Desculpem cortar o barato de vocês logo na primeira linha. Este não é um texto com dicas de sucesso de como ensinei o meu filho a comer de tudo. Esta é a história real de uma mãe que foi educada pelo filho…
(barulhinho de flashback)
Fui uma criança muito enjoada para comer. Do tipo pastel de vento e empadinha sem recheio. Do tipo superalimentação e simpatia para ver se eu engordava um pouquinho. E eu não engordava com nada, nem com os frascos de Biotônico Fontoura com ovo de pata e leite condensado que minha vó me dava. O jeito era ir para escola usando três meias para esconder a canela fina.
Por ter crescido magra numa sociedade que valoriza apenas a aparência, nunca me preocupei com a qualidade da minha comida. Para mim, dieta saudável era uma preocupação exclusiva de pessoas acima do peso. Acrescente a isso o fato de que cresci em uma geração onde a alimentação saudável não era uma bandeira. Alimentos instantâneos e industrializados foram incorporados à rotina dos lares dos anos 80 sem questionamentos. Os critérios eram a praticidade e a aceitação. Uma diferença enorme em relação ao consumo consciente que buscamos nos dias de hoje.
Só comecei a me preocupar com a minha alimentação quando eu engravidei – obviamente não por medo de engordar, mas para que meu filho se desenvolvesse forte e saudável. Precisava mudar meus hábitos: não dava mais para comer biscoito recheado todos os dias de sobremesa. Não sabia nem por onde começar, por isso procurei uma nutricionista. Para você ter uma ideia do problema que ela encarou no consultório: eu não comia nenhuma fruta até então. Nenhuma.
O único morango que eu comia era o do recheio do biscoito. Obviamente, tinha muito medo que meu filho crescesse comendo mal como eu (por mal entenda-se dias comendo somente ovo e pipoca). Sei por experiência própria que é muito mais difícil mudar depois de adulta. Descobri na prática, porém, que não é assim que acontece: decidi que meu filho vai comer bem e pronto.
A alimentação saudável não é uma resolução, não é uma ordem, é exemplo e hábito. De nada adianta eu mandar meu filho comer fruta, se eu não como fruta. Essa é a realidade, e eu não tinha opção a não ser tentar aprender a comer com ele. E é o que eu tenho feito desde então.
Nesses seis anos de maternidade já aprendi que Coca-cola não é remédio para tudo – na minha infância era assim: dor de cabeça? Toma uma Coca. Enjôo? Coca. Quebrou o pé? Mais um golinho. Meu filho nunca experimentou refrigerante (simplesmente porque nunca quis), e reclama da quantidade que eu consumo. Por causa dele, passei a não comprar mais para a nossa casa. Aprendi também a comer agrião, mesmo que não tenha sido cozido com rabada. Aprendi a comer alface fora de hambúrguer. E entendi que as crianças não precisam comer biscoito recheado todos os dias, muito menos os adultos.
Minha alimentação melhorou bastante, mas não ao ponto de servir de exemplo para alguém. Quando tento convencer meu filho a experimentar alguma coisa, repito mentalmente as mesmas frases que digo a ele para mim mesma. Ele tem se saído melhor do que eu até então, confesso envergonhadamente. 😉
8 Comentários
Tem prêmio se comer banana!
Jamais! 😉
🙂
🙂
Banana é bom
Há controvérsias, hehe
😀
Valeu, pessoal!