O que a maternidade não mudou em mim

Há tempos atrás uma amiga escreveu na sua timeline do Facebook que não entendia bem quando alguém dizia que a maternidade mudava tudo, pois ela ainda era a mesma pessoa. Li e fiquei chocada! A maternidade foi uma reviravolta tão grande na minha vida e na minha essência, que eu achava que não tinha sobrado nenhum pedacinho da pessoa que eu era antes.

Algumas mudanças foram radicais, algumas foram temporárias e outras foram muito positivas. Mais de cinco anos depois, no entanto, e eu ainda tenho dificuldades de me ajustar a determinadas situações. Sofro com a rotina que a maternidade impõe. Com o caos que se instala em momentos de desespero. Aquela sensação excruciante de que nunca mais, enquanto viver, você vai conseguir se organizar.

A maternidade é difícil queridas leitoras…

E não me identifico com quem consegue viver a vida sob lentes cor de rosa e sem, pelo menos, umas cinco pisadas de bola por dia. Meu lema é ser malabarista, empilhando pratinhos e operando no caos. No escuro, sem farol ou luz de freio.

O que a maternidade não mudou em mim

Mas existe uma coisa que a maternidade não mudou em mim. Minha individualidade, minha necessidade de silêncio e momentos de introspecção. Eu sempre fui assim. Quando criança, fugia da minha irmã mais nova que não me deixava quieta para poder ficar em paz. Eu esperava ela dormir para poder curtir meus livros, brinquedos ou mesmo só pensar. Quando casei, dormia mais tarde só pra poder continuar lendo. Eu, de quando em vez, “abandonava o barco” pra fazer qualquer coisa sozinha, gostava de viajar a trabalho, enfim…

Existe algo em mim que precisa dessa solidão para recarregar as baterias. E olha que eu não sou tímida. Aliás, pelo contrário, sou expansiva, extrovertida e com uma vida rica em familiares e amigos. Hoje, que sou separada, me assusta o quão confortável eu fico sozinha, o quanto a minha própria companhia me basta.

Mas é complicado ser mãe e desejar a solidão de vez em quando…

Todos sabemos que não existe momentos de paz na maternidade. Vicky é bastante independente e me solicita menos que outra criança da mesma idade (5 anos e meio). Mas, ainda assim, é preciso uma dose de criatividade para ser a mãe que eu desejo e ainda me permitir voltar para mim mesma.

Victoria não acorda cedo e passei a acordar duas horas antes e ter a casa só pra mim. Também passei a esperar ela dormir pra poder curtir alguns momentos de silêncio contemplativo antes de dormir. O ruim disso é que eu acho que estou dormindo pouco.

Antes eu ficava triste e aborrecida, mas agora valorizo os finais de semana que ela passa na casa do pai. Fico sozinha, ou faço meus programas de gente adulta com meus amigos. Quando estamos juntas, necessariamente não precisamos fazer as mesmas coisas. Ficamos na sala, eu lendo e ela assistindo desenho animado. Cada uma de nós curte o próprio tablet, ou eu continuo trabalhando em casa enquanto ela brinca com suas bonecas.

Confesso a vocês que não sei bem por que preciso tanto “ficar dentro da minha cabeça”, mas acho que seria muito difícil pra mim existir sem poder ser assim. De vez em quando ela reclama, se sente carente e eu faço um caminho de volta para ser mais presente naquele momento.

Para a Victoria, acho que esse traço da minha personalidade que a maternidade não sufocou, influenciou um pouco na sua própria personalidade. Além de ser bastante independente, ela já verbalizou algumas vezes a sua necessidade de ficar sozinha em um cômodo da casa, brincando, lendo e fazendo suas coisas, como se de alguma maneira minha presença inibisse ela em suas fantasias.

E por aí? Existem pedaços de vocês que permanceram intactos depois da maternidade?

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4 Comentários

  1. 5 de Fevereiro de 2016 at 15:43 — Responder

    Nossa, Camila! Vou confessar que nunca parei para pensar nisso. Mas deve haver algo que não mudou em mim nesses quase 3 anos de maternidade… Vou procurar e se achar, te aviso! 😉

  2. Ro Souza
    18 de Maio de 2016 at 22:54 — Responder

    Tenho necessidade de momentos de solidão, mas tenho uma filha de 6 anos q não deixa. A individualidade dela precisa de companhia. Ela me exige muito e mesmo tendo com quem dividir o tempo ela só me quer. Ainda espero o dia em q terei essa parte de mim de volta.

    • Camila
      19 de Maio de 2016 at 16:40 — Responder

      Luta por ela Ro. Eu abri caminho pra mim, mesmo sendo um pouco na marra. Tava ficando muito puxado pra mim não conseguir respirar. Beijo

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