedaços, o pediatra dela é muito tranquilo, minha filha acabou de completar 2 anos e ainda não aceita bem carne, só se for bem molinha…. é uma luta a cada refeição!
Adorei as dicas!!!!!!!! Vou segui-las!!!!!! Obrigada por compartilhar essas coisas de mãe =)
Rubia que bom! Se tiver dúvidas, nem pense duas vezes e manda uma mensagem! Beijo Camila
Os hiperlinks não funcionam…
Olá, Camila!!
Eu tenho o livro da Patrícia, ando um pouco lerda para entender as coisas…rsrsrs Vamos ver se vc pode me ajudar.
Exemplo: vou fazer o almoço com batata, cenoura e abobrinha.
Primeiro:cozinho todos eles em separado com temperos, bato e congelo em forminhas, sempre separados.
Segundo: descongelo uma cubo de cada (um batata, um cenoura e um abobrinha)
terceiro: esquento e não misturo nada, dou para minha bebê .
é isso? rsrsrsrs
Desculpe-me ser tão detalhista, mas após esquentar coloco azeite ou antes?
Grata,
beijos