Vamos deixar o pai ser pai?

Muitos (e cada vez mais) pais têm o firme propósito de ser presentes e atuantes no dia a dia do bebê. Se preparam com a mãe desde a gravidez e, depois do nascimento, colocam a mão na massa.

(Antes de ir adiante, quero deixar bem claro que não acho que eles mereçam um troféu por isso. Dividir as tarefas da casa e da criação de um filho não é nada mais que a obrigação. Mas também não é segredo que existem homens que, para se esquivar, topam até passar por incapazes. E dizer absurdos como “Não sei trocar uma fralda” – como se trocar uma fralda fosse algo muito complexo. Por isso este texto sobre e para os pais presentes.)

Só que não é raro, na correria do dia a dia, surgirem pequenos atritos entre o casal por causa da forma como o pai está conduzindo alguma função. As mães não fazem por mal, juro. Pelo que observei nos casais que me relataram esse tipo de reclamação, são “cortes” que ocorrem em situações super corriqueiras, coisas bobas mesmo. Por exemplo: quando o cara misturou o arroz com a carne em vez de colocá-los em compartimentos diferentes do pratinho. Ou começou o banho do bebê lavando-lhe os pés, e não as mãos.

E ouviu um sonoro “Faz do meu jeito, é melhor”. Ou, pior ainda, um “Deixa que eu faço”.

Vamos deixar o pai ser pai

Caminhos diferentes para tarefas iguais

É cientificamente comprovado, por estudos e mais estudos nas áreas de psicologia e neurologia, que os cérebros das mulheres e dos homens operam de formas diferentes. Mulheres têm memória e capacidade social mais fortes. Enquanto os destaques dos homens são a parte motora e a orientação espacial. Pessoas de ambos os sexos conseguem concluir qualquer tarefa, mas por caminhos diferentes.

Este é o motivo técnico para entender que não faz bem nenhum cobrar que o pai faça as coisas da mesma forma que a mãe. As outras razões são ligadas à harmonia familiar.

Ouvir uma “correção” meio sem sentido da pessoa que ama uma vez ou outra vá lá; mas quando isso fica corriqueiro, qualquer um desanima. E passa, ainda que sem querer, a ficar irritado quando está fazendo algo e essa pessoa que critica se aproxima, pois já imagina, instintivamente, que lá vem bronca. Isso nunca resulta em coisa boa no relacionamento entre o casal.

Para não acharmos que isso é hipersensibilidade masculina, vamos fazer um exercício de substituição e responder com sinceridade: que mãe gosta de ouvir pitacos infundados sobre o modo como ela lida com o filho? Até hoje, não conheci nenhuma!

+ LEIA TAMBÉM: PAI NÃO AJUDA, PAI CUIDA!

Um outro efeito colateral dessas situações é o pai simplesmente desistir das tarefas cotidianas com o filho. De tanto ouvir que não está bom como está fazendo, que tem que mudar isso ou aquilo, muitos acabam jogando a toalha – ou por acabarem acreditando que realmente não sabem fazer aquilo e não adianta mais tentar ou por pura raiva mesmo. O que é péssimo para a criação do vínculo entre o pai e o bebê.

A meu ver, o papel ideal da mãe na dinâmica em que o pai cuida da cria é mais de acompanhamento do que de intromissão. Deixar que ele faça as coisas do jeito masculino dele sem bancar a leoa (às vezes é difícil, eu sei, mas vale a pena respirar fundo e lembrar que não é só o modo feminino o válido), mas sempre disponível para dar uma mão quando perceber que a ocasião exige. Respeitar a individualidade e deixar que o bebê aproveite os benefícios de ter um pai presente.

 

Imagem destacada: Shutterstock

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1 Comment

  1. 10 de outubro de 2016 at 13:02 — Responder

    Olá Raquel,

    O seu texto diz tudo o que sempre falo para minha amigas e clientes (sou Baby Planner). Temos que dar espaço para que os pais cumpram seu papel da maneira deles. A participação do pais no desenvolvimento de uma criança é fundamental.

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